Capítulo 3

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   Á medida que atravessava Screamer's, Wrath esboçou um depreciativo sorriso enquanto a multidão tropeçava entre si para se afastar de seu caminho. De seus poros emanava medo e curiosidade mórbida e luxuriosa. O vampiro inalou o fétido aroma.
Gado. Todos eles.
   Apesar de usar os óculos escuros, seus olhos não podem suportar a tênue luz, e teve que fechar as pálpebras. Sua vista era tão ruim que ficava muito mais cômodo em total escuridão. Concentrando-se em seu ouvido esquivou os corpos entre os compassos da música, isolando o arrastar dos pés, o sussurro de palavras, o som de algum copo se estilhaçando-se contra o chão. Se tropeçasse em algo, não lhe importava. Dava no mesmo o que fosse: uma cadeira, uma mesa, um humano..., simplesmente passava por cima do que fosse.

   Notou a presença do Darius claramente porque o seu era o único corpo daquele maldito lugar que não cheirava a talco a pânico. Embora o guerreiro estivesse no limite essa noite.

   Wrath abriu os olhos quando estava na frente do outro vampiro. Darius era um vulto disforme, sua cor escura e sua roupa negra eram só o que a vista de Wrath conseguia distinguir.

_ Onde foi Tohrment? _ perguntou ao sentir um cheiro de uísque escocês.

   Wrath se sentou em uma cadeira. Olhou fixamente á frente e observou á multidão ocupando de novo o espaço que ele tinha deixado entre eles.
Esperou.

   Darius se distinguia por não andar pelo ramo e sabia que Wrath não suportava que o fizessem perder seu tempo. Se guardasse silêncio, era porque algo acontecia.
Darius bebeu um gole de sua cerveja, logo respirou com força.

_ Obrigado por vim, meu senhor...

_ Se quiser algo de mim, não comece com isso. _ disse Wrath com voz lenta, advertindo que uma garçonete se aproximava. Pôde perceber uns seios grandes e um pouco de pele entre a blusa apertada e a saia curta.

_ Querem algo de beber? _ perguntou ela lentamente. Ficou tentado em sugerir que se deitasse sobre a mesa e deixasse ele beber de sua jugular. O sangue humano não o manteria vivo muito tempo, mas com toda segurança teria melhor sabor que o álcool aguado.

_ Agora não _ disse.

   Seu hermético sorriso excitou a ansiedade dela lhe causando, ao mesmo tempo, uma rajada de desejo. Ele pôde notar esse aroma nos pulmões.
Não estou interessado, pensou.

   A garçonete assentiu, mas não se moveu, ficou ali, olhando-o fixamente,  com o seu cabelo loiro curto formando um helo na escuridão ao redor de seu rosto. Encantada, parecia  ter esquecido seu próprio nome e seu trabalho. E que incômodo era aquilo. Darius se mexeu impaciente.

_ Isso é todo. _ murmurou _ Estamos satisfeitos.

   Quando a moça se afastou, perdendo-se entre a multidão, Wrath escutou Darius clarear a garganta.

_ Obrigado por vir.  _ Isso vai há... conhecemos-nos faz tempo.  _ Assim é.

_ Lutamos juntos muitas vezes, eliminamos a montes de lessers. Wrath assentiu.

    A irmandade da Adaga Negra tinha protegido a raça contra a sociedade Lessening durante gerações. Estavam Darius, Tohrment e os outros quatros. Os irmãos eram superados em números pelos lessers, humanos sem alma que serviam a um malvado amo, Omega. Mas Wrath e seus guerreiros estavam decididos a protege aos seus.

   Darius pigarreou de novo _ depois de todos esses anos...

_ D vá direto ao assunto. Marissa necessita de mim para um pequeno assunto esta noite.

_ Quer utilizar minha casa outra vez? Sabe que não permito que ninguém mais fique nela.

_ Darius deixou escapar uma risada incômoda.

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