Capítulo 51

18 2 0
                                    

Por quase uma hora, Beth observou seus dois sequestradores correndo de um lado para o outro como se tivessem convencidos de que Wrath viria procurá-la a qualquer momento. Mas como saberia ele onde estava? Não era provável que o cara loiro houvesse deixado uma nota de resgate. Pelo menos, não que ela tivesse notado.

Tentando se livrar uma vez mais daquelas tiras metálicas que a prendiam, olhou para o outro lado do celeiro. O sol estava se pondo, as sombras começavam a se alongar sobre a grama e o caminho de cascalho. Enquanto Billy fechava as portas duplas, ela pôde vislumbrar uma última imagem do céu escurecendo, e, então, o viu correr as grossas trancas da porta.

Não tinha dúvida de que Wrath viria procurá -la. Não tinha a menor dúvida. Mas, certamente demoraria horas para encontrá-la, e não estava certa de que tivesse tanto tempo. Billy Riddle olhava seu corpo com tanto ódio, que temia que mais cedo ou mais tarde perdesse a razão. Provavelmente mais cedo.

_ Agora é esperar _ disse o homem loiro, consultando seu relógio.

_ Não demorará muito. Quero você armado. Coloque uma pistola na cintura e prenda uma faca no tornozelo.

Billy armou-se com verdadeiro entusiasmo. E teve fartura para escolher. Havia semiautomáticas, espingardas e facas afiadas para equipar todo um grupo militar.

Depois de escolher uma faca de caça de trinta centímetros, virou-se para olhá-la.

As palmas das mãos dela, antes frias, agora estavam úmidas de suor.

Ele deu um passo adiante.

De repente, Beth aguçou o ouvido e olhou para a direita, ao mesmo tempo que os dois homens. O que era aquele som?

Era como um ritumbar. Um trovão? Um trem? Cada vez soava mais forte.

E logo ouviu um estranho tilintar, como o agitar de um sino dos ventos. Sobre a mesa onde se encontrava a munição alinhada, balas soltas quicavam e se chocavam entre si.

Billy olhou fixamente para o líder.

_ Que diabos é isso?

O homem repirou fundo enquanto a temperatura do ambiente caía vertiginosamente.

_ Prepare-se, Billy.

O som se converteu em um rugido. E o celeiro tremia com tamanha violência, que o pó das vigas caía, formando uma fina neve que se espalhava pelo ar, turvando a visão como uma espessa névoa.

Billy ergueu as mãos para proteger a cabeça.

As portas do celeiro se despedaçaram ao serem totalmente abertas por uma fria explosão de fúria. A construção inteira se moveu sob a força do impacto, vigas e tábuas estremeceram e rangeram.

Wrath ocupava a soleira da porta, o ar ao seu redor vinha carregado de vingança, de ameaça, de promessa de norte. Beth sentiu seus olhos fixos nela, e logo um estrondoso rugido de guerra saiu de sua garganta, tão forte que lhe feriu os ouvidos. A parte de então, Wrath fez a festa. Com movimento tão rápido que seus olhos não puderam acompanhá-lo, dirigiu-se para o loiro, agarrando-o e o arremessou contra a porta de um estábulo. O homem pareceu não se alterar e atacou Wrath com um murro no queixo. Os dois lutaram e golearam-se mutuamente, chocando-se contra as paredes, quebrado tudo que encontravam em seu caminho. Apesar das armas que levam, preferiram combater corpo a corpo, a expressão selvagem, os lábios apertados e seus tremendos corpos causando estragos e sofrendo golpes.

Ela não queria olhar, mas não podia afastar a vista. Ainda mais quando Billy pegou uma faca e partiu com ela em direção às costas de Wrath. Com um giro veroz, ele o agarrou e arremessou pelos ares. O corpo de Riddle voou até aterrissar no outro extremo do celeiro.

Amante sombrio Onde histórias criam vida. Descubra agora