Capítulo 40

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   Marissa entrou em sua residência, deu um pequeno giro, como um passe de baile, sentindo-se tão vaporosa como seu vestido.

_ Onde esteve?

   Deteve-se em metade da volta e o tecido fez um rápido redemoinho no ar. Havers estava sentado no divã, com um rosto sombrio.

_ Perguntei onde esteve.

_ Por favor, não use esse tom...

_ Viu a besta.

_ E não é uma...

_ Não o defenda ante mim!

   Ela não ia fazer isso. Ia contar a seu irmão que Wrath tinha escutado suas recriminações e aceito toda sua culpa. Que tinha se desculpado e seu arrependimento tinha sido evidente, e embora suas palavras não pudessem compensar o que tinha acontecido, ela se sentia liberada, e ao fim tinha sido ouvida. E apesar de seu antigo hellren tinha sido a razão pela qual tinha ido a casa de Darius, não tinha permanecido ali por sua causa.

_ Havers, por favor.  As coisas são muito diferentes. _ Depois de tudo, Wrath lhe havia dito que tomaria companheira. E ela havia... conhecido alguém.

_ Tem que me escutar.

_ Nao, não quero fazê-lo. Sei que ainda vais vê-lo. Isso e suficiente.

   Havers se levantou do divã, movendo-se sem sua elegância habitual. Quando a luz o iluminou, ela ficou horrorizada. Tinha a pele cinzenta e as bochechas afundadas. Ultimamente tinha emagrecido muito,  mas agora parecia um esqueleto.

_ Está doente _ sussurrou ela.

_ Estou perfeitamente bem.

_ A transfusão não funcionou, verdade.

_ Não tente mudar de assunto! _ Olhou-a furioso. Deus, nunca pensei que chegaremos a isto. Nunca pensei que faria as coisas escondido de mim.

_ Não me escondi!

_ Disse-me que tinha quebrado o pacto.

_ E o fiz.

_ Mente.

_ Havers, me escute...

_ Agora não! _ Não a olhou no rosto quando abriu a porta.

_ É a única que me resta, Marissa. Não me peça que fique de lado amavelmente e seja testemunha de sua destruição.

_ Havers!

A porta se fechou de repente.

   Com implacável decisão saiu correndo ao corredor.

_ Havers!

   Ele estava ao primeiro degrau e se negou a voltar-se para olhá-la. Deu um tapa no ar atrás dele, rechaçando-a. Ela retornou a seu quarto e se sentou a penteadeira. Transcorreram uns minutos antes que pudesse recuperar o ritmo da respiração.

   A ira de Havers era compreensível, mas temível pelo intensa inusitada. Nunca tinha visto seu irmão em semelhante estado. Estava claro que não poderia raciocinar com ele até que se acalmasse.

   Ao dia seguinte falaria com ele. Ela explicaria tudo, inclusive sobre o novo macho que tinha conhecido. Olhou-se no espelho e pensou como havia tocado o humano. Elevou a mão, sentindo de novo sensação daqueles lábios sugando seu dedo. Queria mais dele. Suas presas se alargaram sutilmente. Que sabor teria seu sangue?

 Que sabor teria seu sangue?

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