Capítulo 17

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   Enquanto acelerava o passo pelo beco, Beth sabia que estava arriscando a vida. Era enorme a probabilidade qua a tivessem enganando. E nada menos que um assassino. Mas como tinha cido capaz de saber o que estava sentindo?

   Antes de virar a esquina, voltou a olhar ao Butch. Tinha uma mão estendida como se quisesse alcançá-la. Não pôde lhe ver o rosto devido a escuridão, mas seu desesperado desejo atravessou a distância que os separavam. Vacilou, perdendo o ritmo de seus passos. Wrath a agarrou pelo braço.

_ Beth, vamos.

   Que Deus a ajude começou a correr de novo. No instante em que saíram a Trade. Fez gesto a um táxi que passava. Graças a Deus, deteve-se em seco, subiram a toda pressa e Wrath deu uma direção que se encontrava a um par de ruas de distância da Avenida Wallace. Obviamente era uma manobra de desorientação.

   Deve fazê-lo com muita frequência, pensou. Quando o táxi arrancou, sentiu o olhar de Wrath do outro extremo do assento.

_ Esse policial! _ perguntou ele.

_ Significa algo pra você?

   Ela pegou o celular e discou o número da delegacia de polícia.

_ Eu fiz uma pergunta. _ Wrath utilizou o tom cortante.

_ Vá para o inferno. _ Quando escutou a voz de Rick, respirou profundamente.

_ José está?

   Não demorou mais de um minuto para encontrar ao outro detetive, e quando finalizou a chamada já tinha ultrapassado a soleira da porta para procura o Butch. José não tinha feito muitas perguntas, mas ela sabia que viriam depois. E como ia explicar por que tinha fugido com o suspeito.

Isso a convertia em cúmplice ou não?

   Beth guardou o telefone na bolsa. Tremiam-lhe as mãos, e se sentia um pouco enjoada. Também notava que lhe faltava oxigênio, embora o táxi tivesse ar condicionado e a temperatura era agradavelmente fresca. Abriu o vidro. Uma brisa cálida e umida lhe alvoroçou o cabelo.

   O que tinha feito com seu corpo à noite anterior e com sua vida nesse momento.

   O que era o seguinte? Incendiar seu apartamento? Detestava o fato de que Wrath tivesse colocado frente a ela a única reclamação a que não podia resistir. Claramente era um criminoso. Aterrorizava-a, mais mesmo assim seu corpo se avivava só de pensar em um de seus beijos. E odiava que ele soubesse que tinha conseguido lhe fazer experimentar os primeiros orgasmos de sua vida.

_ Nos deixe por aqui _ disse Wrath ao condutor dez minutos mais tarde.

   Beth pegou uma nota de vinte dólares, pensando que tinham sorte que ela levasse dinheiro em efetivo. O dinheiro do Wrath aquele enorme moço de bilhete, se encontrava no chão de seu pátio traseiro. Não estava precisamente em condições de pagar o trajeto.

   Ainda não podia acreditar que fosse a uma casa estranha com aquele homem. O táxi se afastou e eles seguiram caminhando pela calçada de um bairro tranquilo e luxuoso. A mudança de cenário era absurda. Da violência daquele beco aos ondulados jardins e os maciços de flores. Estava disposta a aposta que as pessoas que viviam naquela casa nunca tinham fugido da polícia.

   Voltou à cabeça para olhar ao Wrath , que ai uns passos atrás dela. Examinava os arredores como se tomasse um ataque surpresa, embora Beth não soubesse como era capaz de distinguir algo com seus óculos negros. Não entendia o por que os levava sempre posto, além de impedi-lo de ver corretamente, eram tão chamativos que atraiam atenção sobre ele. Se alguém tinha que descrevê-lo o fazia com enorme precisão em segundos.

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