Capítulo 53

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   Dois dias mais tarde, Wrath tentou se levantar antes que os irmãos entrassem. Não queria que o vissem deitado. O soro conectado a seu braço e todas aquelas máquinas atrás dele já era bastante desagradável.

   Mas, ou menos, tinham retirado o cateter no dia anterior. E havia conseguido se barbear sozinho e lavar-se um pouco. Poder levar o cabelo é maravilhoso.

_ O que está fazendo? _ perguntou Beth, quando surpreendeu sua movimentação.

_ Sentando...

_ Ah, não, não pode _ pegou o controle da cama e elevou a cabeceira.

_ Ah, diabos, leelan, agora permanecerei deitado e sentado ao mesmo tempo.

_ Assim está bem _ ela inclinou para ajeitar os lençóis, e ele reparou na curva de seus seios. Seu corpo se inflamou. No lugar certo.

   Mas a onda de desejo o fez pensar na cena que haviam encontrado no celeiro. Ela presa naquela mesa. Pouco lhe importou que os redutores não pudessem ter ereções.

Agarrou-a pela mão.

_ Leelan?

_ Sim?

_ Tem certeza de que está bem? _ haviam falado do que acontecera, mas ele continuava preocupado.

_ Já lhe disse. A ferida de minha coxa está se cicatrizando...

_ Não estou falando do físico _ disse ele com vontade de matar Billy Riddle outra vez.

   Por um instante, o semblante dela se anunviou.

_ Já lhe disse, vou ficar bem. Por que me nego que seja de outra maneira.

_ É muito valente. E resistente. Assombra-me.

Ela sorriu, e se inclinou para lhe dar um beijo rápido. Mas ele a imobilizou, e falou bem pertinho dos lábios dela:

_ E obrigado por me salvar a vida. Não só no celeiro, mas também pelo resto dos meus dias.

   Beijou-a intensamente, alegrando-se por ouvi-la ofegante de prazer. Aquele som fez com que seu membro também renascesse e ele roçou as pontas dos dedos em sua clavícula.

_ O que acha de deitar um pouco aqui comigo?

_ Não acho que já esteja completamente preparado para isso.

_ Quer apostar? _ agarrou-lhe a mão e colocou debaixo dos lençóis.

   Sua risada gostosa ao prendê-la de leve pareceu-lhe outro milagre. Assim como sua constante presença no quarto, sua implacável proteção, seu amor, sua força.

   Ela era tudo para ele. Seu mundo inteiro. De indiferente e respeitoso pela própria vida passara a ficar desesperado para viver. Por ela. Por eles. Por seu futuro.

_ O que acha de esperamos só mais um dia? _ perguntou ela.

_ Uma hora?

_ Até que possa sentar sozinho.

_ Combinado.

   Graças a Deus se recuperava com rapidez. A mão dela deixou o seu corpo.

_ Posso deixar os irmãos entrarem?

_ Sim _ respirou fundo.

_ Espere. Quero que escute o que vou dizer.

   Puxou-a suavemente para baixo, até que tivesse sentado na beira.

_ Vou deixar a Irmandade.

   Beth fechou os olhos, como se não quisesse que ele visse o enorme alívio que sentia.

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