34. Vamos criar um perfil falso

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Valquíria estava na sua mesa com um computador da Apple prateado, escutava os "clac clac" dos saltos da doutora Seyfried ao longe, sabia que ela estava se aproximando. Continuava a fazer suas execuções aguardando o aproximar da doutora.

- E então? – disse Valquíria sem a olhá-la ainda, realizando alguns códigos.

- Lamento, Valquíria, apenas vim avisar que os resultados ainda não ficaram prontos, receio que teremos que esperar até no máximo dois dias. Estou fazendo uma varredura minuciosa pelas camadas, pois a primeira vista nada é detectado. – dizia Sophie sentando ao seu lado para ver o que a detetive estava realizando.

- Não tem problema, afinal, só vamos saber o que de fato foi aplicado nela. Não há digitais ou outras informações, então nosso assassino ou assassina está ainda a solta.

- Assassina, tenho informações sobre a arma do crime que encontramos na praia. Extraí DNA, embora não tenha registro no sistema, mas não é um assassino, é uma mulher. Sabe, as fibras que levantamos da arma do crime, as luvas, tivemos a questão de uma costura aberta e o exame mostrou que o suor era de uma mulher. E quanto a violência sexual que discutimos era um objeto fálico não biológico, ou seja, um console, popularmente falando. O que está fazendo? - quis saber a legista de forma curiosa.

- Excelente trabalho Doutora Seyfried, então talvez a assassina possa ser uma das pessoas com quem Jéssica saiu ontem ou a própria esposa. Eu estou com o notebook dela, fiz uma varredura nos seus históricos pesquisados e ela apaga seus registros, o que me deu certo trabalho para decodificar e restaurar seus canais de buscas. O que encontrei foi o acesso constante por mais de cinco meses ao site: "Soparaelas.com". Parece ser um site de encontros para mulheres se encontrarem com outras mulheres. As mensagens deixadas e os perfis são de certa forma codificados para proteger os usuários. – Valquíria rolou os olhos.

- Sabe... – começou Sophie lentamente. – essa foto do perfil da Jéssica Lins, lembra muito você. Vocês são parecidas, porque não vai disfarçada? Talvez essa seja nossa chance de coletar algumas digitais e DNA.

- Será cerca de muitas mulheres, Sophie - Valquíria a olhava franzindo o cenho.

- Pode ser algo clichê, mas podemos repetir as mesmas informações e escolhas da vítima e adicionar a sua foto. A atendente pareceu disposta a nos ajudar, talvez ela reconheça alguma pessoa que paquere com você. – dizia Sophie animada.

- O que a faz pensar que eu irei me passar por isso? - Valquíria cruzava os braços rente ao peito.

- É simples, você se parece mais com a vítima. Não me faça apontar o óbvio para você – sorriu. Valquíria revirou os olhos, sabia que a outra estava usando sua frase de efeito contra ela.

- Vamos criar um perfil – dizia Valquíria. – Mas vamos para a sua casa, está ficando tarde e nosso horário encerrou. Podemos concluir isso lá, tudo bem para você?

- Sim, estou de acordo. Eu só preciso pegar a minha bolsa.

- Certo, estarei esperando você lá fora.

X

Valquíria deu carona para Sophie, por estarem desde cedo juntas e a outra voltaria para a casa da legista não viam lógica de ocuparem dois carros para irem aos mesmos lugares.

Pegaram a Br 101 e viraram na rua Maurício de Nassau, aquela rua era conhecida por ser de único sentido, dava certo trabalho para quem não era acostumado a trafegar por ela, pois um único erro, custaria fazer vários retornos indesejáveis. Contudo, aquela rua para as duas mulheres era conhecida como a palma da mão. Lá existia um famoso e maravilhoso bistrô e restaurante de um velho holandês que estava desde 1890 e de lá para cá suas filhas assumiram. Conhecido por " Moeders".

Valquíria sabia que Sophie adorava a comida de lá quando tinha uma autópsia enigmática, então seguindo seu instinto, se dirigiu para lá, pegando alguns croissant, mini tortinhas red Velvet de morango com ninho de sobremesa e pasta para o jantar.

- Acho incrível sua capacidade de saber o que eu quero, além de passar todos os instrumentos corretamente na sala de autopsia antes que eu peça, você ainda sabe o que eu gostaria de comer antes mesmo que eu fale - observou Sophie.

- Os anos ao seu lado me fizeram identificar algumas manias suas, apenas não imaginava a sua preferência sexual - disse sem rodeios a detetive, entregando logo em seguida o jantar delas duas. Entrou no carro e partiram para a casa da legista.

A detetive estacionou o carro na garagem, enquanto Sophie abria a porta e levava a comida para a ilha.

Ambas decidiram tomar um banho para enfim poderem se alimentar. Sophie foi para o seu quarto no andar de cima, enquanto Valquíria tomava um banho no andar de baixo. Novamente, Valquíria praguejou por não ter passado em casa e pego uma roupa. Pensava ela como poderia ser tão profissional, mas esquecia de coisas simples das suas próprias necessidades. Ao entrar no banheiro viu, que já tinha sido tudo separado por Sophie.

Enquanto, Valquíria trabalhava no notebook da Jessica Lins, cedo no escritório, Sophie já havia comprado alguns roupas para a outra. A intensão dela era de em casos assim, ter alguma roupa extra para a morena. Valquíria a achou tremendamente eficiente, não podia negar a harmonia e sincronia que ambas tinham juntas. Gostava de trabalhar com Sophie era uma excelente mulher, pensou por fim e se dirigiu para debaixo do chuveiro.

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Como estamos indo até aqui? 

O que será que essas duas vão aprontar?

Segredos | Elliot HellsOnde histórias criam vida. Descubra agora