Capítulo 28

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   Havers entrou em seu laboratório e perambulou durante alguns instantes sem saber muito bem o que fazer, ressonar seus passos sobre o pavimento branco. Depois de dar um par de voltas ao redor da sala, decidiu sentar-se em seu lugar habitual. Acariciou o elegante pescoço esmaltado de seu telescópio, as inumerosas provetas e recipientes de cristal que havia nas prateleiras, ouviu os zumbido das geladeiras, o ronrono monótono do sistema de ventilação no teto e percebeu o persistente aroma do desinfetante Ly sol.

   Aquele ambiente científico lhe recordou o objetivo de sua investigação, e o orgulho que sentia por sua grande capacidade mental.

   Considerava-se civilizado, capaz de controlar suas emoções, bom para responder logicamente aos estímulos. Mas não tinha força para controlar o ódio e a fúria que o invadiam. Aquele sentimento era muito violento, muito perigoso.

   Estava forjando vários planos, e todos implicavam derramamento de sangue. Mais a quem queria enganar? Se pretendia levantar embora só fora uma simples navalha contra Wrath, o único sangue derramado seria o dele mesmo.

   Preciva encontrar a alguém que soubesse matar. Alguém que pudesse aproximar-se do guerreiro. Quando encontrou a solução percebeu-lhe tremendamente o óbvio. Já sabia quem procura e onde encontrá-lo.

   Havers se dirigiu para a porta. E sua satisfação fez aparecer um sorriso a seus lábios. Mas quando viu seu reflexo no espelho que havia sobre a pia do laboratório, ficou gelado. Seus inquietos olhos estavam muito brilhantes, mostrando uma avidez desconhecida e aquele desagradável sorriso nunca o tinha visto em seu rosto. O rubor frebril que coloria suas bochechas eram produto do enorme desejo de um infame desenlace.

   Não se reconheceu com aquela máscara de vingança. Odiava o aspecto que tinha adquirido seu rosto.

_ Oh, Deus.

   Como podia pensar tais coisas? Era médico. Seu trabalho consistia em curar. Prometeu salvar vidas, não tirá-las. Marissa havia dito que tudo tinha terminado. Ela falou que quebrou o pacto, e não voltaria a ver o Wrath.

Mas mesmo assim, não merecia ser vingada pela maneira como havia sido tratada?

   Agora era o momento de atacar. Aproximando-se de Wrath naquele momento, já não se veria obstáculo pelo fato que Marissa pudesse ficar presa no meio do fogo cruzado.

   Havers sentiu um estremecimento, e supôs que era o horror pela magnitude daquilo que estava considerando fazer. Mas então seu corpo cambaleou, teve que estender o braço para sustentar-se. A tontura fez com que o mundo a seu redor girasse loucamente, por isso teve que aproxima-se vacilante de uma cadeira. Liberando o nó de sua gravata, esforçou-se por respirar. O sangue _ pensou.

_ A transfusão.

Não estava funcionando.

   Desesperado, caiu de joelhos. Consumido por sua fraqueza, fechou os olhos, abandonou-se à escuridão.

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