Não É Justo

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Juliana

Três longas semanas se passaram e nada de muito importante aconteceu. Nós nos mudamos pra casa nova e eu peguei as minhas férias que já estavam atrasadas. Agora tenho ficado muito mais tempo trancada dentro do quarto.
Sinto muita falta do meu pai, e embora eu saiba que ele não quis me abandona de verdade, mesmo assim ele traiu minha confiança, como sempre, se rendendo mais uma vez ao vício.
Ainda estou muito triste com tudo que aconteceu, mas apesar disso, não vejo a hora de abraçar ele de novo e dizer o quando eu o amo.
Eu quase não tenho colocado o pé pra fora de casa, muito mal vou na padaria, ou no mercado, bailes então nem se fala, não quero fica andando por aí e dá de cara com o ranço e a mulher dele, ainda não estou preparada pra ver essa cena.
Bruninho tem tentado de todas as maneiras se aproximar de mim de novo, porém, eu não tenho dado nenhum espaço pra isso.  Ele sempre inventa um motivo pra puxar assunto quando vem aqui com o Dudu, manda flores, presentes, e eu sempre deixo ele falando sozinho. Não quero assunto, tô muito magoada ainda.
Por outro lado, o Dudu tem sido um amigão, ele e Vanessa ainda estão separados, mas estão mais unidos do que nunca, eu acho que isso ainda vai dá um casamento foda entre os dois.

- Ou cabeça de merda?_ Vanessa me chama de dentro da piscina e eu paro minha leitura, só pra olhar ela com cara de nojo.

- Você me respeita em dona redonda.- falo e depois coloco o livro cobrindo o rosto de novo.

- Ai larga esse livro chato, vem pra piscina um pouco, a água tá muito gostosa._ ela fala tentando boiar e eu começo a rir.

Estou deitada na cadeira pegando um sol, e lendo cinquenta tons mais escuros.

- Chata é você._ falo sem dá muita importância pra ela, e ela fica lá, boiando igual bosta.

...

Depois de um tempo, Dudu aparece na garagem sorrindo, e logo atrás dele vem o Bruninho.

Meu coração já começa a acelerar e eu me xingo por dentro por ainda deixar ele me afetar desse jeito.

- Fala suas bruxas._ Dudu grita se aproximando.

- Eu sou uma sereia do amor._ Vanessa fala ainda boiando, e ele dá uma gargalhada.

Eu também dou um sorrisinho, mas não me atrevo a tirar os olhos do livro nem por um segundo.
É muito fácil ignora o Bruninho quando ele não está perto assim de mim. Infelizmente é só ele me olhar com aquela cara que minha muralha erguida contra as invertidas dele balança, me deixando apavorada.

- Isso é comida?_ Vanessa pergunta saindo da piscina e indo em direção a ele_Você trouxe comida?_ ela fala igual uma psicopata, quando ver Dudu com o saco do BK.

Ela acabou de completar 2 meses de gravidez, e a barriguinha já está começando a aparecer. Os dois me convidaram pra ser madrinha do neném, e eu fiquei super emocionada com o pedido.

- Dermelivre alá, larica tá braba em fia._ Dudu fala gastando ela, e geral ri.

Levanto o meu olhar por um momento e acabo batendo m de frente com os olhos do Bruninho. Ele me repara de cima a baixo sem disfarçar. Eu sinto meu corpo queimar dos pés a cabeça, e meu coração bate ainda mais rápido que antes. Fico toda envergonhada já que estou só de biquíni e me remexo na espreguiçadeira.

- Neguin nem disfarça._ Vanessa fala de boca cheia encarando ele.

- Ideia errada irmã._ Bruno responde desviando o olhar e meu corpo arrepia todo só de ouvir a voz dele.

Babaca!

Levanto da cadeira fingindo que nada aconteceu, coloco meu quimono cobrindo meu corpo e vou até o Dudu. Pego meu lanche da mão dele, agradeço e deixo eles. Vou pra cozinha, coloco o lanche no balcão e subo pro quarto. Pego um short e um cropped no guarda roupa, vou pro banho, e fico lá deixando a água cair bastante tempo em cima do meu rosto.
Quando termino, penteio meu cabelo, passo uma maquiagem básica e desço de novo.
Os três agora estão na sala conversando.
Passo direto sem falar nada, sem nem olhar pro lado. Vou na cozinha, pego meu lanche, e voltou pra sala sem vontade nenhuma, só vou pra Vanessa não falar que estou precisando de um psicólogo, por não querer mais me socializar com ninguém. Me sento no canto do sofá e fico lá comendo meu hambúrguer quietinha.
Algumas vezes, meus olhos sem querer vão parar no Bruninho do outro lado da sala, e ele sempre esta me olhando também, as vezes eu desvio o olhar e as vezes sustento ele.
Ainda sinto algo por ele e não consigo nem mais disfarça, eu queria tanto beijar aquela boca linda, mas ela infelizmente já tem dona, e nada que é dos outros me interessa.
...

Término de lanchar, jogo o lixo fora e subo pro quarto, vou pro banheiro, escovo meus dentes e quando volto pro quarto, dou de cara com o Bruninho. Tomo um susto com ele parado na porta, com a cabeça encostada na parede, me encarando de braços cruzados.

- O quê você quer?_ pergunto em pé de frente pra ele.

- Conversar._ ele me responde se nem se mexer.

- Não tenho nada pra fala com você, me da licença do meu quarto por favor?._ não quero assunto, não quero conversar, eu sei que ele vai me convencer e eu não quero.

- Mas eu tenho po, para de fugir de mim cara, só quero me desculpar contigo, namoralzinha._ ele fala agora se aproximando de mim, e eu dou um passo pra trás, com meu coração batendo como um galope de cavalo de corrida.

- Não._ dou outro passo pra traz quando ele chega perto demais.

Ele nem liga para o que eu falo e só para quando está bem na minha frente. Eu começo a ficar com dificuldade pra respirar. Ele me olha dentro dos meus olhos, e eu posso ver a respiração dele na mesma velocidade que meu coração está batendo agora.

- Sai do meu quarto se não eu vou gritar._ minha voz quase não sai direito.

Já estou vacilando, deixando ele dominar minhas emoções. Isso não pode acontecer!

- Então grita._ ele sussurra dando mais um passo em minha direção.

Quando eu ia começar a gritar, o Bruninho puxa minha nuca fazendo meu corpo se chocar contra o dele e pronto! Bruninho cola nossas bocas com um beijo necessitado e animal. Eu me entrego, e quase derreto nós braços dele.
É como se ele tocasse todos os nervos do meu corpo, fazendo todos os meus cabelo se arrepiarem.
Quando recupero um pouco da minha sanidade mental, começo a me debater querendo me soltar dos seus braços, mas ele não desisti. Bruninho me gira e me coloca contra a parede. Ele me aperta entre seu corpo e a parede, e eu fico intoxicada com seu cheiro, acabando sem forças para resistir a isso.
Me entrego de vez ao beijo que eu tanto senti falta nessas últimas semanas. Ele aprofunda mais a língua, e só me solta quando não conseguimos mais respirar.
Eu quase corro pra sair de perto dele, antes que eu acabe caindo de novo no golpe mesmo.

Porra, porra, porra!

Cara isso não podia ter acontecido, eu evitei isso por semanas, e agora eu não vou mas tirar essa porcaria de beijo gostoso mas da minha mente.

- Você não podia ter feito isso._ minha voz sai abafada pela respiração ofegante.

- Porra Juliana, eu tô fudid0 cara, nunca senti tanta falta de alguém como tô sentindo de tu agora, não consigo fazer mas nada mano, pensar em nada sem lembra do teu beijo, do teu sorriso._ ele fala sentando na minha cama_ tá foda pra mim essa tua frieza comigo, papo reto._ passa a mão pelos cabelos me encarando.

Não, isso não é justo.

- Você me enganou, me deixou levar por uma versão de você que não existia, uma versão onde eu e você poderíamos ficar juntos, sem nem pensar nos meus sentimentos._ deixo toda a mágoa que eu sinto por ele ser transmitida nas minhas palavras.

Não é justo ele vim aqui depois de tudo que aconteceu, me beijar e confundir minha mente assim. Tudo que eu quero é esquecer o que aconteceu e seguir em frente, não quero ser a culpada de acabar com um casamento e nem ficar chorando pelos cantos quando vê ele com outra mulher pela rua.
Ele me encara se preparando para o discurso, e eu me preparo pra não cair nele.

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