A próxima pessoa a falar foi a outra Elizabeth, Izzy.
- Como sempre a culpa foi minha. – começou a irmã, que foi observada com olhos complacentes pela outra. – Ocorreu durante a nossa infância e inicio da adolescência. Conheci uma garota, foi logo quando começamos a descobrir nosso gosto sexual. Ela era linda, atenciosa. Estudávamos na mesma sala e como pode imaginar viramos melhores amigas. – sorriu sem vontade ao lembrar.
"Eu comecei a me envolver, a sentir coisas por ela, a me conectar mais e mais, porém somos duas pessoas e nunca tínhamos namorado com alguém e não sabíamos como poderíamos levar isso adiante. Em um dia ela nos descobriu acidentalmente, fizemos a proposta, oferecemos o dinheiro e ela recusou. Ela começou a se acostumar com quem falava, pois a cada 24 horas fazemos uma nova troca, afinal é injusto deixar a outra tanto tempo em um único local, temos que "viver"".- saiu de forma irônica seu tom. Prosseguiu com sua fala:
- Levamos durante muito tempo essa situação. Começamos a universidade, planos e planos eram feitos até que ela queria crescer mais profissionalmente também, um dia ela terminou com tudo, fugiu com um aspirante diretor que estava famoso na época e nos deixou. Disse que jamais contaria nosso segredo, mas tudo o que temos é uma promessa. Bom, que a gente supõe que nunca contou. Não sabemos dela, a menos que é dona de uma das maiores indústrias internacionais de teatro e cinema, basta procurar na internet, mas... é doloroso demais para ver.
- Por isso, você tem esse apetite sexual? Por um fora? – Vivienne não sabia o que estava dizendo.
- Ah, lamento se tenho uma vida sexualmente ativa, senhorita "eu não faço sexo"– disse Victoria.
- Mas que boca você tem! Sua súcubo – rebateu Vivienne
Bess suspirou passando a mão pelo rosto e pediu para Victória descer para tomar um banho. Ela foi a contra gosto descendo a passos firmes as escadas. Um silêncio reinou durante um tempo.
- Victoria amou aquela mulher, mesmo ela não merecendo. Foi a primeira namorada dela, bom... "nossa" primeira namorada. Embora, ela que tenha se envolvido sexualmente e amorosamente falando. Durou realmente muito tempo e era intenso demais para ela, ela dedicou cada momento para fazer aquela pessoa feliz. Eu nunca mais a vi daquela forma. A senhorita Lamartine, pediu para contar a história e assim fizemos. Todavia, ofendeu minha irmã, e não é algo que estávamos planejando. Por favor, assine o contrato e saía.
- Ela me ofendeu de volta! - quis justificar a ruiva.
- O que Victoria fez foi responder ao seu insulto de forma equivalente, sem mencionar que fez isso novamente. Incomoda-se tanto com a vida dos outros, senhorita Lamartine?
- Do que está falando? Não é isso... q...
- Como disse, assine e saía. – repetiu Bess enfaticamente.
Vivienne estava chocada e perdida, não sabia o que dizer naquele exato momento e não queria ofender a ninguém também. Estava cansada, metida em um contrato do qual não queria em uma situação que não queria e também não foi de seu ímpeto ofender. Contudo, ela não conseguia olhar para aquelas mulheres sem assim dirigir a palavra. Assinou sem pensar muito no acordo. Olhou uma última vez para a expressão da que se chamava Bess e que não a olhou nos olhos de volta e saiu descendo as escadas. Esbarrou com a outra irmã logo abaixo, ao mesmo tempo que se assustou disse:
- Não quis ofender... desculpe. – E saiu rapidamente porta a fora.
Victoria no andar de baixo fitava para sua irmã no andar de cima com uma sobrancelha arqueada como quem indagava "o que disse para ela?!", Bess nada mencionou apenas deu de ombros. Enquanto isso, Vivienne dirigia-se para o apartamento de Henrique, fechando a porta atrás de si.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Segredos | Elliot Hells
RomansaApós passar alguns anos vivendo em Curitiba no Paraná, Vivienne Lamartine Hoffman volta para a sua terra natal. Um estado colonizado pelos antigos holandeses que mudaram seu nome de Natal para Nova Amsterdam. De volta a cidade em que nasceu fugindo...