Juliana
Tenho que confessar que eu não esperava que o Ryan ficaria esse tempo todo do meu lado assim. Ele cuidou de mim, me limpou, me ajudou e não largou a minha mão, mesmo quando eu gritava para que ele fizesse isso.
Porém, eu não consigo esquecer tudo que aconteceu, e não consigo perdoa-lo. Sou grata por esses últimos meses, antes e depois do incidente, mas chega, quero minha vida de volta.
Nós saímos do hospital, e o carro do Ryan está estacionado na calçada.
Ele empurra a cadeira de rodas até lá, e depois me ajuda a descer dela, com cuidado. Abre a porta do carro, e me senta no banco do carona.
- Tá tudo bem?.- ele pergunta e eu balanço a cabeça.
Ele fecha a porta, e vai pro lado do motorista.
Ryan vai o caminho todo calado, parecendo está concentrado no trânsito, enquanto estou com os pensamentos a mil.
Como será que eles vão reagir a minha volta?
Eles vão gostar? Ou será que já superaram a minha ausência?
São muitas incertezas.
...
Depois de um tempo, o Ryan para em um lugar deserto, onde tem um carro prata estacionado e eu encaro ele.
- Nós precisa trocar de carro.- ele fala vendo minha cara de espanto.
Ele me ajuda a descer, e me coloca de novo, sentada no carona do lado do motorista. Fecha a porta, e me leva sentido a Rocinha.
Meu coração parece que vai sair pela boca, a ansiedade parece me sufocar na garganta.
Qual será a reação deles?
Será que eles vão gostar de me ver? Ou será que vão preferir que tudo aquilo ficasse no passado?
- Consigo ouvir as batidas do teu coração Juliana.- a voz rouca do Ryan me assusta e eu olho para ele.
Ele não tira os olhos do caminho em nenhum momento.
- Você não precisa ir lá.- eu falo depois de um tempo o encarando, e agora ele vira a cabeça pra ver a minha reação e depois desvia.
- Não sei se eu já disse isso pra tu, mas eu sou apaixonado por você.- ele fala e eu fico petrificada.- eu só quero teu bem cara, não quero te fazer sofrer. Eu quero cuidar de tu, e vou fazer isso até onde eu conseguir.- ele continua encarando a estrada, e meu coração se aperta.- mas, se tu voltar pra eles de novo, eu não vou poder te proteger lá, e esse é o meu único medo, tá ligado?.- meu olhos começam a encher de lágrimas, e eu viro meu rosto pra não olhar mais para ele.
Ryan entende isso como um gesto de que cheguei no limite da conversa e não fala mais nada.
...
Chegamos quase no pé do morro, e o Ryan faz uma ligação.
- Já tamo aqui.- ele diz, e fica escutando alguém do outro lado.- Tu garante a segurança dela?.- ele fala olhando prós lados, e pro retrovisor.- ninguém vai barrar nós?.- ele continua.- Jae então.- ele diz e desliga o celular.
- O que houve?.- eu pergunto pra ele, e ele tira o óculos dos olhos e me encara.
Ele é tão lindo.
- Escuta garota, eu vou te leva até lá, mas não vo pode ficar.- ele diz, e eu sinto uma pontada no meio do meu peito.
Apesar de tudo, Ryan se mostrou muito leal a mim esses dias, e se não fosse por ele, eu realmente estaria m0rta, porque ninguém voltou por mim ou se quer pensou na possibilidade de eu está viva. Ele foi o único que parou a vida, sem pensar em outra pessoa, ou em si mesmo pra ficar do meu lado, mesmo sabendo o risco que estava correndo ficando no hospital comigo, ele não saiu do meu lado. E imaginar agora, os meus dias sem a presença dele, me assusta completamente. Eu não sabia que sentiria tanto medo de perder isso que a gente criou. Eu começo a perder o controle das lágrimas, e elas começam a descer pelo meu rosto.
- Não faz isso comigo.- ele sussurra secando elas com os dedos- é o que tu quer cara, não posso forçar tu a ficar comigo.- ele diz fazendo carinho no meu rosto, e eu fecho os olhos respirando fundo.- eu quero que tu fique feliz, e se tua felicidade tiver lá, eu te levo lá pô.- ele fala beijando minha mão e voltando a dirigir o carro.
...
Subimos o morro e só tem uma pessoa na contenção de lá.
Ryan coloca os óculos novamente e sai do carro por um instante pra conversar com o cara.
Ele fica lá por um longo minuto e depois volta pra dentro do carro.
- Eles estão em uma pracinha aqui perto, vou te deixar na esquina e tu vai até lá.- ele me encara, e quando ele vai dirigir, eu seguro nas mãos dele e ele me olha de novo.
- Desculpa eu ter bagunçado a sua vida.- eu falo por ele ter perdido seus aliados, e o seu lar por ter atirado no dono por mim.- se não fosse por você eu estava m0rta, então, muito obrigada, por tudo.- eu falo, e ele balança a cabaça triste ligando o carro.
...
Quando vamos chegando perto da pracinha, o Ryan estaciona no canto da rua e eu vejo a Manu, o marido dela, e algumas pessoas que estava com ela uma vez no churrasco lá em casa.
Do outro lado, eu vejo a Vanessa sentada em um banco, segurando um bebê com algumas crianças correndo em volta dela.
- Ela ganhou o neném.- eu falo sorrindo olhando para eles.
- É, foi a duas semana, eu achei que tu ia fica na agonia, por isso que não falei nada.- Ryan fala também olhando pra eles de dentro do carro.
Logo em seguida, escutamos o barulho de uma moto, e o Ryan se assusta com a visão do Bruno passando por nós. Ele coloca a mão na pistola na cintura dele, mas o Bruno nem percebe nossa presença. Ele passar voado, com uma menina branca, de cabelos bem preto e lisos no meio da bunda, na garupa dele.
Uma pontada acerta o meu estômago na hora, e eu começo a ficar ofegante. Eles descem da moto próximo as outras pessoas, e eles começam a cumprimentar os dois.
O Bruno coloca a mão na cintura da menina, depois que eles falam com a Manu e o marido dela, depois ele vai mais pra perto do 2D e da Vanessa.
Eu encaro o Ryan angustiada, enquanto ele está apertando o volante forte com raiva, também encarando a cena.
O Bruno fala alguma coisa na direção da Vanessa e ela sorri pra ele e entrega o menino nós braços do Bruno.
A lágrima que cai dos meus olhos, parece rasgar a minha pele, e eu já não consigo mais solta a respiração que está presa na garganta.
Bruno brinca com a criança no colo, vira para a menina que está com ele, e ela brinca com o bebê também.
Pra mim já é o suficiente.
Eu não faço mais parte disso, eles me riscaram completamente da vida deles e seguiram em frente, é bem evidente isso para mim.
Eu não sei nem o que fazer diante disso tudo.
Como tudo que aconteceu passou tão rápido para eles?
Vanessa, a minha melhor amiga, convivendo entre eles sorrindo, depois de apenas 2 meses da minha "m0rte"?
Talvez eu não era tão especial assim para eles.
- Me tira daqui.- eu falo entre o choro, e o Ryan me encara tentando entender o que eu disse.- por favor, me leva com você, eu não quero ficar aqui.- eu falo soluçando, e ele fica me encarando por um tempo.
Ele olha para eles de novo.
- Tu tem certeza?.- pergunta olhando dentro dos meus olhos, e eu fico prendendo a respiração, pra mim não fungar alto demais e ele entende que eu não vou aguentar por muito tempo.- vamo embora então.- ele diz ligando o carro, e saindo do morro.
Eu não quero conviver com pessoas, que nem ao menos cogitou a possibilidade de eu está viva em algum lugar, e que em pouco tempo, já vivem como se nada tivesse acontecido.
Tá doendo muito, mas vai ser a última vez que eu me decepciono com as pessoas. Eu vou crescer, vou me tornar muito mais forte, e nunca mais ninguém vai me fazer mal, nunca mais...
...
Preparados para as parte finais do livro?
Prometo que vocês vão se surpreender.
O livro só termina quando acaba, tudo pode acontecer. Apenas aguardem...
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A Minha Vez🍃
عاطفيةContinuação de FAVELADOS. Ele contará a história do Bruninho, que ficará de frente do morro que era de Naldinho. Com a nova responsabilidade de ser um dono de morro, ele acaba tendo que lidar com uma vida totalmente diferente, obstáculos e inimigos...
