As filhas da lua brilhavam alto com todo o seu esplendor, o céu negro límpido trazia uma brisa refrescante do mês de dezembro. Não estava tão abafado como era de costume. Apesar de que no nordeste do Brasil possuírem temperaturas altas, naquela noite em especial, aproximava-se dos 18º graus. Para uma região, no qual o sol reinava em seu absoluto poder, 18º graus era como abrir a porta do Alasca para dar as boas vindas ao inverno. O plenilúnio estava alto, compartilhando seu brilho esbranquiçado ao lado das constelações de orion e não muito distante dali, seguia a ursa maior. Raramente, uma nano nuvem tentava se meter no cenário limpo. Valquíria podia sentir aquela ótima brisa pela janela aberta do seu carro. Já era hora de uma variação climática pensava ela. Só havia uma vantagem naquela cidade, os ventos.
Apesar de todo o calor, o vento podia apaziguar. Ela sabia que seu corpo estava cansado e pedia por um pouco de descanso, ao menos duas horas seriam o suficiente. Mas ela não podia se dar ao luxo de descansar, havia muito trabalho pela frente. Estava seguindo para a zona mais afastada da cidade, havia pego uma rota alternativa, o qual casas e edifícios eram deixadas para trás, dando lugar a árvores majestosas. A estrada começava a ficar de terra batida, provocando um leve chacoalhar no seu carro. Era uma zona de comunidades carentes, as quais as "casas" eram produzidas de uma forma quase que artesanal. Não entendia como tal estrutura tão frágil poderia durar em uma chuva demasiadamente forte. Nesse momento, todos daquela comunidade deveriam estar repousando, pois as poucas casas que haviam, estavam fechadas. A única coisa que iluminava o caminho eram os faróis de seu carro.
Valquíria fez uma curva fechada para a direita e a estrada começara a ficar mais estreita, a ponto de ser possível a circulação de um único carro. Ao se afastar cada vez mais daquela mini comunidade, cerca de aproximadamente trinta quilômetros, uma estrutura, que aparentava ser abandonada se erguia.
Aos poucos era possível ver a guarita e a cerca elétrica sob o portão de ferro negro. Os homens que ali se encontravam vestidos de negro e armados com rifles e pistolas 9mm em outro compartimento das vestes reconheciam aquele carro e rapidamente a deixaram entrar. Aos poucos que ela se aproximava era possível ver uma vigia, no qual um guarda fazia sua ronda.
A detetive estacionou ao lado de um caminhão militar e saiu. Foi recebida por uma continência de um daqueles homens e retornou com aceno serene. Perguntou para aquele rapaz, que estava armado e com colete aprova de balas, onde se encontrava os outros. Ele respondeu que estavam na sala de interrogatórios. Ela atravessou a porta e começou a descer as escadas e passar por um longo corredor com iluminação deficiente. Podia ouvir a cada passo dado os gritos estridentes de alguns homens. Suas botas com pouco salto, ecoavam e eles podiam saber que ela se aproxima, de forma feroz. Seguia para a última sala iluminada. Era uma luz amarelada de péssima qualidade, mas ressaltava o ambiente sinistro que ali se fazia. Ao chão, de joelhos, estava um homem amarrado com as mãos para trás e vendado. Estava surrado e ferido. Naquela sala, haviam dois homens, corpulentos e fortes, trajando o mesmo uniforme de cor azul marinho e uma calça cinza camuflada com botas de combate. Seus codinomes eram: O Cobra e Alvo.
- Yami, você chegou. Achamos que não apareceria mais hoje - disse Alvo.
- Como estamos indo? – indagou Valquíria, ao ser chamada pelo seu codinome.
- Ele não quer falar - continuou Cobra com seu tom de irritação.
- Deixem-me à sós com ele - concluiu Valquíria ao puxar uma cadeira e colocá-la perto do prisioneiro.
- Mas Yami...
- Podem ir... eu assumo agora - ela disse de forma cortante ao interrompê-los. Eles nada questionaram e saíram ao fechar a porta de ferro.
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Segredos | Elliot Hells
RomantikApós passar alguns anos vivendo em Curitiba no Paraná, Vivienne Lamartine Hoffman volta para a sua terra natal. Um estado colonizado pelos antigos holandeses que mudaram seu nome de Natal para Nova Amsterdam. De volta a cidade em que nasceu fugindo...