Capítulo 41

23 2 0
                                    

O senhor X observou Billy Riddle entrar no escritório. Ia vestido com uma pólo azul escuro e um par de calça curta caqui, estava brozeado, saudável, forte.

_ Sansei. _ Billy inclinou a cabeça.

_ Como está, filho?

_ Meditei.

O senhor X aguardou a resposta, surpreendo-se de quão importante podia chegar a ser para ele.

_ Quero trabalhar pra você. O senhor X sorriu.

_ Isso está bem, filho. Muito bem.

_ O que tenho que fazer? Terei que preencher os formulários da academia?

_ É algo mais complicado que isso. Na realidade não trabalhará para a academia.

_ Mas pensava que havia dito...

_ Billy, há algumas coisas mais que terá que entender. E há o pequeno detalhe da iniciação.

_ Quer dizer um rito? Por que isso será um problema. Já passei por um pra entrar no clube de futebol.

_ Temo que será um pouco mais delicado. Mas não se preocupe, eu passei por isso e sei que se sairá bem. Direi a você o que tem que trazer e eu estarei a seu lado. Todo o tempo. Depois de tudo, ver o Ômega em plena ação era algo que ele não podia perder.

_ Sensei, eu, né... _ Riddle pigarreou.

_ Só quero que saiba que não o decepcionarei. O senhor X sorriu lentamente, pensando que essa era a melhor parte de seu trabalho.

Ficou de pé e se aproximou do Billy. Apoio uma mão sobre o ombro do moço, dando um pequeno apertão e o olhou fixamente nos grandes olhos azuis. Billy entrou suavemente em transe.

O senhor X inclinou para frente e lhe tirou cuidadosamente o pente de diamantes. Logo segurou o lóbulo entre o polegar e o indicador, e o massageou. Sua voz era forte e tranquila:

_ Quero que chame a seu pai e lhe diga que vai sair de casa, e que o fará imediatamente. Diga a ele que encontrou um emprego e que tem que fazer um estágio intensivo de preparação.

O senhor X tirou de Riddle o Rolex de aço inoxidável e depois abriu a gola da camisa. Introduziu a mão, e tocou a corrente de platina que Billy usava no pescoço. Abriu o fecho, deixando-a cair na palma da mão. O metal estava morno pelo contato com a pele.

_ Quando falar com seu pai, conversará com calma sem se importar com o que ele diga. Tranquilizará a ele dizendo que seu futuro é prometedor e que foi eleito entre muitos aspirantes para um trabalho muito importante. Dirá a ele que sempre poderá encontrar você em seu celular, mas que será impossível vê-lo porque estará viajando.

O senhor X percorreu o peito de Billy com a mão, sentindo as protuberâncias dos músculos a calidez da vida, o murmúrio da juventude. Quando poder esse corpo, pensou. Quanta força maravilhosa.

_ Não mencionará a academia. Não revelará minha identidade. E não lhe dirá que deverá viver comigo. _ O senhor X falou diretamente ao ouvido de Billy.

_ Dirá a seu pai que lamenta todas as coisas más que fez. Dirá que o ama. E logo eu buscarei você para levá-lo comigo.

Enquanto Billy respirava profundamente em pacífica submissão, o senhor X recordou sua própria cerimônia de iniciação. Durante um instante fugaz, desejou ter meditado um pouco mais aquela oferta que tinha aceito décadas atrás.

Agora seria ancião. Talvez tivesse netos, se tivesse encontrado a uma mulher que tivesse suportado permanecer ao seu lado durante algum tempo. E teria tido uma vida normal, talvez trabalhando em uma das fábrica de papel ou em um posto de gasolina. Teria sido um a mais entre centenas de milhões de homens anônimos com esposas queixosas, bebendo com seus amigos ao cair da noite e passando seus valiosos dias submerso em uma pluma de insatisfação por sua insignificância.

Mas estaria vivo.

Ao olhar nos brilhantes olhos azuis de Billy, o senhor X se perguntou se realmente tinha saido ganhando com a mudança. Porque já não era dono de si mesmo. Era um servente que agia ao capricho do Ômega. O servente principal, era certo, mas servente afinal.

E nunca guardariam luto por ele. Porque nunca deixariam de respirar... ou porque ninguém sentiria falta dele quando exalasse seu último suspiro. Franziu o cenho.

De qualquer forma, já não importava muito, porque não podia volta a atrás. E isso era a primeira coisa que aprenderia Riddle essa noite. O senhor X liberou a mente e o corpo de Riddle.

_ Está tudo claro?

Billy assentiu, enjoado. Baixou a vista e se olhou, como se perguntasse o que tinha acontecido.

_ Bem, agora me dê seu celular. _ Quando Billy lhe entregou o telefone, o senhor X sorriu.

_ O que é que se diz, filho?

_ Sim, sensei.

Amante sombrio Onde histórias criam vida. Descubra agora