30. Um momento diferente ou só impressão?

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Elizabeth havia finalizado de contar aquela história emocionante que havia vivido a uns cinco anos atrás e compartilhou com a ruiva algo tão intimo seu. Ela continuava dirigindo e por fim falou:

- Joe foi um amigo incrível, excepcional. Embora tenha vivido por cinco anos, ele foi feliz e um herói. Dois dias depois do acontecido, soube que a menininha também não havia sobrevivido. A bala que acertou o Joe, passou por ele e acertou nela, ficando alojada, mas causando uma grande hemorragia interna. Era uma criança frágil. Os pais não foram identificados ou o nome da menina foi dito todo no jornal, eles fizeram o que podiam para isolar o caso, pois a polícia achou que os pais também eram os alvos do assassino. Assim, era uma forma de tentar protege-los. Eu lamentei pela perda dos pais, naquele dia tanto eu como aquela família perderam alguém importante para eles. - Elizabeth suspirou em pesar por aquelas memórias tão fortes para ela.

Elizabeth percebeu que Vivianne estava chorando silenciosamente de repente. Já haviam parado o carro na garagem do prédio e por reflexo, Elizabeth abraçou a garota apertado e se surpreendeu com a reciprocidade da outra. O choro que estava preso, acabou por se soltar mais. Ela acabou deixando algumas lágrimas cair também ao lembrar dos acontecimentos. Ficaram naquela forma por um tempo, até se desvincularem.

Elizabeth enxugou os olhos da mais nova com um pequeno lenço que tinha no porta luvas. Os olhos verdes possuíam as pupilas dilatadas, estavam escuros naquele momento e algo aqueceu pela primeira vez dentro de si. Ela falou baixinho:

- Está tudo bem. – secou mais algumas lágrimas.

Depois que a ruiva se acalmou elas saíram do carro. Ambas caminharam até a entrada do elevador totalmente em silêncio. Chegaram até seus respectivos andares e Elizabeth foi a primeira a colocar a chave em sua porta e a abriu. Vivienne não pode deixar de perceber que estava tudo escuro, mas pode escutar barulhos vindo de dentro e uma voz feminina xingando, não se conteve e rolou os olhos automaticamente. Parece que aquele momento diferente e único entre elas havia passado. Seja lá que momento tiveram no carro, foi apenas um momento e já passou.

Parece que a outra teria uma noite agitada e sonora como sempre, nada mudou. Elizabeth apressou-se para ficar em frente a porta e acabou fechando-a novamente.

- Bom, você está bem? foi um dia.... intenso, espero que tenha se divertido e gostado do trabalho e lamento pela história. Amanhã terá um dia de folga, não se preocupe. - disse um pouco constrangida pela primeira vez. Sentiu que bombardeou a ruiva demais.

- Estou bem sim, foi só algo... intenso, como você disse. Mas tudo bem, Boa noite. – Vivienne responde. Entrou em casa e encontrou sua irmã sentada na sala, jogando um dos jogos do H² e quatro cachorros muito bem deitados no sofá dele, incluindo o Archie. "Só pode ser a Melissa no apartamento vizinho", pensou e compreendeu o barulho do apartamento de Elizabeth. Olhou para aquela cena da irmã, respirou fundo para se reestabelecer e disse:

- Você deveria estar em casa, não? Aliás, todos deveriam. - se dirigiu para a cozinha.

- Sim, mas hoje é cuidado especial, eu passarei a noite com os pequenos, então como nossos pais odeiam que eu faça esse tipo de serviço pensei em ficar aqui com você e os pequenos. Vamos lá? Como foi o trabalho? - Colocava algumas batatas na boca e continuava jogando, enquanto os cachorros estavam esparramados.

Vivienne tirou a bolsa e depositou na bancada ali perto, seguindo em direção a geladeira para tomar um pouco de água.

- Foi bom! O estúdio faz parceria com a nossa vizinha. Ela está atuando e foi até... gentil em me explicar algumas coisas. - tomou a água.

Rapidamente Kitty deu pausa no jogo de sniper que jogara e perguntou indignada:

- Como assim??? Conte isso melhor, Enne. – percebeu que as maçãs do rosto da irmã estavam vermelhas e indagou – você está bem? - seu tom mudou para preocupado, dando uma maior atenção para a irmã caçula.

Vivienne começou a tomar água e depois começava a gesticular enquanto falava, algo que sempre fazia quando ficava nervosa. Uma ação inconsciente que desde pequena era percebida pela irmã.

- Foi gentil e sim, estou bem, Kitty, você sabe, gentil. Ela só me contou uma história do cãozinho dela que acabou falecendo e isso me deixou um pouco abalada. - seus olhos lacrimejaram novamente, mas ela tentou segurar e reter aquelas lágrimas.

- Ah, sei, nossa, ela já teve animais? Coitadinha. - Kitty estava chocada com aquela informação.

- Agora eu vou tomar um banho, o dia foi tão diferente para mim hoje. -Vivienne queria ter um momento para si, aquela história da sua vizinha a abalou de forma significativa. Seguiu em direção ao banheiro e passou um tempo ali. 

Dois dias se passaram com Vivienne trabalhando no Estúdio, as cenas que estavam sendo apresentadas não precisavam da presença de Elizabeth, dessa forma ela não viu sua vizinha por dois dias inteiros e muito menos escutou barulho no tempo que se seguiu. Mesmo assim, ainda não conseguia dormir direito, a insônia e o medo ainda rondavam-na nas madrugadas. Kitty não apareceu por lá, pois daria plantão em seu outro trabalho, teria uma noite calma ao que ela pensava. Colocou um filme para assistir naquele tempo.

8 de fevereiro de 2018


Segredos | Elliot HellsOnde histórias criam vida. Descubra agora