Após passar alguns anos vivendo em Curitiba no Paraná, Vivienne Lamartine Hoffman volta para a sua terra natal. Um estado colonizado pelos antigos holandeses que mudaram seu nome de Natal para Nova Amsterdam. De volta a cidade em que nasceu fugindo...
Mesmo a contra gosto, Vivienne saiu com a irmã para assistir uma peça de teatro, antes foram em algum restaurante e comeram uma boa pizza. Kitty dizia a cada segundo que todos os seres que viviam dentro dela, agradeciam a cada pedaço. Após o jantar, seguiram para o local do teatro e a irmã começava a contar a história dos ingressos. Segundo Catherine, havia ganho ambos ingressos em uma aposta com uma amiga do trabalho. Digamos que uma mão com um "royal flush" foi a causa da vitória.
A peça seria "A megera domada"versão moderna. Uma das muitas obras de Shakespeare já lidas pela ruiva mais nova. A fila estava enorme para receber os ingressos e já estava sendo esgotado. Era a terceira apresentação e ainda não havia diminuído o público, pelo contrário, só aumentado. Muitos queriam ver a incrível performance da escritora e atriz de peças, Elizabeth Heinz. Alguém, que era totalmente desconhecida por Vivienne e Kitty.
O teatro era majestoso, com espaço para mais de três mil e quinhentas pessoas. Com mais de três camarins de palco, quatro coletivos, dois camarotes técnicos, elevadores de serviço com capacidade de mais de treze pessoas. Dois lounge com área de convivência com copa, Tvs, sofás, mesas e cadeiras. Três vestiários grandes, e duas copas para os camarins. Na área do teatro, havia três elevadores sociais, uma sala de convenção com capacidade para cem pessoas. Um foyer principal, bar, mais de quatro sanitários masculinos, femininos e familiares, também para portadores de necessidade especiais. Não esquecendo da acústica impecável e qualidade sonora excepcional, respeitando a variação dos sons de cada tipo de espetáculo sem comprometer a clareza deles. O palco, possuí vestimenta cênica completa, dez varas de cenário motorizadas e mais de vinte e três varas de cenário contrapesadas.
Os olhos de Vivienne ficaram impressionados com todo aquele lugar, teve a certeza que a amiga de sua irmã deveria está furiosa por perder tais ingressos. Sentaram nas suas poltronas revestidas com o melhor material aveludado. Aos poucos os outros lugares foram sendo preenchidos e o ambiente lotou e conversas paralelas podiam ser ouvidas. Olhou a planilha que havia recebido com as informações de qual atores interpretariam quais personagens: Bianca Minola, seria interpretada pela atriz, Alanis Barbosa; Catarina, irmã de Bianca, pela atriz Renata Giacomelli e assim seguiu até chegar em Petrúcio que seria interpretado pela própria, Elizabeth Heinz.
- Ela fará um papel masculino? - indagou para Catherine franzindo o cenho.
- Quem? - retrucou a mais velha.
- A que todos estão comentando, Elizabeth Heinz. - Enne sussurrou para Kitty deixando mais claro do que estava falando.
- Ah, sim... ocorreu uma substituição. O rapaz ficou doente, algo assim. Foi o que algumas pessoas desse lado falaram - sussurrou a irmã.- Ela está substituindo.
Logo as luzes apagaram informando que a peça começaria. O silêncio tomou conta, Vivienne estava tão compenetrada aguardando todos os personagens entrarem, inclusive a tão falada Elizabeth Heinz. Quem seria ela? Começava a se perguntar. Quando finalmente Petrúcio entra em cena, Vivienne analisava mais a pessoa que o interpretava. Olhos tão azuis como duas pedras de quarzto azul, que deixariam o próprio céu com inveja. As pessoas estavam certas, em admirá-la, atuava com toda alma e paixão, simplesmente, encarnava o personagem. Quando todos os atos foram terminados, os atores voltaram e Petrúcio retirou a peruca e a barba postiça, revelando um abundante e liso cabelo tão claro, que era tido como branco, um tanto prateado.
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- Gostaria de agradecer em nome de toda a companhia de teatro do Pierre, a vocês, por comparecerem a mais um espetáculo. Vocês que tornam o sonho de cada um de nós possível! – todos eles juntos, em harmonia, fizeram uma reverência que demorou cerca de um minuto.
Todos aplaudiram de pé e Vivienne levantou-se também fitando a mulher de madeixas claras e pele branca como a própria neve. Ela parecia uma boneca de inverno. Podia jurar que os olhos de quarzto a fitaram. Mas como isso poderia ser verdade? Havia tantas pessoas e não estava tão próxima do palco. Apesar de estar em um dos melhores lugares.
- O que está fazendo? - repreendeu a mais nova com uma cotovelada.
- Estou falando a verdade. Foi uma peça e tanto e todas elas são incríveis e lindas, gostaria de colocá-las em uma redoma de vidro e guardá-las. Principalmente, essa Elizabeth Heinz. Ela tem aquele olhar. – falava ainda aplaudindo.
- Que olhar? - Vivienne questionou de forma ingênua, sem entender.
- Olhar de quem faz sexo gostoso com muitas mulheres. – Kitty sorriu animadamente para a irmã.
- Como você pode dizer tais coisas Kitty? Vem, - puxou a irmã pela blusa, quando finalmente as cortinas abaixaram. - Vamos! Eu quero voltar para casa agora.
Catherine se ofereceu para deixar a irmã em casa, mais ela se recusou, alegou que queria andar um pouco sozinha e não estava mais à fim de ver a luz do motor do carro da irmã piscar tanto e ameaçando de parar no meio do nada. Despediu-se da irmã na frente do teatro e começou a andar um pouco, quando nos fundos do teatro observou um casal se beijando. Começou a rolar os olhos, quando percebeu que eram duas mulheres e uma delas era a própria Elizabeth Heinz, possivelmente com uma atriz do espetáculo de hoje. Já havia escutado boatos que eram normais tais comportamentos entre pessoas da organização de teatro. Vivienne decidiu ir embora antes que fosse vista pelas duas garotas. Começou a caminhar, mas aborreceu-se e preferiu chamar um táxi.
- Para onde moça? - indagou o senhor de idade com um bigode espalhafatoso.
E então? gostaram do espetáculo? Como todos devem saber, a peça "A megera domada" é uma obra de Shakespeare. Muitas adaptações estrangeiras e nacionais já ocorreram como exemplo: O filme "Dez coisas que eu odeio em você é uma adaptação moderníssima da obra", bem como a famosa novela nacional "O cravo e a rosa". Muitos já fizeram suas diversas adaptações. Claro que como Elizabeth é fã dos clássicos, não poderia ficar de fora de uma adaptação e citar um grande marco da literatura estrangeira. Espero que tenham gostado e para quem não leu "A megera domada" vejam...