Após terem esnobados os rapazes do carro, as duas mulheres pegaram uma outra estrada repleta de altos coqueiros com diversas casas longas e suntuosas. As irmãs continuaram por aquela rua até as residências ficarem para trás e a multidão de condomínios luxuosos darem as boas-vindas. Elas estavam seguindo para o condomínio de Henrique, um antigo amigo de muitos anos atrás de ambas, quando Vivienne resolveu relembrar do último ocorrido:
- Por um momento achei que você estava flertando com eles Kitty! - dizia incrédula ao lembrar do que a irmã fez.
- Achou mesmo que eu ficaria com aqueles idiotas? - indagou com ar risonho e continuou - maninha, a quanto tempo você não me vê mesmo?
- Fora aqueles longos anos, cerca de duas horas, quando você foi lá no hotel me ajudar a descer com as malas e depois subiu de novo com um ar de derrota por subir as escadas já que o elevador enguiçou. - Vivienne alternava entre olhar para a irmã e a estrada, preferia sempre manter os olhos atentos, pois sabia que das duas, Kitty era a mais avoada.
- Eu não acredito que um hotel como aquele, pode deixar tal situação ocorrer! Enfim, o que eu fiz hoje foi a maior prova de amor já realizada pelo ser humano! - dirigia, enquanto gesticulava sem parar. Um hábito que Vivienne pensa que ela deve ter herdado dos ancestrais europeus. Duzentos e dez degraus subidos pela escada de incêndio mais monótona de todo o Brasil, Vivienne. Você deveria construir um monumento com os dizeres "melhor irmã do mundo" - enfatizou Catherine, orgulhosa de si, apontando para as bagagens no banco de trás e algumas no porta-malas.
A estrada foi calma, poucos carros haviam agora. O vento estava tão refrescante que desligaram o ar condicionado do veículo e abriram as janelas. Os altos coqueiros lado a lado nas calçadas, proporcionavam uma bela vista à sua frente, lembravam ligeiramente a famosa avenida americana, Beverly Hills. Aos poucos, um condomínio suntuoso se erguia diante delas. A entrada era maravilhosa, com um jardim bem cuidado na frente, espécimes raras do exterior exalavam sua beleza para os moradores ou visitantes do Residence La Vie. Um enorme portão branco ficava entre as duas guaritas que cuidavam separadamente da entrada e saída de veículos. Uma moça trajando um uniforme bege e uma blusa branca por dentro abriu a janela. Seus olhos eram cor de amêndoas, seu cabelo preto estava preso em um rabo de cavalo bem forte, sem nenhum fio fora do lugar. Era dona de um sorriso de lado acompanhado de uma ligeira covinha no lado esquerdo da bochecha. Dizia "boa tarde" com tamanha cordialidade. Catherine dirigiu-se para a entrada do condomínio, recebendo a guarda com o mesmo sorriso e desejando uma boa tarde, a guarda continuou dizendo:
- Senhoritas, Catherine e Vivienne Lamartine ? - ela retirou os óculos pretos para fitarem as duas garotas no veículo.
- Como sabe quem somos? - disse Catherine um pouco nervosa, tentando se explicar.- Eu só fui fichada uma vez na polícia por liderar um grupo contra testes em animais, mas desde então estou limpa, eu juro!
- Calma, calma - tranquilizou a morena que prendeu o riso com a história. - O senhor Hernandez, me avisou sobre vocês. Ficarão durante um tempo no apartamento dele. Não há com o que se preocupar. Além do mais, ele falou a placa do automóvel, só fiz verificar.
- Ufa! - suspirou Catherine descendo os ombros.
- Sabem onde se localiza o prédio dele? - indagou a guarda que ao se aproximar pode ser visto seu nome no crachá, River Rodriguez.
- Noir, B, 3001? - indagou Vivienne.
- Afirmativo, aqui está a chave do apartamento - disse ao entregar e começou a explicar o caminho. - Sigam em frente, virem a primeira à esquerda a segunda à direita e peguem a primeira de novo e vão em frente. Sejam bem-vindas, senhoritas.
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Segredos | Elliot Hells
RomanceApós passar alguns anos vivendo em Curitiba no Paraná, Vivienne Lamartine Hoffman volta para a sua terra natal. Um estado colonizado pelos antigos holandeses que mudaram seu nome de Natal para Nova Amsterdam. De volta a cidade em que nasceu fugindo...