Capítulo 16

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   Buth pegou o telefone e pediu à central que enviasse alguém imediatamente ao pátio traseiro de Beth para recolher as armas e o dinheiro que tinha deixado oculto sob sua jaqueta. Enquanto conduzia, tinha um olho na estrada e outro no retrovisor. O suspeito também o olhava fixamente, com um sorriso malicioso em seu perverso rosto. Jesus aquele tipo era enorme. Ocupava a maior parte do assento traseiro e tinha a cabeça dobrada para  não bater contra o teto quando passava por cima de algum buraco.

   Butch estava ansioso por tirá-lo do maldito carro menos de cinco minutos depois, saiu da rua Trade para entrar no estacionamento da delegacia de polícia e deixou o veículo tão perto da entrada posterior como foi possível. Saiu e abriu a porta traseira.

_ Não me cause problemas, viu? _ disse agarrando o braço do suspeito.

O homem ficou de pé. Buth empurrou-o. Mas o suspeito começou a caminhar para trás, afastando-se da delegacia de polícia.

_ Caminho equivocado.

   O policial se deteve com firmeza, afundando os calcanhares no pavimento, e empurrou outra vez com força.

   Mas o suspeito contínuou avançando, arrastando ao Butch com ele.

_ Acredita que não vou disparar? _ perguntou o detetive, pegando sua arma.

De repente, tudo se transformou.

   Butch nunca tinha visto ninguém mover-se tão rápido. Em um segundo, o sujeito, que tinha os braços atrás das costas, atirou as algemas ao chão e, com apenas um par de movimentos, o detetive foi desarmado, imobilizado com um braço ao pescoço e arrastado a um lugar escuro.

   A escuridão os tragou. Enquanto Butch lutava para defender-se, precaveu-se de que estava no estreito beco entre a delícia de polícia e o edifício de escritórios vizinhos. Era muito estreito, não estava iluminado e tampouco havia janelas.

   Quando Butch saltou pelos ares foi empurrado contra a parede de tijolos, o pouco ar que ficava em seus pulmões saiu imediatamente. De maneira inconcebível, o homem o levantou do chão sustentando-o pelo pescoço com apenas uma mão.

_ Não devia intrometer-se oficial _ disse o homem com grunhido profundo e acentuado.

_ Devia seguir seu caminho e deixa que ela viesse comigo.

   Butch agarrou a uma barra de ferro. A enorme mão fechada ao redor de sua garganta estava bloqueando o último fôlego de vida. Tentou respirar,  procurando ar desesperadamente. Sua visão se fez imprecisa. Estava a ponto de perder a consciência.

   Soube, sem sombra de dúvidas, que não tinha escapatória. Sairia do beco no interior de uma bolsa como, o homem lhe tinha prometido.

   Um minuto mais tarde abandonou toda a resistência; seus braços cairam inertes e ficaram pendurados. Ele queria lutar. Possuía vontade para fazê-lo, mais suas forças se esgotaram.

   E a morte? Aceitava-a, ia morrer cumprindo com seu dever, embora como um idiota, por não ter pedido reforços. Mesmo assim, era melhor e mais rápido que acabar em uma de hospital com alguma enfermidade lenta e desagradável. E mais honroso que suicidar-se de um disparo. O qual era algo que Buth tinha baralhado mais de uma vez.

   Com seu último fôlego, tentou dirigir o olhar ao rosto do homem. Sua expressão era de absoluto controle.

Este tipo fez isso antes. E está acostumado a matar. Por Deus Beth.

   Remexeram-se as vísceras ao pensar no que poderia fazer um homem como aquele a Beth.

   Wrath sentiu que o corpo do policial se relaxava. Ainda estava vivo. Mas não ficaria por muito tempo.

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