Desprevinida

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  Juliana
 
 
  Depois de nós recuperarmos de um sexo avassalador, eu procuro um vestidinho branco que eu trouxe, e vou para o banho com o Bruno. É claro que ele não consegue ficar longe de mim nenhum segundo se quer, e não demorou muito pra estarmos namorando no chuveiro novamente.
 
  Bruno é o primeiro a voltar pra festa, já que eu tive que me arrumar tudo de novo. Olho para o presente que o Ryan me deu no meu aniversário, que está na cômoda do meu lado da cama.
 
  O Bruno trouxe a minha arma.
 
  Ele sabe o quanto o Ryan é importante para mim, e mesmo com todo o ciúmes que ele sente, ele não me proíbe de ter nenhum contato com ele, e isso me faz ama-lo ainda mais.
 
  Me lembro de como Camila estava estranha hoje, ela parecia nervosa, e disse que realmente tinha algo para dizer. Preciso conversar com ela, quero que ela saiba que meus sentimentos pelo Ryan não atrapalha em nada o meu e nem o relacionamento dela, que agora, nós somos como irmãos, e se for isso que a incomoda tanto, quero que ela não se preocupe com isso.
 
  Termino de me arrumar, e desço para a pista novamente. Todos estão bastante animados ainda. Os meninos se balança, fumam, bebem, e ri de alguma coisa perto da onde fica as bebidas.
 
  Já as meninas, estão no meio da pista dançando, até a Manu com o barrigão dela está dançando também.
 
  Fico lembrando de tudo que a gente passo pra estarmos aqui felizes. Nossa vida é oito ou oitenta, ou estamos muito felizes, ou estamos muito triste.
 
  Não tem como ser diferente, nós estamos correndo risco frequente, podemos estar todos reunidos em um dia, e no outro, pode ser um dia de luto, e nunca sabemos quando uma tragédia pode acontecer, por isso preferimos estar juntos sempre que podemos, e quando isso acontece, nós divertimos pra valer.
 
  Já chego na pista de dança dançando juntos com as meninas, e elas animadas, vem dançando e sorrindo pro meu lado.
 
  As crianças parecem pinto* no lixo, e eu fico feliz de todas se darem super bem. Fico pensando quando elas crescem, seremos como uma grande família, e elas teriam uns aos outros como primos e irmãos.
 
  Vejo Camila sumir por uma das portas da mansão sozinha, e vou a trás dela. Eu não tive tempo para fazer um tuor pela propriedade, então não estou familiarizada com nada aqui ainda, e não sei para onde a porta que ela entro vai levá-la.
 
  Ao abrir a porta, vejo que é um banheiro enorme, com um espaço com espelhos desde o teto, ao chão. Uma virandinha, e as portas onde fica o sanitários aparecem.
 
  Escuto um barulho de alguém vomitando, e fico preocupada.
 
  - Camila?.- a chamo, e ela ainda vomita.- Camila, você está bem?.- bato na porta.
 
  - Sim, já vou sair.- ela responde com a voz meia presa na garganta, enquanto cospe algumas vezes.
 
  Escuto o barulho da descarga, e me afasto da porta sabendo que ela irá empurra-la para sair. Ela vai direto pra pia lavar a boca, e eu fico a observando.
 
  Ela parece um pouco constrangida, e endireita sua aparência, antes de virar para me encarar.
 
  - Vamos conversar.- ela diz.
 
  ...
 
  Camila me levou para o jardim da mansão, é a coisa mais linda. Muitas rosas, e flores coloridas. Nós subimos uma escadaria, que faz com que o mar aparece diante dos nossos olhos, e eu fico encantada.
 
  Uau, eu não fazia ideia da paisagem que essa casa nos daria. Acho que quero vir aqui com Bruno antes de voltarmos para casa.
 
  - Então Ju, eu não tive coragem de contar isso para ninguém.- ela diz de cabeça baixa.
 
  - Olha, eu sei que não temos um nível muito grande de intimidade, mas eu tenho você como uma pessoa da minha família, e querendo ou não, agora somos. Quero que fique a vontade comigo, saiba que se precisar guarda segredo do Bruno ou do Ryan eu vou fazer isso, não se preocupe.- tento passar confiança para ela, e ela suspira.
 
  - Eu estou grávida.- ela diz, olhando para mim com tristeza.
 
  Nossa, essa notícia conseguiu me chocar.
 
  - Uau, você me pegou desprevenida.- digo ainda sem conseguir raciocinar.
 
  - Eu sei, eu também estou em nervos, não sei o que fazer. Não contei para ele ainda, e nem sei se vou contar. Estava decidida a tirar a criança, mas não tenho coragem de fazer isso.- ela esconde o rosto nas mãos.
 
  Mesmo com o meu choque com a notícia, tento entender que para ela dever ser ainda mais assustador.
 
  - Camila, acho que você deveria contar pra ele. O corpo é seu, e você faz dele o que bem entender, mas ele tem o direito de saber, mesmo que você decidir interromper a gravidez.- eu digo a ela, e ela me olha com lágrimas nos olhos.- mas, acho que o que você está sentindo mesmo é medo, queria entender o que te assusta tanto, e tentar te ajudar com isso.- seguro nas mãos dela, e ela suspira.
 
  - Meu medo é ele não gostar de mim o suficiente, e me rejeitar.- ela engole.- eu sei que ele ama você Ju, eu sempre soube, mas eu esperava ter tempo para conquistar ele de verdade. Tenho medo dele pensar que eu fiz de propósito, pra de alguma forma prender ele.- ela confessa.
 
  Eu passo a mão no rosto, tentando usar as palavras certas para fazer com que ela entenda o que eu quero dizer.
 
  - Eu entendo o seu pensamento, eu sei como é isso, sentir que não é o suficiente para a pessoa que você ama. Mas eu posso te dizer com todas as letras, que nem tudo que a gente imagina é o que verdadeiramente é.- eu sorrio.- eu passei muito tempo da minha história com o seu irmão pensando no que poderia acontecer, tive medo dos meus sentimentos, tive medo da rejeição, tive medo de não ser o bastante, medo de ser só a segunda opção, mas olha onde eu estou agora.- apontei ao redor.- hoje é o dia mais feliz da minha vida. É claro que vivemos dias muito, muito difíceis pra chegar até aqui, porém conseguimos passar por tudo isso. Você precisa dá uma chance para vocês, a confiança se conquista aos poucos, e as vezes, a gente precisa passar por coisas difíceis para sairmos ainda mais forte.- eu digo, e vejo ela fungar.
 
  - Eu gosto tanto dele.- ela chora, e eu a abraço.
 
  - Eu sei, eu vejo isso em seus olhos, e posso dizer que ele também gosta muito de você. Você só precisa acreditar em você, nem todos os sentimentos são iguais, apenas vive um dia após o outro, e permita ser feliz. Pense em vocês, e não deixe que nada de fora seja capaz de destruir o que vocês construírem juntos.- eu a aconselho.
 
  Nós ficamos abraçadas um bom tempo, e depois ela se afasta limpando o rosto, e vejo que ela agora está bem mais tranquila.
 
  - Obrigada, eu estava apavorada.- ela confessa, e eu sorrio.
 
  - Eu sei, e não te julgo por isso. Com os hormônios da gravidez e tudo acontecendo tão rápido, seria impossível que você não ficasse. Mas te garanto que tudo vai ficar bem, e você pode contar comigo sempre que precisar, vou está aqui pra tudo.- seguro suas mãos, e vejo ela sorri.
 
  - Obrigada.- ela pede mais uma vez.
 
  - Não tem de quer.- sorrio para ela.
 
  ...
 
  - Estava procurando você.- diz Bruno me abraçando, e começamos a dançar juntos na pista de dança.
 
  - Estou bem aqui.- sorrio.
 
  - Caralho* na moral, tu é a mulher da minha vida, papo reto.- os olhinhos dele pequeno e vermelho me fazem sorrir.
 
  - Eu sei.- me gabo, e ele joga a cabeça pra trás gargalhando.
 
  - Tu sabe que me tem na mão né mandada?. ele diz brincalhão.
 
  - Claro, você não resiste ao meu charme.- mordo os lábios, e vejo a boca dele sorrir com desejo.
 
  - Me provoca mermo, que eu não deixo tu dormi essa noite.- ele ameaça.
 
  - Eu estou contando com isso.- digo, e ele me gira no colo do nada, e eu solto uma gargalhada, jogando a cabeça pra trás.
 
 
 

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