Capítulo 26

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   Beth observou com estupor como Wrath se afastava com uma indiferença absoluta. Deu-lhe a sensação de que não estava nem ai se ela jantava com ele ou não.

   Se não tivesse refletido ainda sobre a convivência daquele encontro, teria sido totalmente insultada. Ele a tinha convidado para jantar. Então porque se mostrou tão contrariado quando ela tinha aparecido? Esteve tentada de voltar sobre seus passos e sair correndo daquela casa.

   Mas seguiu até a sala de jantar porque lhe pareceu que não tinha escolha. Havia tantas coisas que queria saber, coisas que só ele poderia  lhe explicar. Mas se tivesse outra forma de obter a informação que precisa perguntando a qualquer outra  pessoa, não estaria ali.

   À medida que avançava diante dela, concentrou-se em sua nuca, tentando ignorar sua enérgica passada. Mas não pôde subtrair a seus poderosos movimentos. Ele caminhava com desenvoltura que fazia com que seus ombros se agitassem a cada passo sob sua elegante jaqueta. Enquanto seus braços se balançavam, ela sabia que suas coxas se contraiam e relaxavam. Imaginou nu, e com os músculos i
endurecendo-se sob sua pele.

   Butch ressonou em sua cabeça: Um homem como esse leva o assassinato na vida. É parte de sua natureza. Entretanto, na noite anterior Wrath lhe tinha pedido que partisse quando considerou que era um perigo para ela.

   Disse a si mesma que tinha que esquecer-se de tratar de conciliar todas aquelas contradições. Todas suas reflexões eram tão inúteis como tentar adivinhar o futuro nas folhas de chá. Precisava seguir seu instinto e este lhe dizia que Wrath era a única ajuda que tinha.

   Ao entrar na sala de jantar, a formosa mesa posta para eles foi uma agradável surpresa. Havia um centro de narcisos e orquídeas, candelabros de marfim e a porcelana e a prata reluziam com todo o seu esplendor.

Wrath deu a volta e retirou uma cadeira, esperando que ela se sentasse.

   Deus, estava fantástico com aquele traje. Pela abertura da camisa aparecia seu pescoço, e a seda negra fazia com que sua pele parecesse bronzeada. Era uma pena que estivesse tão mal humorado. Seu rosto  parecia tão pouco amistoso como seu temperamento, e com o cabelo penteado para trás, seu queixo ressaltava ainda mais sua agressividade.

   Algo o tinha deixado assim. Algo muito grave. Justo o homem para um encontro perfeito _ pensou ela. _ Um vampiro iracundo com maneiras de brutamontes.

   Aproximou-se com cautela. Quando afastou a cadeira para que ela sentasse, podia jurar que ele inclinou e inalou profundamente o perfume de seu cabelo.

_ Por que demorou tanto? _ perguntou ele, sentando-se à cabeceira da mesa. Ante seu silêncio, ele arqueou uma sobrancelha que sobressaiu nas lentes de seus óculos de sol.

_ Demorou Fritz em convencê-la que viesse?

   Para entreter-se em algo, ela pegou o guardanapo e o desdobrou em seu seu colo.

_ Não foi nada disso.

_ Então o que aconteceu.

_ Butch nos seguia. Tivemos que esperar até que conseguimos despistá-lo.

   Ela percebeu que o ar ao redor de Wrath se obscurecia, como se seu aborrecimento absorvesse a luz diretamente.

   Fritz entrou com dois pequenos pratos de salada. Colocou-os sobre a mesa.

_ Vinho? _ perguntou.

Wrath assentiu com a cabeça.

   Uma vez que o mordomo terminou de servir o vinho e saiu, ela segurou um pesado garfo de prata, obrigando-se a comer.

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