Vivianne deixava cair algumas lágrimas após contar aquele momento tão íntimo para a loira. A outra ao seu lado, como um instinto apenas pegou a mais baixa e mais nova para perto de si, fazendo com que ficasse entre suas penas e a abraçou tão apertado e de forma acolhedora que a ruiva não fez nada para afastá-la, muito pelo contrário, não lembrou de fazer isso e nem desejava. Ambas tinham perdido naquele dia algo ou alguém que eram importantes, apenas compartilharam de suas dores e consolaram uma a outra por longos minutos.
Talvez tinha passado cerca de trinta minutos não sabiam, mas aquela forma continuou assim, até Vivi parar de chorar e soltar-se um pouco daquele abraço que foi se tornando cada vez mais frouxo para que pudessem se olhar. A face corada da ruiva, fez Elizabeth, enxugar com seu polegar as lágrimas da outra. Sem aviso ou mesmo nada, ela depositou um beijo no topo da testa da outra como quem dissesse: "Eu sinto muito, vai ficar tudo bem!", e foi isso que foi entendido.
Elas se encararam, pela primeira vez estavam próximas uma da outra. Vivianne confiava na mulher a sua frente, embora, se fosse a irmã dela, teria receio de estar tão próxima e muito incomodada, como já ficou de outras vezes, mas estar tão próxima da Bess, era confortável, era seguro, aconchegante pela seriedade, responsabilidade, confiança que ela transmitia. Ela observou a boca carnuda da outra que a fez umedecer os lábios, a maior apenas acompanhava cada movimento. Distantes delas, podia ser ouvida uma música internacional em uma versão cover:
"tell me somethin' girl, are you happy in this modern world? Or do you need more?"
Elizabeth colocou um fio para trás da orelha da ruiva que com o vento insistia de ir para o rosto da mais nova. Ficar perto da outra Heinz provocava sentimentos ambíguos nela e de difícil compreensão. Vivienne não entendia, mas apenas queria que a outra não se afastasse. A música ia se dissipando e mais nada, apenas o som do mar eram ouvidos, ficaram se encarando, como faltassem coragem para ambas de algo mais, até um grunhido despertar daquele transe envolvente.
Vivienne foi a primeira a estreitar os olhos em expressão de dúvida e o mesmo foi seguido pela outra, observaram ao redor, e um pequeno filhote, blue merle, possivelmente border collie estava puxando a blusa de Vivienne. Ambas começaram a rir.
- Parece que quando estou com você, os animais nos perseguem. – ambas riram.
- Isso é verdade, todas às vezes algum bichinho entra em nosso caminho. Ele parece perdido. Sem coleira, sem nenhuma identificação e ainda é muito filhote. Não deve ter mais de 90 dias.
Olharam ao redor, não havia pessoas, Vivienne segurou ele no colo e ele começou a lamber a ruiva.
- Diana teria amado. – comentou a ruiva
- Ela ficou encantada pelo Joe, lembro como se fosse hoje e ele ficou encantado por ela. – As duas acariciavam aquele cachorro que ninguém sabe de onde havia surgido.- Temos que levar para uma clínica, a dra. Wei do Joe. Ela saberá o que fazer e depois vamos publicar e esperar alguém se manifestar. Ela não parece estar na rua a muito tempo, pode ter fugido, não faço ideia. Mas não há parasitas, não há sinais de estar tão suja, exceto por um monte de areia e estar molhada em alguns locais.
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Segredos | Elliot Hells
RomanceApós passar alguns anos vivendo em Curitiba no Paraná, Vivienne Lamartine Hoffman volta para a sua terra natal. Um estado colonizado pelos antigos holandeses que mudaram seu nome de Natal para Nova Amsterdam. De volta a cidade em que nasceu fugindo...