Seguir em frente

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Rayane

- E aí? Não vai dá um abraço no irmão não?_ Kaique estende os braços, eu respiro fundo meio sem querer ir até ele, mas independente de tudo que passamos depois que nós separamos, ele ainda é meu irmão, então eu esqueço o orgulho, e o abraço.

- Por quê você nunca mais me procurou?_ pergunto com lágrimas nos olhos, igual uma criança.

- Piveta, depois que vocês foram embora, nosso pai me colocou pra treinar igual filha da puta, tive que fazer tudo que ele pedia, ele nem me deixava sair do morro direito, quase ninguém sabe de nós, ele queria que nossa identidade fosse sigilo. Ele queria que nos podesse se infiltrar em qualquer lugar, sem ninguém saber quem nós era, só que era responsabilidade minha assumir o morro dele antes da Rocinha invadir. Agora eu tenho que recuperar ele de volta e vingar nosso pai de qualquer jeito._ ele responde e eu fico o encarando.

- Por quê você não me falou nada? Não me contou seus planos? Eu ia te ajudar desde o começo, você sabe disso, sabe que nunca me dei bem com a minha mãe, eu iria te encontrar. Eu pensei que você também tinha morrido._ deixo uma lágrima cair, mas a seco rápido.

Iria preferir encontrar com ele onde quer que fosse, minha mãe ficou um saco, uma pessoa irreconhecível e arrogante.

- Eu quase morri na invasão mermo, tive que me esconder e reconquistar a confiança dos guerreiros que foram embora comigo pro jacaré. Hoje eu sou sub aqui, mais tive que mostra serviço prós cara antes disso. Esse fardo era meu, eu tinha que ter protegido o nosso morro, nosso pai morreu e eu não pude fazer nada, eu não queria meter vocês nessa merda, sabe que nossa mãe adora um dinheiro, mais quando o bicho pegou, e eu tive que subir, ela disse que não ia morar na favela de novo, ainda mais se eu não fosse mais o dono, a minha única opção foi mudar um pouco os planos do meu pai, e continuar tentando, só que agora tenho que tomar 2 favelas, então não pode ter erro._ ele me explica e minha cabeça parece que vai explodir.- O bicho pegou Rayane, a Rocinha invadiu o morro e matou o nosso pai, a facção ficou sem seu maior fornecedor, e eu tive que lutar pra fica de frente e pode reerguer o jacaré, não ia ter como eu cuidar do morro, e de vocês sozinho pô._ ele continua se explicando_ mas agora tudo mudou minha irmã, estamos pesadão e vamos com tudo pra cima deles, vamos destruir geral, já estamos conseguindo tudo que queremos e vamos conseguir mais ainda._ ele fala com um sorriso enorme no rosto e eu fico sem entender muito, mais não pergunto nada.

- Mas o Bruno terminou comigo ontem pra ficar com aquela garota._ falo limpando as lágrimas.

- Não se preocupa com isso minha piveta, o pai tá com tudo sobe controle._ ele diz passando a mão no meu rosto.

- Eu quero que ela sofra, quero ver ele chorar, se ajoelhar nos meus pés e pedir perdão por tudo o que estão fazendo comigo._ eu falo com sangue nos olhos.

- Tu vai ter o que quer._ fala e eu sorrio largamente.

Eles não perdem por esperar.

Fico matando a saudade do meu irmão por um bom tempo. Nós dois tínhamos uma união muito forte e ele sempre foi meu porto seguro, por isso eu sofri muito quando tivemos que nós separar, sempre fomos muito ligados e eu fiquei revoltada quando minha mãe disse que ele preferiu ficar com o nosso pai, então é muito bom poder conversar com ele, ele me mima muito, e eu amo isso.

- Ray, tu tá feliz?_ ele me pergunta, e na mesma hora passa um filme na minha mente.

- Eu vou fica, quando eu olhar nos olhos deles e ver o desespero deles de saber que nunca me enganaram, que eu me vinguei e pisei na cara de todos eles._ falo e ele me encara surpreso.

- Tu fala como uma chefe, tu vai ser uma dona de morro f0da._ Kaique diz maravilhado e eu sorrio.
...

Depois de um bom tempo com meu irmão, o RR me busca na porta da casa do Kaique e nós partimos pra goma dele.
Ele me deu o trato que eu estava precisando, provou tudo que tinha direito e ainda repetiu.

- Vê se aparece mais vezes novinha._ RR fala assim que me deixa no pé do morro.

- Pode ter certeza disso._ dou um beijo gostoso nele e vou pra pista pega o Uber.
...

Chego em casa e o Bruno ainda não está.
Tomo um banho e me preparo toda pra quando ele chegar.
Como sempre, depois de muitas horas ele chega e vem direto no quarto, onde estou sentada de cabeça baixa fazendo minha cena com os papéis na mão.

- O que ouve?_ ele pergunta quando me vê triste sentada na cama.

Olho pra cara dele seria e ele me olha confuso.

- Senta aqui Bruno._ do espaço e ele senta do meu lado_ eu sei que a gente terminou, sei que você não quer mais ficar comigo, você disse que tem outra pessoa, mas se for apenas uma aventura e você tiver disposto a reconstruir o que a gente construiu juntos, eu já tenho como resolver tudo para podemos seguir em frente a partir daqui._ eu falo e ele continua me encarando sério.

- Tô te entendo não, tu tá me deixando nervoso p0rra, para de enrolar e fala logo._ ele me encara, eu pego a ultra e dou na mão dele_ que isso aqui?_pergunta olhando pro papel sem entender nada.

- Eu estou grávida Bruno._ falo de uma vez só, e ele tira os olhos da ultra na mesma hora e me olha com os olhos arregalados.

- É o que Rayane? Tu tá o que?._ pergunta sem acreditar, se levantando da cama com o papel na mão e me dá vontade de ri pelo espanto dele.

- Estou grávida._ respondo no sussurro.

Preciso ser o mais convincente possível, então eu também preciso acreditar que realmente estou grávida.

- Como assim tu tá grávida garota? Você não pode tá grávida, não agora, Rayane. Porra, tu não tava tomando remédio?_ ele fala já ficando descontrolado.

- Eu esqueci alguns dias Bruno, não pensei que fosse pega um filho assim tão rápido._ falo me fazendo de vítima, passando a mão pelo rosto.

Ele fica andando de um lado pro outro com o papel na mão, o tempo todo olhando a ultra com uma mão, e a outra passando na cabeça.

- Bruno, eu sei que não estamos mais juntos, mas o médico disse que essa gravidez é de alto risco, por isso as dores que eu venho sentindo._ ele me olha e presta atenção por um segundo e depois volta a andar de um lado pro outro_ eu sei que você não me ama e não quer ter esse filho comigo, mas eu também pensei na possibilidade de não ter..._ jogo a bomba na cara dele, e ele para na mesma hora e me encara.

- O que que tu tá falando aí cara?_ pergunta igual psicopata_ você tá dizendo que quer tirar meu filho?_ pergunta um pouco mais alto.

- Bruno, você disse na minha cara que está com outra mulher, mesmo antes de disso você já tem chego a hora que quer, sai a hora que quer, parece que não tem ninguém em casa te esperando, você não me dá um carinho, uma atenção, você quer que eu tenha esperança de você querer esse filho junto comigo?_ pergunto deixando as lágrimas caírem_ a gravidez é de alto risco Bruno, eu posso morrer se tiver qualquer complicação, essa criança pode vim com alguma doença se eu somente me estressar, e nesses últimos meses nossa convivência tem sido muito difícil pra mim, o que eu mais tenho feito é me estressar._ tampo meu rosto com as mãos, e ele continua me encarando sem falar nada_ acha que vai dá certo isso? A essa altura do campeonato?_ pergunto agora olhando pra ele de volta.

Ele passa a mão pelo rosto, anda mais um pouco e depois vem até a mim, senta na cama, olhando mais uma vez pra ultra.

- Rayane, eu nem sei o que te falar cara, eu sei que eu sempre quis um filho, mais não nessa situação, com nós separando, tá ligado?_ eu concordo com ele_  com tudo que tá acontecendo dentro da minha mente, eu sou sujeito homem pra caralh0, nunca vou deixar tu tirar essa criança. Preciso pensar no que vou fazer daqui pra frente, mas se for pra nós fica na moral por causa dele nos vai, vou cuidar de tu e desse pivete aí, depois nos ver no que dá._ dá pra ver na cara dele que ele está perturbado, não sabe o que falar, nem oque fazer.

- Eu só preciso passar bem por essa gestação Bruno, depois eu vou embora com o meu filho, se você não quiser a gente por aqui._ faço mais drama, porque eu estou gostando.

- Embora pra onde, tá maluca? Meu filho não sai de perto de mim._ ele fala ainda olhando a ultra e passando a mão na cabeça.

A putiane vai ter uma surpresinha mais tarde, quero ver se ela vai aguentar tudo isso.

Se ela estava achando que a guerra estava ganha, ela está muito enganada.

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