Não acredito

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Juliana

Depois que chegamos da casa nova, já vou logo colocando a mesa do almoço, estava varada de fome. Depois de tudo pronto eu e a Vavá sentamos pra comer.

- Tio Luiz foi pra boca?_ Vanessa pergunta dando uma garfada na sua comida.

- Sim, estou muito preocupada com isso, estou com tanto medo de alguma coisa dá errada, que não consigo pensar em outra coisa._ eu falo pra ela e ela bate na mesa três vezes.

- Para de ser pessimista minha irmã, já deu tudo certo, relaxa._ balanço a cabeça voltando a comer.

- Tenho uma coisa pra te contar._ falo e ela me encara atentamente.

- Pelo amor de Deus, nada de notícia ruim, ultimamente só tem aparecido bomba na minha vida._ diz ela levantando as mãos pra mim, e eu sorrio.

- Calma, não é nada demais._ falo e ela coloca a mão no peito finjindo alívio, e eu dou uma gargalhada_ eu meio que estou ficando com o Bruninho._ conto pra ela de uma vez só e ela me encara de boca aberta

- Nada demais?_ ela pergunta ainda de boca aberta e eu balanço a cabeça_ não acredito que eu só estou sabendo disso agora. Logo você? Toda certinha, está ficando com um traficante e ainda por cima casado? Quem te viu quem te vê em dona juliana._ ela fala debochando e eu encaro ela com a testa enrugada.

- Como assim casado?_ pergunto sem entender_ ele tem uma ex mulher que eu saiba._ Falo e ela me encara com um sorrisinho.

- Só se ele separou enquanto eu estava no hospital, porque até antes disso ele ainda era casado._ ela fala colocando a comida na boca e eu fico paralisada.

Essa notícia me atingiu feito uma bala no meio do peito.

Não acredito que ele é casado.

Meus olhos enche de lágrimas na mesma hora e eu não sei o que dizer pra ela.

Ele é casado? Então mentiu pra mim esse tempo todo?

Não, na verdade ele omitiu essa informação de mim, nós nunca tivemos essa conversa e eu nunca perguntei de fato.
Não estou acreditando cara, ele me levou no lugar onde nasceu, me levou no pagode como se não tivesse nada a temer. Por isso ele ficou nervoso por eu fala de nós dois pra alguém. Ele me fez acreditar que poderíamos ter algo e eu não acredito que isso me afetou tanto.

Ele só estava se divertindo.

- Não vai me dizer que você não sabia?._ Vanessa me tira dos meus pensamentos, me fazendo olhar direto para ela. Eu faço que não com a cabeça e ela me olha seria_ você está gostando dele Juliana?_ ela pergunta e eu faço que sim com a cabeça deixando uma lágrima cair sozinha, mas eu a seco na mesma hora.

Não acredito que fui tão idiota ao ponto de me apaixonar por ele cara. Que ódio!

- Eu...eu..._ não consigo dizer nada, limpo minhas lágrimas e volto a comer em silêncio.

Como eu pude ser tão ingênua? Ele é um bandido, um traficante, eles são acostumados a fazer o que bem entendem com as mulheres que eles tem, e comigo não foi diferente. Burra foi eu em ter achado ser alguma coisa especial na vida dele.

Ele é só mais um escr0to pra conta.

- Quando eu vi ele te cercando no baile, fiquei meio confusa, ele sempre foi muito fiel a mulher dele amiga, todas as vezes que sai com eles, mesmo ela não indo junto porque a mulher é um porre de sebosa que só ela._ ela fala revirando os olhos_ ele sempre a respeitou, ele quase nem olhava pra outras mulheres._ ela diz e eu continuo comendo minha comida, mesmo sem vontade nenhuma mais_ o Dudu disse que ele era maior galinha quando era solteiro e quando começou a namorar com ela também, mas depois que ele a assumiu como mulher de verdade, ele nunca mais traiu._ ela termina e eu encaro ela.

- É, acho que ele estava enganado sobre isso._ levanto da mesa, coloco meu prato na pia e vou pro banheiro toma banho pra ir trabalhar.

Tô com um gosto amargo na boca.

Vontade de ficar deitada o dia todo chorando, mas não vou dá esse gostinho pra ele. Eu sei muito bem que na verdade burra da história foi eu, eu me deixei levar por atenção e o carinho que ele me dava, que fechei os olho para o que estava estampado bem na minha cara.

- Você deu pra ele?_ Vanessa pergunta entrando no quarto depois de um tempo.

- Não, mas quase._ falo sem olhar pra ela.

- Me conta._ ela pede curiosa.

- Aí Vanessa, não quero falar disso agora não._ falo olhando pra ela e ela levanta as mãos em rendição, voltando pra sala.

Acabo de arrumar minha bolsa, coloco minha roupa no corpo, amasso os cachos do meu cabelo mais um pouco e pego meus óculos de sol. Saio do quarto e quando chego na sala, a Vanessa está jogando joguinho no celular largada no sofá.

- Já estou indo, qualquer coisa me liga tá bom?_ ela balança a cabeça e eu saio de casa_ aí, o erro ter que descer a pé._ reclamo olhando pro morro desanimada ainda do portão de casa.

- Fala maluca._ vejo a minha salvação passando de moto, e eu saio correndo pra perto dele.

- Caio me dá um bonde até lá baixo? Namoralzinha._ grito pra ele.

- Iiih, sou moto táxi não fia._ ele reclama rindo, dando a volta pra parar na minha frente.

- Iti Malia, coisanha linda._ faço voszinha de criança apertando a bochecha dele, ele ri batendo na minha mão.

- Bora logo caralho, hoje eu tô na luta._ ele fala me apressando.

Descemos o morro voadão e eu fico sentindo o vento no rosto. Amo essa sensação, ela me acalma.
Agradeço a ele e depois ele volta voado pro morro de novo. Vou pro ponto, pego meu ônibus e quando chego no trabalho, percebo que o pessoal da manhã já está indo embora.
Subo pro banheiro correndo, troco de roupa colocando meu uniforme e desço pra loja. Hoje aqui está meio movimentado, e eu agradeço por ter bastante trabalho, pra não dá tempo de pensar em como estou chateada com o que descobrir hoje.
Não falo muito com ninguém direito, cumprimento o povo só pela educação mesmo e vou fazer o meu trabalho.

...

Mesmo com todo o trabalho do dia, eu passo a maior parte dele pensando no Bruninho, tentei de todas as maneiras desviar minha mente desse assunto, mas não tive muito sucesso com isso.

- Ju, tá tudo bem? Você está distante o dia todo, é alguma coisa com a Vanessa, ou com o bebê?_ Tia Kátia me pergunta meio preocupada.

- Não, não tia, eles estão bem graças a Deus, é uns problemas pessoal mesmo, mas não se preocupar não, não é nada demais._ falo sorrindo torto e ela assente voltando a fazer as coisas dela.

Término meu trabalho e resolvo dá uma volta na praia.
Estou com o peito apertado e isso está me incomodando muito, preciso respirar ar puro e bota minha cabeça no lugar, se não eu vou acabar infarta a qualquer momento.
Fico curtindo a minha própria companhia e pensando em como vai ser minha conversa com o Bruninho quando chegar a hora.
Quando estou me sentindo um pouco melhor, resolvo voltar pra casa.

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