11. O encontro no calçadão

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Vivienne estava caminhando já fazia alguns minutos e parecia que o calçadão não terminava e muito menos Kitty aparecia. O vento estava forte contra o seu rosto, minimizando os efeitos solares. Aquela cidade fazia jus a ser tida como: "Cidade do Sol", era deveras calorosa. Mas, os ventos eram apaziguadores. Muitas pessoas passaram por ela correndo, alguns homens que estavam correndo a analisavam dos pés a cabeça, ela odiava isso, sentia-se como um pedaço de carne com duas penas, mas isso sempre a fazia encolher os ombros. Outros jogavam na areia.

Os olhares deles, pareciam assustadores, mesmo que só estivessem admirando o quanto ela era atraente - mesmo Vivienne achando, totalmente, o contrário -. Apesar de estar abaixo do seu peso ideal, Vivienne, era bonita e agora com o corte de Kitty, sentia que um pouco de sua feminilidade havia retornado ao seu corpo. Mas estava longe de ser o que já fora um dia. Sua vaidade tinha decaído muito, era notório. Mas, mesmo não se cuidando como antes, ela conseguia exalar beleza, mesmo que não pensasse isso. A mais nova das Lamartine, continuou peregrinando pelo calçadão, passando pelas pessoas no ponto de ônibus, e reparou que um casal à frente caminhava no mais riso solto, ao meio estava uma criancinha na faixa dos quatro anos de idade, com fios de ébano ao meio das costas, roupas de praia em tons rosas e detalhes ametistas, sorrindo cada vez que os pais a levantavam com intenção de diverti-la. O peito de Vivienne apertou, uma lágrima teimava em descer, mas ela a impediu antes mesmo da lágrima fazer seu percurso pelo fino rosto. Era a última coisa que podia fazer agora, chorar. Seu celular vibrou no bolso da calça jeans de tons mais escuros e ela estagnou, estava um pouco nervosa de pegá-lo. Mas tomou coragem e olhou, havia mensagens em sua caixa de entrada. Era Kitty, o conteúdo da mensagem era:

"Onde você está? Se perdeu? Venha logo ou eu irei te bater!"

Vivienne rolou os olhos e começou a digitar sua resposta, antes de terminar uma frase, mais outra mensagem chegou de Kitty: "Já estou aqui faz uns dez minutos!"

Vivienne retornou a mensagem da irmã da seguinte forma: "Você já viu o tamanho desse calçadão? Estou andando, não estou voando Kitty!".

No momento que estava prestes a guardar o celular no bolso, mais uma vez seu celular vibrou e Vivienne estava prestes a jogá-lo no meio da rua. Sua irmã conseguia tirar toda a verdadeira essência do seu ser, inclusive mostrar seu lado estressado.

Mais uma vez era Kitty: "Já estou te vendo, eu não diria que você está andando e sim desfilando.".

Kitty se aproximou com quatro cachorros, dois deles eram da raça border collie, um com pelos acastanhados com branco e o outro preto com branco, ambos, respectivamente com cinquenta e seis centímetros. Os outros dois possuíam raças distintas, um lindo e brincalhão golden retriever de pelagem caramelada e bem peluda, trajando em seu pescoço um lenço vermelho estiloso e por fim, um calmo e sereno bernese mountain. Vivienne não pode se controlar e abriu um largo sorriso, um verdadeiro e feliz sorriso que Kitty achou que não veria tão cedo. Aquela expressão estava a tanto tempo apagada, fazia tempo que não conseguia ver o lado animado da irmã. E sabia que seu plano de tirá-la do apartamento de Henrique para passear com alguns cachorros seria de boa utilidade, pois a mais nova sempre fora apaixonada por cachorros ou qualquer tipo de animal. Vivienne não se controlou e foi logo falar com todos os peludos amiguinhos de quatro patas. Esqueceu totalmente de saudar a irmã, mas faria isso depois. Kitty começou a articular com um sorriso fraternal desenhado nos lábios:

- Sabia que iria se apaixonar pelos pequenos - observava a mais nova, enquanto continuava a dizer - os border collies são os irmãos: Caster e Nero. Enquanto o garoto estiloso é o Archibald Terceiro, ganhador por três anos seguidos do torneio de cães que acontece na cidade. E o lindinho Bernese aqui é o, Guss. É mais doce do que um travesseiro de marshmallow gigante com plumas de ganso.

Segredos | Elliot HellsOnde histórias criam vida. Descubra agora