Rasgado

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2D

Minha mulher teve um parto prematuro, ela sofreu de mais com a morte da amiga, e acabou não conseguindo segura o moleque por mais tempo. Mas graças a Deus, ele veio ao mundão, conseguindo preencher um pouco do vazio que a Vanessa tava sentindo.

- Fala com que tá fazer um mês.- sussurro chegando perto do berço dele, e a vanessa começa a ri.

Porra, é muito bom ela rindo outra vez mano, papo reto.

Vanessa sofreu pra caralh0 quando eu tive que contar o que aconteceu pra ela. Eu pensei que ela não fosse consegui parir nosso pivete parceiro, foi foda.

- Dudu, precisamos trazer o Bruninho de volta pra gente.- Vanessa fala do nada, e eu encaro ela.

- Relaxa, já tô resolvendo isso ai.- eu falo e ela concorda.- bora comemorar o um mês do Antony lá na praça.- eu falo e ela nega balançando a cabeça.

- Eu amo o meu filho, agradeço a Deus todos os dias pela vida dele, mas eu não tô a fim de comemorar nada, minha amiga não está aqui, eu não tenho o porque fazer festa.- ela fala desanimada voltando a ficar triste, e eu vou pra mais perto dela.

- Amor, eu quero trazer ele de volta, mas quero trazer tu de volta também.- falo segurando o rosto dela, fazendo ela olhar no meu olho.

- Mas Edur...- ela tenta negar de novo, mais eu não deixo.

- Confia em mim pô.- sussurro beijando a boca dela.

Quando tiro minha boca da dela, ela fica me olhando desconfiada, mas acaba concorda.
...

- Eduardo, eu acho que ele nem vai me reconhecer.- a mina fala meio bolada.

- Tu tá maluca, ninguém esquece da família pô.- insisto.- mano, só tu mermo pra trazer meu irmão de volta cara, ele se afundou legal, tá acabadão nas droga, o cara nem sai mais de casa mano, pelo menos tenta mina, namoralzinha, se não fosse sério, eu nem vinha aqui, os gambi tá na pista e eu tô fichado.- dou o papo e ela coça a cabeça.

Ela é a minha última opção pra ajudar meu cria, não vou sair daqui sem ela. Ela fica andando de um lado pro outro, e eu fico tonto.

- Eu não sei.- fala confusa.

- Tu tá com med0 de que? Fala pra mim?.- pergunto ficando bolado e ela me olha de volta seria.

- A última vez que eu pisei na Rocinha, a minha mãe morreu.- ela diz com a voz já falhando.- eu tomei um tiro e quase fui junto com ela, por isso que ele me mandou pra longe, e disse pra mim nunca mais voltar lá.- ela limpa as lágrimas e eu passo a mão na cabeça.

- Mano, teu irmão tá fudido, o cara precisa de tu.- eu olho dentro dos olhos dela.- ele te mandou pra longe pra te proteger, e agora quem precisa de tu é ele.- tento ser o mais convivente possível.- na moral, só bora lá comigo, se tu ver que ele não precisa de tu, suave pô, dou meu jeito de trazer tu de volta pro teu barraco e não te incomodo mais.- do o papo, e ela limpa outra lágrima.

- Tudo bem, o Bruno sempre cuidou de mim, é hora de retribuí isso a ele.- ela diz levantando da cadeira e eu fico animadão.- vou fazer minhas malas.- ela vai pro quarto e eu fico no aguarde.
...

Chegamos na casa do menor e aqui tá parecendo casa de cracud0. Tudo sujo, bagulho espalhado pra todo lado, maior tristeza, papo reto.

- Melhor tu marca daqui mina, vou lá ver qual a ideia, se dê pra tu entrar, eu te chamo, Jae?.- falo pra mina não ver o irmão dela nessas condição. Meu mano não ia gostar disso.

Saio invadindo e encontro ele deitado no sofá, todo largado, cabelo grandão, roupa toda suja, estado de maluquice mermo parceiro.

- Coe Bruninho.- sacudo ele, e ele abre o olho pra me encarar.- qual foi mano? Esse bagulho não tá maneiro não porra.- ele levanta e senta no sofá.

- Qual foi menor?.- ele me encara coçando o olho.- qual a ideia?.- pergunta, e eu percebo que a onda já passou.

- Menor, tu tem que reagir viad0.- eu sento do lado dele e fico encarando.

- Porra parceiro, não consigo cara.- ele abaixa a cabeça.- tudo que eu faço eu lembro dela.- passa a mão no cabelo.- foi culpa minha mano.- meu irmão me olha de rab0 de olho e eu consigo ver como ele tá acabado.

Da até pena, papo reto. Ele tá rasgado de mais. Mas é f0da. O cara tentou fazer tudo no certo, pra no final tá sendo enganado, e ainda meteu a mulher que amava no meio dissa porra toda.

É pra mexer com a mente do vilão mermo.

Ainda mais ver a mina toma um tiro que era pra ser dele. Ela não merecia pô.

- Só quero que essa porra dentro de mim passe mano.- ele fala e a voz do cara começa a falhar, eu fico boladão vendo ele assim mano.- menor, eu fecho o olho, e vejo ela tomando aquele tiro.- ele balança a cabeça, e começa a chorar.

- Menor, tu não vai esquecer disso, mas tu precisa aprender a viver com essa dor cara, tu tá definhando aqui dentro mano.- coloco a mão nas costas dele, e ele não consegue nem levantar a cabeça.- tenho uma surpresa pra tu.- levanto do sofá, e ele vira o rosto pra me encarar.

Vou até a porta da sala e faço sinal pra mina entra no barraco.
Bruninho me encara com a testa enrugada desconfiado. A mina entra já ch0rando, e o parceiro quando ver, já levanta do sofá com a boca aberta e com os olho arregalado.

- Camila.- ele sussurra encarando a mina, e olhando pra ela de cima a baixo.- caralho.- ele fala me olhando e eu balanço a cabeça de braços cruzados.

Eu sabia que ele ia reconhecer ela porra.

Ela só fica olhando pra ele com a mão na boca, e chorando pra caralho.

- Minha irmã.- ele sussurra, olhando ela de cima em baixo, sem acreditar que a mina tá na frente dele.

- Menor, o VT cuidou dela de longe, ele sabia que tua piveta era tua vida. Tu disse que queria ela bem, mas não queria saber onde ela tava, se não tu ia acabar indo atrás e trazendo ela de volta. Sei que tu não queria isso, mas ela teve que voltar, pra trazer tu de volta pra nós.- eu falo, e ele cai nos pés da irmã dele e começa a chorar.

Ela abaixa e abraça ele no chão, chorando pra caralh0 também.
P0rra, vou mete o pé daqui, antes que a minha bilha branca começa a chorar também.

- 14h lá na pracinha, 1 mês do meu menor hoje, teu afilhado. Quero ver tu lá em.- eu falo indo pra porta.- e minha irmã?.- chamo, e a mina levanta o rosto pra me encarar, e o Bruninho também.- leva esse filho da puta pra cortar esse cabelo de cracud0.- eu falo e eles começam a rir.

Vou pro portão, subo na moto, e saio saindo.

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