case thirty nine:season three

Capítulo quatrocentos e vinte e dois.

3° season:four hundred and twenty two
★ Pessoas com a cabeça fraca ★
{Tacoma, Washington}
<Marcos Diaz narrando>

Eu deitei a cabeça no travesseiro mas não consegui dormir por horas. Desde da conversa com a Miih que eu não tirava essa história da cabeça. Já era de madrugada e eu fiquei me remexendo na cama tentando achar uma posição confortável.

Eu não conseguia mais fingir que aquilo não me afetou.

Nascer nos Estados Unidos sendo negro significa estar condenado pro resto da vida. Você tem que aprender desde de criança como se "comportar". Me lembro da minha mãe sentar comigo no sofá da sala assim que comecei a ir para a escola sozinho, e me ensinar três coisas:

Nunca responder polícias ainda que você seja esteja certo, não queremos dar motivos para mais violência.

Nunca correr em um lugar público.

Nunca fazer movimentos bruscos demais.

Isso é uma das coisas mais pesadas para se dizer para uma criança de dez anos. Mas foi  necessário ainda assim. Quando você chega em um evento um pouco mais luxuoso as pessoas te olham torto e desconfiadas. As pessoas arranjam qualquer motivo para te manterem longe ou te insultar pelos motivos mais variados. Me lembro de estar na faculdade apresentando o trabalho do semestre e errar algo, alguém no fundo da sala disse "tinha que ser preto", a sala toda riu e eu me lembro de dar um riso de canto e chorar por horas assim que sai da sala.

Lembro de ter que fazer o triplo de testes ao entrar no FBI, porque "o meu tipo de gente não é confiável".Lembro ter sido parado várias vezes apenas por andar sozinho a noite. Quando virei agente eu achei que toda essa perseguição ia acabar. Mas só piorou.

Eu queria entender o porque de tudo isso. Negros e brancos. Precisam dos mesmos remédios. Tem os mesmos órgãos. Precisam de comida. A gente sangra igual. Pessoas como nós morrem todos os dias por causa de pessoas com a cabeça fraca.