A implacável, Valquíria Van Dahl, detetive de homicídio do departamento de polícia de Nova Amsterdã, possuía um lado mais gelado do que muitos suspeitam naquele departamento. Conhecida pelo codinome de Yami, ela havia acabado de sair da estrutura que matara um homem. Seus subordinados, ex-soldados do Afeganistão ou do Iraque, a obedeciam cegamente, deveria existir dentro daquela estrutura mais de dez homens armados, incontáveis armas e munições. Ela deixou aquele lugar para seguir de volta ao centro da cidade. Eram quase duas horas da madrugada quando Valquíria chegou no falso restaurante japonês. A estrutura a sua frente tinha um formato oriental, as pinturas em vermelho e dourado eram predominantes, a fachada estava em hiragana e abaixo dela uma leve tradução que dizia: restaurante Yoko. Algumas luminárias japonesas harmonizavam o ambiente, trazendo um pedaço daquele país distante para o Brasil. Haviam dois seguranças de terno preto, com semblantes austeros.
A detetive estacionou seu automóvel na frente do restaurante e entrou. Poucos restaurantes ficavam aberto até tão tarde, isso fornecia uma boa publicidade ao local. Era confortável estar ali, climatizado e calmo. As garçonetes, trajavam uma bela roupa tradicional do país, uma yukata. Que são feitas a partir de um tecido de algodão, normalmente amarrada ao corpo através de um obi. Muitas se juntaram e desejaram bem vinda para a morena, algo próximo ao: Irasshaimase!. Ela fez uma saudação em respeito e observou o ambiente, estava calmo, com alguns clientes ainda bebendo sake e comendo alguma comida típica.
Uma garçonete a guiou até os fundos do estabelecimento, a jovem japonesa, já havia sido informada pela responsável que aguardava a visita de uma mulher morena com um forte batom vermelho. Haviam mais dois homens armados de terno que a fitaram seriamente. Por trás da cortina de lantejoulas prateadas, Valquíria ouviu uma voz de uma mulher ao fundo que dizia:
- Venha Yami - disse a asiática de longos cabelos negros. - Faz um tempo que não a vejo por aqui.
Valquíria passou pelos dois brutamontes e pode escutar um baixo comentário entre eles, um perguntava para o outro o motivo dela ser chamada de "Yami", ele cogitava se ela tinha alguma ascendência japonesa. O outro negou, disse que Yami, não era por ela ter ascendência japonesa e sim por carregar as trevas dentro dela, ela pode ainda ouvir quando ele professou essas palavras: Aquela mulher, traz a morte aonde quer que vá. Ela se aproximou da mulher a sua frente, a fitando em pé. Da mesma forma a mulher a fitava de volta. A detetive foi rápida e direta ao informar que queria saber de uma coisa.
- Veio fazer uma visita a negócios então? - a asiática rolou os olhos e devolveu o uísque que tomava ao centro a sua frente. - Não posso falar nada Yami, estou em uma situação delicada e sem laços diplomáticos. Qualquer coisa que eu forneça a você, me deixará em maus lençóis. Se veio apenas para isso, aconselho a ir embora.
- É assim que recebe uma velha amiga? - Valquíria contornou a pequena mesa e descruzou as pernas daquela mulher e sentou-se de frente para ela, acariciando seu liso cabelo negro. Yoko, tinha os olhos claros, o que denunciava sua ascendência euroasiática, os olhos eram claros, deveriam ter sido herdados de seu pai. A pele era aveludada como era de se esperar de uma asiática. - Conte-me os detalhes da operação Fenrir - sussurrou no ouvido da outra que conduziu suas mãos até a cintura da detetive.
- Você sabe que todos morrem de medo de você, não sabe? Simplesmente você resolveu criar um grupo de paramilitares que exterminam terroristas e traficantes - Yoko informou. - Desse jeito ficará difícil manter o seu passado enterrado.
- Eu não vim aqui para saber esse tipo de informação Yoko. Diga-me o que sabe sobre a operação Fenrir.
Yoko começava a retirar o blazer da detetive e deixar no outro lado do estofado, as mãos de Valquíria estavam envolta do pescoço da outra. A asiática beijou de forma desesperada o pescoço da outra, deslizando suas mãos até o quadril, apertando com certa força. Valquíria soltou um gemido baixo, próximo do ouvido da mulher abaixo de si. Yoko começou a falar, enquanto distribuía beijos pelo corpo de Valquíria.
- A operação ainda está ganhando força, ela está sendo executada por um grupo secreto de traficante de armas que se autodenominam de os "caçadores" - disse ao desabotoar a camisa social branca da outra, revelando os seios fartos da detetive.
- Quem é o alvo? - Yoko, beijava entre os seios da outra, enquanto sua mão esquerda a pressionava contra seu corpo.
- Ainda não sabemos, mas armamentos dos maiores comerciantes de armas andam sendo saqueados por esses grupos e gerando uma algazarra no mercado de armas. Não sabemos muito, mas tudo está crescendo e ganhando forma. Pelo desenrolar da trama, acredito que estamos diante de duas potencias do mercado de armas que irão rivalizar.
Valquíria nada disse além de prestar atenção no que a outra revelava. Yoko acabara de parar tudo o que estava fazendo e virou o rosto, sabia que a técnica de sedução da outra havia sido eficaz, ela odiava esse seu lado fraco. A outra arrancou sem muito esforço informações importantes. Ela pediu para que Valquíria saísse. A outra depositou um beijo em sua têmpora e começou a fechar os botões da sua blusa.
- O pessoal que trabalha com você, sabe o quão desprezível você pode ser ou eles simplesmente caem no seu joguinho de "sou apenas uma detetive investigando casos homicidas, nada mais?" – questionou com a sobrancelha erguida.
A imagem de Sophie fora a única que invadiu sua mente, manipular os outros agentes a permanecerem naquele papel era simples e não a acrescentava em nada. Mas enganava em parte Sophie, que durante anos havia sido sempre gentil com ela. A detetive, fechou a última casa do botão e pegou seu blazer fitando friamente Yoko sem a responder, apenas dizendo:
- Já sabe o que tem que fazer!
- Sim, sim, você nunca esteve aqui, ninguém esteve aqui hoje. - Yoko se esticava para pegar seu uísque que havia deixado na pequena mesa de centro.
- Yoko, se algo vazar... eu mato você.
- É o esperado, mas se você parar para pensar, todos nós já estamos mortos - Yoko bebericou mais um gole de seu uísque e observou a outra ir embora a passos firmes, colocando o blazer por cima do ombro. - É o próprio demônio encarnado. Ah, Yami, quando irá parar com essa obsessão pelo passado? Não se pode correr atrás do invisível.
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Pessoal, confesso que quero saber a opinião de vocês quanto a essa revelação, o que vocês acham? Estão curiosos?
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Segredos | Elliot Hells
RomanceApós passar alguns anos vivendo em Curitiba no Paraná, Vivienne Lamartine Hoffman volta para a sua terra natal. Um estado colonizado pelos antigos holandeses que mudaram seu nome de Natal para Nova Amsterdam. De volta a cidade em que nasceu fugindo...