O chefe do departamento concedeu para Valquíria e a Sophie dez dias de recesso devido ao caso que elas solucionaram, o chamado "caso Jéssica Lins". Isso custou um sequestro da legista e alguns hematomas pelo corpo, nada tão grave, quanto a crise nervosa psicológica de ter sido sequestrada, retirada as roupas e quase morta. Isso foi necessário um afastamento. Embora Sophie tivesse um sangue frio, até mesmo ela sentiu um calafrio ao estar diante da quase morte.
Devido a esse ocorrido, Valquíria a tirou de casa, levando para passar essa temporada em sua residência. Decidiu que era hora da doutora aprender a arte de se defender em questões urgentes. Sophie sempre negou, dizia que estava bem, até ser pega. Dessa vez, a doutora não protestou e apenas arrumou algumas roupas para passar tempo o suficiente na casa da detetive.
A casa de Valquíria parecia mais com uma fortaleza, não era de se esperar menos de uma detetive. Os altos muros possuíam uma cerca elétrica envolvida por uma cerca de cerrar, o corajoso que conseguisse pular aquele muro de quase seis metros, teria uma trabalheira para passar das duas cercas.
A casa tinha cerca de quatro dormitórios, quatro suítes, uma área útil de 490m², possuindo espaço para três vagas de carros. A porta tinha mais de três metros de altura, feita por madeira nobre. O teto era muito alto, com luzes acopladas por todo compartimento. O piso era de madeira, e os tons das paredes variava de um branco gelo e ao final um cinza. Valquíria pouco possuía móveis, tudo o que formava logo ali naquele enorme vão, eram os ambientes da cozinha com armários brancos, exaustor, fogão, pia de mármore com dupla torneiras, sala e uma extensa biblioteca. Por trás havia uma escada que dava acesso ao primeiro andar, e este poderia ver quem estava embaixo, ali ficava os quartos, banheiros sociais, com suas banheiras.
Na casa havia um jardim com gramado, algumas árvores longas e majestosas, a piscina encontrava-se coberta, bem como a queda d'água que foi projetada para aquele local. Em uma parte afastada desse enorme vão, Valquíria fez sua sala de treinos, tanto para lutas como também para tiro ao alvo. Suas inúmeras armas ficavam em um local bem selecionado.
Foi durante esses dez dias que Valquíria começou o treinamento de defesa corpo a corpo com Sophie e também a ensinou a atirar, não queria mais ver a amiga desprevenida em situações de risco no qual ela não estivesse por perto. Isso de fato a ajudaria.
Ali estavam elas novamente, naquele espaço projetado com um tatame, ali naquele espaço de mais de 120m² estava repleto de equipamentos para a prática de modalidades de artes marciais e os aparelhos de musculação usados pela detetive.
- Você deve lembrar de manter sempre a guarda alta. – bronqueou a detetive para a loira.
- Eu lembro, só devo estar desconcentrada. – articulou Sophie.
- Lembre do que eu te disse e mantenha sempre o foco na hora de estar se defendendo. Sempre com a postura confortável para você desferir socos precisos e fortes, bem como lembre-se de desviar dos golpes do seu oponente. – Valquíria segurou a cintura de Sophie, que ruborizou, ainda ficava tímida com esses toques. Val, sussurrava na sua orelha, endireitando o corpo da menor. – isso, o ângulo de 45 graus, ótimo.
- Estou fazendo a postura direito? – indagou a legista.
- Está sim. Está alinhando direito, mãos erguidas. – Valquíria olhava novamente a posição. – Isso, a mão esquerda abaixo da bochecha e a direita no queixo. Ótimo, vamos bata no saco.
Quando finalizavam o treino corpo a corpo, Valquíria levava Sophie para o andar de baixo, a fortaleza da detetive não era brincadeira, uma sala de tiro com isolamento de qualquer acústica. Ali era seu estande de tiro particular, Van Dahl, ajeitava Sophie, colocando os óculos de proteção na mais baixa. Ensinava a atirar por tempo suficiente até que a mira de Sophie estivesse boa o suficiente para garantir a sua própria proteção. Foi uma licença a trabalho diferente, porém com um alto senso de felicidade e proximidade que ambas tiveram.
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Segredos | Elliot Hells
RomanceApós passar alguns anos vivendo em Curitiba no Paraná, Vivienne Lamartine Hoffman volta para a sua terra natal. Um estado colonizado pelos antigos holandeses que mudaram seu nome de Natal para Nova Amsterdam. De volta a cidade em que nasceu fugindo...