Capítulo 23

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  Butch despertou porque alguém estava perfurando seu crânio. Abriu o olho. Tratava-se do timbre do telefone. Pegou o telefone e colocou sobre a orelha.

_ Sim?

_ Bom dia, raio de sol. _ Com a voz de José a dor de cabeça se fez insuportável.

_ Que horas são? _ grunhiu.

_ Onze. Pensei que gostaria de saber que Beth acaba de chamar, buscando você. Parecia encontrar-se bem. O corpo de Butch relaxou aliviado.

_ E o tipo?

_ Nem sequer o mencionou. Mais disse que queria falar hoje com você. Cancelei a ordem de busca enquanto falava com ela porque estava chamando de sua casa.

   O detetive se sentou. E logo voltou a recostar-se. No momento, não iria a nenhuma parte.

_ Não me encontro muito bem _ sussurrou.

_ Já imaginava. Por isso disse a ela que  estaria ocupado até a tarde. Só para que saiba, sai da sua casa às sete esta amanhã. Ah, Cristo.

   Butch tentou outra vez colocando-se em posição vertical, obrigando-se a manter-se direito. A residência dava voltas. Ainda estava bêbado. E tinha ressaca. Estava realmente ocupado.

_ Vou pra lá.

_ Eu não o faria isso. O capitão tem você na mira. Os de Assuntos Internos se apresentaram por aqui perguntando de você e pelo Billy Riddle.

_ Riddle? Por que? _ Vamos, detetive. Sim, ele sabia porque.

_ Escuta, não está em condições de conversar com o capitão _ A voz do José era uniforme, pragmática.

_ Precisa serenar. Recuperar-se. Venha um pouco mais tarde. Eu o cubro.

_ Obrigado.

_ Deixei aspirina junto ao telefone com um bom copo de água. Pensei que não fosse dar conta de chegar até a cafeteira. Tome três, desconecta o telefone, e dorme. Se acontecer algo emocionante irei te buscar.

_ Amo você, doçura.

_ Então compra um abrigo de vison e uns bonitos brincos para o nosso aniversário.

_ Ganhou isso.

   Desligou o telefone depois de duas tentativas, e fechou os olhos. Dormiria um pouco mais e, poderia sentir-se uma pessoa de novo.

   Beth rabiscou sua última correção em um texto sobre uma série de roubos de passaportes e carteiras identidades. Parecia como se o artigo estivesse sangrando, a julgar pela quantidade de modificações que tinha feito com seu implacável rotulador vermelho, dando-se se conta de que, ultimamente, os meninos grandes de Dick estavam ficando mais descuidados, descarregando nela a maior parte do trabalho. E não se tratava só de erros de fundo, agora também cometiam engnos gramaticais e estilísticos. Como se não tivessem consideração pelo correto uso da língua.

   Não lhe importava fazer trabalhos de edições em um artigo no qual colaborava, sempre e quando a pessoa que preparava o primeiro rascunho se preocupasse em realizar uma pequenas quantidades de correções.

   Beth colocou o artigo na bandeja de trabalhos finalizados e se concentrou na tela de seu computador. Abriu de novo um arquivo no qual tinha estado escrevendo com intermitências durante todo o dia.

   De acordo, que mais queria saber? Repassou sua lista de perguntas. Poderei sair durante o dia? Com que, frequência terei que me alimentar? Quando tempo vou viver? Seus dedos voavam por cima do teclado. Contra quem está lutando?

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