Matando a Saudades

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Juliana

- Bora ali.- o Caio me chama quando eu apareço no portão de casa.

Estava esperando ele para me dá o presidente de casamento que ele enrolou todo esse tempo para me dá. Ele faz gesto com a cabeça pra eu subir na minha moto, e vou atrás dele pra saída do morro.

Pra onde esse garoto tá me levando?

Que presente é esse que tem que sair do morro pra ganhar?

Vamos apostando corrida o caminho todo, brincando, e é claro que não tão rápido como eu queria, ele m0rre de medo de eu fazer alguma m3rda.

E enfim, chegamos no local.

É como uma casa, pequena, e aconchegante. Um pouco distante da estrada. Tipo um chalé.

- O que é isso?.- pergunto sem entender nada.

- Chega aí.- ele fala descendo da moto, e eu vou atrás dele.

O lugar dá um pouco de medo*, e meu coração da uma disparada com a antecipação.

- Caio.- puxo a blusa dele, e ele me encara sorrindo.

- Relaxa irmã tu não é a perigosa?.- ele fala sorrindo, e abre a porta da casa.- O de casa.- Caio grita assim que entra no lugar, e eu fico encarando cada canto.

É uma casinha bem bonita, e arrumada.

- Quem mora aqui?.- sussuro pra ele, e ele só me encara rindo.

Um barulho de passos na escada, me faz virar o rosto, e olhar na direção da pessoa.

Meu coração dá um salto, e eu fico completamente sem ar.

- Pai.- minha voz sai em um suspiro e eu fico paralisada encarando ele de longe.

Meu pai parece muito mais saudável, e disposto. Ele tem um semblante feliz, e eu fico com os olhos cheios de lágrimas.

- Filha.- ele diz, e me arrepio toda só de ouvir sua voz.

Eu solto o soluço rouco da minha garganta, e as lágrimas rolam livres.

Não perco mais tempo, e saio correndo na direção dele pra mata* as saudade.

Eu praticamente pulo nos braços do meu pai, e ele tem que até se escorar na parede, e depois começa a rir.

- Oi minha menina.- ele segura no meu rosto, e eu fico fungando, olhando pra ele sem acreditar.

- Você tá bem?.- eu pergunto quase sem voz.

- Agora eu estou.- ele diz me abraçando mais um pouco, também chorando.

- Vou dá um chega ali.- Caio fala, e depois sai da casa.

- O que aconteceu?.- pergunto limpando o meu rosto, e ele me arrasta pro sofá.

Meu pai me conta, que no dia em que ele foi embora do morro, ele se internou em uma clínica de reabilitação com o dinheiro que o Caio deu a ele.

Caio descobriu, e continuou pagando as mensalidades, sem ele saber, e sem contar pra ninguém.

Esse garoto me surpreende todos os dias, ele é o irmão que eu não tive, e faz o papel de irmão mais velho melhor que muitos por aí.

Meu pai contou que teve alta a um mês, mais queria ter a certeza de que estava curado do vício, antes de me procurar.

E então, o Caio compro essa casinha, e ajudou ele com tudo. E quando acharam que ele já estava pronto, resolveu me trazer aqui.

Eu não sei nem o que dizer, como eu estou feliz, como eu me sinto feliz nesse momento.

Graças a Deus ele tá aqui, meu pai, vivo e curado daquele vício maldit0.

Eu quase não consigo acreditar, o meu pai, de volta pra mim.

Nem sei como agradecer ao Caio por tudo, ele fez todo o que eu queria ter feito, mais nunca tive condições.

- Eu te amo pai.- falo abraçando ele mais um pouco. Eu não quero largar, nunca mais.

- Eu te amo minha menina.- ele me agarra também, e ficamos o dia todo assim. Matando* as saudades.

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