Os bota

104 2 0
                                        

Ju


Acordo com Bruno beijando meu rosto, e alisando meus cabelos.

- Nega?.- ele chama baixinho, e eu abro um olho só pra olhar pra ele.- bom dia.- ele fala assim que percebe que eu acordei.

- Bom dia?.- olho para a janela e ainda está escuro.- que horas são isso?.- enrugo a testa e olho para ele melhor.

- Vai ter operação hoje, pensei que tu ia querer participar.- ele fala calmamente, e eu dou um pulo pra sentar na cama.

- O que? Que horas?.- pergunto piscando os olhos.

- X9 falou que vai ser 7h, quando nos troca o turno.- ele explica.- sei como tu é teimosa, e se eu não te levar comigo, tu vai sair pra tocar tiro de qualquer jeito, prefiro que seja do meu lado.- ele diz, e eu sorrio.

- Tá bom, mais eu quero um fuzil.- aviso, e ele levanta as sobrancelhas.

- Fuzil? Tu já pegou minha arma, ainda quer um fuzil?.- ele fala rindo, e eu arqueio uma sobrancelha e dou um sorrisinho de canto.

- Meu vulgo é perigosa, não é bagunça. Acha que vou trocar tiro só com uma pistola?.- sorrio debochada, sabendo que ele não vai gostar, e ele me encara sério.

- Só uma pistola? Isso aí é uma Airsoft 22 milímetro com silenciador. Tá de sacanagem?.- cruza os braços, e eu me jogo nos braços dele beijando sua boca.
...

Chegamos na boca, e os meninos estão todos reunidos na porta, e uma gritaria vem lá de dentro.

- Tá pensando que essa porra é bagunça caralho?.- a voz do Dudu sai lá de dentro feito um trovão.

- Caralho.- Bruno reclama escutando os gritos enquanto eu desço da moto.

- Aí patrão, 2D tá lá na salinha da maconha, já chegou metendo o pé na porta.- um dos vapor fala pro Bruno.

- O que tá acontecendo Bruno?.- pergunto encarando ele.

- Fiquei muito tempo fora, tenho que bota ordem nessa porra, e 2D tá tentando fazer isso, esquenta não.- ele fala segurando minha mão, me levando pra dentro da boca.- você quer ir pra minha sala enquanto eu resolvo essa porra?.- ele pergunta, e eu balanço a cabeça.

- Não, eu quero ver o que tá acontecendo.- falo pra ele, e ele concorda seguindo seu caminho, e eu vou logo atrás.

Quando chegamos na porta da sala da maconha, os gritos do Dudu é mais alto, e parece que tem só ele na sala. Bruno abre a porta, e quando ele entrar na sala, uma fumaça sai lá de dentro e logo depois eu consigo ver o por que dessa confusão toda.
A sala está totalmente revirada, bagunçada e fedorenta, fumaça de maconha pra todos os lados, e os cara com os olhos pequenos olhando com cara de desespero para o Bruno, e o Dudu puto da vida com a arma na mão.

- Qual foi?.- Bruno pergunta calmamente, caminhando até onde está o pessoal.- que porra é essa aqui? Tá virando Cracolândia esse caralho?.- Bruno aumenta o tom de voz.

- Esses filhos da puta tá achando que nós é viado, só pode.- Dudu fala olhando por Bruno, e depois olha pra eles de volta.

- Quem vai me explicar que caralho é esse aqui?.- Bruno pergunta quase gritando.

- Chefe, pode fica tranquilo que nós vai arrumar.- um dos cara fala, e a cara do Bruno se transforma.

- É claro que vão limpar essa porra, porque se não limpar eu vou fazer limpar com a língua seu filho da puta, vocês vão fica 3 meses sem salário pra pagar tudo que vocês usou aqui, e se faltar trabalho vai perder um dedo por cada dia.- Bruno fala dentro da cara deles, e eles arregala os olhos.- tá pensando que esse porra é bagunça? Tá pensando que aqui é a moda caralho?.- ele cruza os braços.

- Jae chefe.- um dos cara fala, e o Bruno agarra no pescoço dele com uma mão só, e aperta forte.

- Seu filho da puta, quando eu falar tu abaixa a cabeça porra.- ele fica puto pelo cara responder ele, mas logo depois o larga.- vou voltar aqui depois da operação, quero essa porra como eu deixei, e vocês não são maluco de não tá quando eu voltar aqui.- ele ameaça, e depois sai da sala.

Eu calada estava, calada fiquei. Bruno vai andando pra salinha, Dudu da um beijo na minha cabeça, e depois vamos andando atrás do Bruno.

- Mano, tu ficou muito tempo afastado, eu tento, mas não do conta dessa porra toda sozinho não caralho, bora trabalhar porra.- Dudu fala sentando na cadeira do meu lado.

- Voltei caralho, aquieta o cu.- Bruno fala balançando na cadeira de balanço.- os olheiro já tão na laje?.- ele pergunta.

- Já tá geral em posição. Nós só vai trocar tiro se eles passar da 12. Fora isso, nos não precisa entra em guerra com os bota.- Dudu explica e o Bruno concorda.- poderosa também vai entra?.- ele pergunta.

- Tô aqui pra isso.- eu falo sorrindo pra ele, e ele ri de volta.

- Sabia que tu era da guerra.- Dudu diz rindo.- vou guiar, tô lá na rua 20, quem passar leva chumbo.- ele fala.

- É só pão com mortadela que vai subir, ou os caveira também vem?.- Bruno pergunta.

- Só PM pacificadora.- responde o Dudu.

- Jae, bala só pra quem passar da 12. Avisa os cria.- Bruno fala antes do Dudu sair.

Eu respiro fundo, e olho em volta da sala. Lembro quando cheguei aqui a primeira vez.

Nossa como eu estava assustada, e desesperada para ajudar o meu pai.

Que saudades dele, queria saber se ele está vivo, se está bem.

- Qual foi nega?.- Bruno me encara.

- Não é nada.- respondo engolindo as lágrimas.

- Se tu não quiser troca...- começa ele com a ladainha.

- Bruno, eu estou bem, não se preocupa.- falo pra ele.

- Chega aí.- ele estica os braços, e eu seguro na mão dele. Ele me puxa pro seu colo, e eu agarro em seu pescoço.- eu te amo neguinha.- ele declara todo meloso, e eu beijo a boca dele.

- Também te amo.- confesso pra ele.

A Minha Vez🍃 Onde histórias criam vida. Descubra agora