Capítulo 52

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Na sala de espera da sala de cirurgia, Havers tirou as luvas de látex e jogou-as em um contêiner de lixo hospitalar. Suas costas doíam depois de passar horas inclinado sobre Wrath, costurando-lhe o intestino e cuidando da ferida em seu pescoço.

_ Ele irá viver? _ perguntou Marissa, quando o viu sair da sala de cirurgia. Estava fraca por todo o sangue que havia lhe dado. Pálida, mas enérgica.

_ Logo saberemos. Espero que sim.

_ Eu também _ fez menção de afastar, negando-se a olhá-la nos olhos.

_ Marissa...

_ Sei que sente muito. Mas não é a mim que deve oferecer seu arrependimento. Poderia começar com Beth. Se é que algum dia estará pronta para ouvi-lo.

Enquanto a porta se fechava com um ele chiado, Havers fechou os olhos.

Oh, Santo Deus, a dor no peito. A dor por ações que nunca poderiam ser desfeitas.

Havers deslizou contra a parede lentamente até ficar sentado no chão e tirou a toca cirúrgica da cabeça.

Por sorte, o Rei Cego tinha a constituição de um verdadeiro guerreiro. Era forte de corpo e forte de vontade. Embora não tivesse sobrevivido sem o sangue puro de Marissa.

Ou, possivelmente, sem a presença de sua companheira. Beth tinha permanecido ao seu lado durante toda a operação. E, apesar de o guerreiro ter estado o tempo todo inconsciente, sua cabeça permaneceu virada para ela. Beth falaram com ele durante horas, até quase ficar rouca.

E ainda se encontrava ali com ele, então esgotada que quase não podia sentar-se ereta, mas tinha se negado a deixar que examinassem as suas feridas, e não quis comer. Não queria se separar de seu hellren.

Havers se levantou e, cambaleando, dirigiu-se até a pia do laboratório. Abriu a torneira de aço inoxidável e inclinou-se, olhando fixamente a água correndo. Sentiu vontade de vomitar, mas seu estômago estava vazio.

Os irmãos estavam lá fora. Esperando que ele levasse notícias. E sabiam o que ele havia feito.

Antes que Havers começasse a operar, Tohrment o tinha pegado pela garganta. Se Wrath morresse na mesa de operações, o guerreiro jurara que os irmãos o pendurariam pelos pés e o golpeariam com os punhos nus até sangrá-lo. Ali em sua própria casa.

Não havia dúvida de que Zsadist lhe contará tudo.

Deus, se pudesse retornar áquele beco, pensou Havers. Se nunca tivesse ido ali. E nunca deveria ter se aproximado de um membro da Irmandade com uma proposta tão ultrajante. Nem mesmo daquele que não tinha alma.

Depois de fazer a proposta a Zsadist, o irmão o olhou fixamente com seus terríveis olhos negros, e Havers se deu conta imediatamente, de que cometera um engano. Zsadist podia estar cheio de odeio, mas não era um traidor, e se ofendeu com a proposta.

_ Mataria de graça _ grunhira Zsadist

_ Mas só se você fosse o alvo. Caía fora daqui, antes que eu saque minha faca.

Nervoso Havers havia se afastado dali apressado, para perceber que estava sendo seguido pelo que supôs ser um redutor. Era a primeira vez que se encontrava perto de um morto-vivo, e se surpreendeu que os membros da Sociedade tivessem a pele tão claros. Mesmo assim, aquele homem representava a maldade em estado puro e estava preparado para matar. Encurralado em um canto do beco, enlouquecido pelo medo. Havers começará a falar não só para conseguir seu objetivo, mas também para evitar seu assassinato. O redutor se mostrou cético a princípio, mas Havers sempre fora persuasivo, e a palavra rei, usada deliberadamente, havia atraído sua atenção. Informações foram passadas. Quando o redutor partiu, a sorte estava lançada.

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