Capítulo 31

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O senhor X arranjou a serra sobre a mesa de trabalho _ limpou as mãos com uma toalha.

Bem, diabos, pensou. O maldito vampiro tinha morrido. Tinha tentado por todos os meios despertar ao macho, inclusive com cinzel, e tinha revirado completamente o celeiro durante o processo. Havia sangue de vampiro por toda parte. Ao menos a limpeza seria fácil.

O senhor X se dirigiu para as portas duplas e as abriu. Justo neste momento o sol despontava sobre uma colina longínqua e uma encantadora luz dourada se ia estendendo por toda paisagem. Retrocedeu quando o interior do celeiro se iluminou.

O corpo do vampiro explodiu com uma labareda, o resto do sangue que empapava o chão sobe a mesa se evaporou em uma nuvem da fumaça.
Uma suave brisa matutina levou para longe o fedor de carne queimada.

O senhor X se dirigiu para a luz da amanhã, olhando a neblina que começava a dissipar-se sobre a grama da parte traseira. Não estava disposto a assumir que tinha fracassado. O plano teria funcionado se encontrasse com esses policiais e não precisasse utilizar dos dardos suplementares com seu prisioneiro. Só precisava voltar a tentar.

Sua obsessão pela tortura fazia com que sentisse ansioso.

Entretanto, no momento tinha que parar os assassinatos de prostitutas. Aqueles estúpidos policiais serviram também para lhe recordar que não podia agir quando tivesse vontade e que podiam prendê-lo.

A idéia de encontrar-se com a lei, _ não era especialmente incômoda. Mas se orgulhava da perfeição de suas operações.

Por isso tinha escolhido às prostitutas como ceva. Suponha que se uma ou duas apareciam mortas, não seria motivo de escândalo. Era menos provável que tivesse uma família que chorasse por elas, por isso a polícia não estaria tão pressionada para terminar o assassino. Quando a inevitável investigação, teriam muitos suspeitos entre os alcoviteiros e delinquentes que trabalhavam no becos, onde a polícia poderia escolher.

Mas isso não significava que pudesse se tornar-se descuidado. Nem que abussasse do Vale das prostitutas.

Retornou ao celeiro, guardou suas ferramentas e se dirigiu para a casa. Revisou suas mensagens antes de tomar uma ducha.

Havia várias.

O mais importante era do Billy Riddle. Evidentemente, o moço tinha tido um encontro perturbador na noite anterior e tinha chamado pouco depois da uma da madrugada.

Era bom que tivesse procurando consolo, pensou o senhor X. E provavelmente tinha chegado o momento de ter uma conversa sobre seu futuro.

Uma hora depois, o senhor X se dirigiu à academia, abriu as portas e as deixou sem colocar o ferrolho.

Os lessers aos quais tinha ordenado reunir-se com ele para lhe informar começaram a chegar depois. Pôde ouvi-los falar em voz baixa no vestíbulo ao lado de seu escritório. No momento em que se aproximou deles, calaram-se e ficaram olhando-o. Vestiam trajes de tarefa negros, seus rostos estavam sombrios. Só havia um que não estava descolorido. O corte e a escova do cabelo negro do senhor O destacava entre outros, ao igual a seus olhos castanhos.

Conforme passava o tempo que permanecia um lesser na Sociedade, suas características físicas individuais iam diluindo progressivamente. Os cabelos castanhos, negros e avermelhados ficavam cor cinza pálido, os matizes amarelados, carmesim ou brozeados da pele se transformavam em um alvo descolorido. O processo geralmente demora uma década, embora ainda se vissem algumas mechas escuras ao redor do rosto de O.

Fez uma rápida recontagem. Todos os membros dos seus dois primeiros esquadrões estavam ali, assim fechou com grave a porta exterior da academia e escoltou ao grupo ao porão. Suas botas ressoaram forte e nitidamente no vão da escada metálica.

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