Juliana
Chegamos em casa e assim que eu desço da moto, Ryan fica segurando minha mão por um bom tempo.
- O que foi?.- pergunto com um sorriso olhando para ele.
- Posso te perguntar um bagulho?.- ele diz e eu balanço a cabeça.- tu moraria em outro lugar se tivesse condições?.- ele pergunta e eu encaro surpresa.
Não esperava uma pergunta dessas.
- Talvez sim, se eu tivesse a oportunidade. Ia ser bom começar do 0 e deixar muita coisa pra traz.- eu falo e ele assente.
- Jae, qual quer coisa aciona.- Ryan fala ligando a moto e saindo voado.
Eu entro em casa e encontro Vanessa jogada no sofá. A barriga dela está enorme, e já descobrimos que vai ser um menino.
- Como está o preguiçoso da dinda?.- chego fazendo voszinha de criança e ela me encara.
- Safada, você não quer mais saber de outra vida né, nem guindaste te tira de cima dele mais.- ela fala me encarando rindo e eu faço careta.
- A senhora está muito enganada, nós não transamos ainda.- eu falo e ela tira a colher da boca, e se endireita no sofá.
- Não acredito, o que você está esperando pra sentar naquela carinha bonita?.- ela pergunta me olhando, como se eu fosse a pessoa mais esquisita do mundo.
- Não é assim que as coisas funcionam Vanessa, me machuque muito com homens, quero ir de vagar dessa vez.- eu falo pegando um pouco do sorvete dela.
- Aí falou a virgem Maria. Madre Tereza de Calcutá, tudo seu é romance, pensa um pouco em você, curte a vida Ju, você perde muito o tempo se martirizando, bora viver minha filha, as vezes você não é feliz por culpa sua mesmo.- ela fala e eu suspiro fundo.
- Eu vou é dormi, porque amanhã eu trabalho.- eu falo dando um beijo na testa dela, e subo pro quarto.
...
Bruninho
Nem sei explicar como foi esses último meses. Parceiro, eu estou apenas sobrevivendo a essa loucura que eu chamo de vida, papo reto.
Pra esquecer uma burrada, eu me entreguei pro trabalho, cai de cabeça e tô ficando até paranóico. Vou poucas vezes em casa, e fico horas e horas dentro da boca tramando estratégias para a p0rra toda.
O filho da puta do irmão da Rayane parece até quiabo, ele tá sempre escorregando das conversas, tento tirar alguma informação dele mas tá foda. Mas eu ainda não terminei com ele. Não pude entrar no assunto ainda do tal Doguinha, porque o Oscar já tem um plano pra isso.
Só que o quê eu queria mermo, era da um tiro na testa daquele filho da puta comédia do caralho, ainda mais depois que eu descobri o lance dele com a Juliana, a vontade de matar ele só aumentou. Mas se eu fizer isso, eu f0do com tudo, tanto com os nossos planos, quanto um dia voltar a ter alguma coisa com a Juliana outra vez.
- Fala comigo.- atendo meu celular assim que ele começa a tocar no meu bolso.
- Como você está Bruno?.- Manuelly pergunta do outro lado da ligação.
- Tô legal filha.- respondo ela fumando um Beck.
Eu já tive melhor, mas também já tive pior, então tô suave.
- Como está as coisas com a Rayane?.- ela me pergunta e eu sento na cadeira.
- Ah, tá indo pô, nós parece mais dois desconhecido do que casal, mas tô suave também, fico na minha, faço as coisas pra ela, não do motivo pra ela se estressar, e é só isso.- respondo conformado com a situação de merda que eu tenho vivido.
- Ela já deve está com uma barriguinha grande né?.- ela diz e eu coço a cabeça.
- Sei lá minha irmã, ela só vive com roupa larga, falou que tá com vergonha do corpo. Mas ela come pra caralho, tá comendo nem por dois, é por três.- eu falo e ela começa a rir.
Nesse mermo momento, os fogos são lançados aos céus.
Caralho, invasão!
É a primeira invasão desde que eu assumi o morro.
- O que é isso Bruno?.- Manuelly pergunta preocupada do outro lado.
- Não é nada, vou ir lá resolver.- eu falo me preparando pra ir pra guerra.
Desligo a ligação escutando ela falar alguma coisa que eu não consigo entender, e começo a pegar os armamentos.
E ligo pra Rayane, mas ela não atende.
- Quero uma tropa protegendo o meu filho em caralh0.- eu grito no radinho.
Coloco as peça no corpo e depois saio da boca. Chego na entrada e já está geral se posicionando.
- Coe neguin, quem é?.- pergunto pro 2D, que está pesadão já todo preparado, até de escopeta.
- Menor, é os cara do jacaré, ele subiram nervoso, e querem passar de qualquer jeito.- ele responde e eu já fico com sangue nos olho.
- Aí, vamos pra cima, sem pena desses cuzão.- eu falo no radinho prós meus saldados.
Faço toque com meus cria e vamos geral pra suas posições.
...
Juliana
Meu celular vibra com uma mensagem, quando estou tomando café da manhã.
Número desconhecido.
- Me encontra na padaria da 29, agora!
Fico encarando o celular pensando se vou ou não vou.
Quem será?
Será que é o Bruno?
Acho que não, ele podia simplesmente me ligar do seu número, ou vim aqui em casa. Ryan também não é, por quê ele cismou em me tirar do morro hoje, e me fez prometer que só sairia se fosse com ele.
Então quem é?
A curiosidade está me matando.
Será que é meu pai?
Essa possibilidade fez meu coração disparar e eu fico entusiasmada.
Eu nunca vou saber se eu continuar aqui dentro.
Subo pro quarto correndo, e troco de roupa na velocidade da luz. Desço as escadas e a Vanessa está sentada na mesa.
- Vai tirar o pai da forca?.- ela pergunta mastigando e eu não dou muita ideia.
- Já volto.- dou um beijo na testa dela e saio de casa.
...
Fico sentada na mesa da padaria, esperando alguém aparecer e até agora nada.
Acho que eu vim rápido de mais.
Peço um suco e fico olhando as horas o tempo todo no relógio.
Aí, essa agonia vai me matar.
Olho para fora da padaria e vejo uma movimentação estranha dos meninos que passa por lá.
- Ei moça.- a atendente me chama, e eu olho para ela.- acho melhor você ir pra casa.- ela diz pegando um ferro grande, e colocando ele na porta.
Não acredito, não agora!
Do nada os fogos são lançados no céu, e meu coração acelera.
Merda, eu já estava me acostumando com o morro pacífico, sem confronto.
Preciso chegar em casa logo, antes que os tiros comessem.
Saio da padaria com o cu na mão, e começo a correr sentido minha casa. Mas no meio do caminho, já começo a ouvir os tiros.
Fudeu, preciso me esconder.
Olho para o lado e pro outro e atravesso o beco que me faz corta caminho. Mas no final dele, eu bato de frente com um homem armado, que eu nunca vi na vida.
- Achei ela chefe.- ele fala e eu automaticamente me viro pra correr dele.
Porém, ele me puxa pelos cabelos, e me agarra por trás com força.
- Me solta seu monte de merda.- começo a me debater tentando me soltar e ele coloca a mão na minha boca.
- Vamos dá uma voltinha gatinha.- fala e me arrasta para o final do beco.
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A Minha Vez🍃
RomanceContinuação de FAVELADOS. Ele contará a história do Bruninho, que ficará de frente do morro que era de Naldinho. Com a nova responsabilidade de ser um dono de morro, ele acaba tendo que lidar com uma vida totalmente diferente, obstáculos e inimigos...
