O jantar foi magnífico _ disse Beth quando Butch se deteve ante a seu edifício.
Ele se mostrou plenamente de acordo. Ela era inteligente, divertida e francamente formosa. E se ele se excedesse, ela sempre o colocava no lugar que lhe correspondia com delicadeza.
Também era incrivelmente sensual.
Estacionou o carro junto à calçada, mais não desligou o motor. Imaginou que se girasse a chave do contato parecia que estava se convidando para entrar.
Era exatamente o que queria é óbvio embora não pretendesse que ela se sentisse incomodada se não desejava o mesmo que ele.
Vá estava-se convertendo em um bom menino.
_ Parece surpreendida de ter se divertido _ disse.
_ Tenho reconhecer que um pouco sim estou.
Butch a percorreu com o olhar, começando pelos joelhos, que apareciam ligeiramente pela barra da saía. Sob o tênue resplendor do painel, podia distinguir a adorável silhueta de seu corpo, seu longo e delicioso pescoço, seus lábios absolutamente perfeitos. Queria beijá-la ali mesmo, sob aquela suave luz, no assento dianteiro de seu carro patrulha camuflado, como fossem dois adolescentes.
E também queria acompanhá-la ao interior de seu apartamento. E não sair até amanhã seguinte.
_ Obrigado _ disse ela, lhe lançando um sorriso e estendendo a mão para abrir a porta.
_ Espera.
Moveu-se rápido para que ela não tivesse tempo de pensar e ele tampouco. Segurou-lhe o rosto com as mãos e a beijou.
Wrath se materializou no pátio traseiro do apartamento de Beth e sentiu coceira em toda a pele.
Ela estava perto, mais sua casa tudo parecia às escuras. Assaltado por um pressentimento, rodeou o edifício por um extremo. Havia um sedan comum estacionado em frente. Ela estava dentro.
Wrath se dirigiu até a calçada e, como se tivesse dado um passeio entre as sombras, passou junto ao veículo.
Deteve-se em seco.
Seus inúteis olhos foram o suficientemente efetivos para lhe indicar que um sujeito a tinha entre seus braços, como se o potente desejo sexual do macho humano não tivesse delatado.
Pelo amor de Deus podia cheirar a luxúria daquele bastardo através do vidro e o aço do sedan.
Wrath se equilibrou pra frente. Seu primeiro instinto foi arrancar a porta do carro e matar ao canalha que estava colocando as mãos cima dela, tirá-lo dali e lhe rasgar a garganta.
Mas no último segundo se conteve e se obrigou à retornar a escuridão.
Filho da puta. Via tudo vermelho, por causa do tão alterado que estava.
Que outro macho tivesse beijando esses lábios, sentindo seu corpo sob suas mãos.
Um grunhido gutural vibrou através de seu peito e saiu por sua boca.
Ela é minha.
Soltou uma maldição. Em que universo paralelo estava vivendo? Ela era sua responsabilidade temporária, não sua shellan. Podia estar com quem quisesse, onde quisesse e quando quisesse.
Mais meu Deus, a ideia de que ela pudesse estar gostando do sujeito lhe estava fazendo, que pudesse preferir o sabor daquele beijo humano era suficiente para lhe fazer palpitar as têmporas.
Bem-vindo ao maravilhoso mundo do ciúmes _ pensou. _ Pelo preço de sua entrada, obteve uma bendita dor de cabeça, um desejo quase irresistível de cometer um homicídio. E um complexo de inferioridade.
Viva!
Por Deus, estava ansioso por recuperar sua vida. Um segundo depois que ela concluisse sua transição, ele partiria da cidade. E fingiria que nunca tinha conhecido a filha de Darius.
Butch O'Neal beijava como os deuses.
Seus lábios eram firmes mas deliciosamente suaves. Sem pressionar muito deixaram-lhe muito claro que estava disposto a lavá-la à cama e lhe mostrar que não se andava pelos ramos.
E cheirava muito bem de perto, uma mescla de loção de barbear e roupa recém lavada. Rodeou com as mãos. Sentiu seus ombros largos e fortes e seu corpo arqueado para ela. Era pura energia reprimida, e esse momento quis sentir-se atraída por ele. Sinceramente desejou que fosse assim.
Mais não sentiu o doce arrebatamento do desespero, a fome selvagem. Não como havia sentido na noite anterior com... Era o pior momento para estar pensando em outro homem. Quando Butch se separou dela, havia um brilho melancólico em seus olhos.
_ Não era o que esperava, não é assim?
Ela riu interiormente. Assim era El Duro. Franco e direto, como sempre.
_ Sabe beijar, O'Neal não me cabe nenhuma dúvida. Não se trata de falta de técnica.
Ele retornou a seu lugar e moveu a cabeça.
_ Muito obrigado por isso.
Mas não parecia terrivelmente ferido.
E agora que pensava nas coisas com mais clareza, alegrava-se de não ter sentido faísca alguma. Se tivesse gostado, se tivesse querido estar com ele, teria lhe machucado o coração. Estava segura. Em dez anos, se é que durava tanto, ele explodiria por dentro devido ao estresse, o horror e a dor que seu trabalho comportava. Já o estava devorando vivo. Cada ano se afundava mais e ninguém poderia tirá-lo dessa queda para o abismo.
_ Tenha muito cuidado Randall _ disse ele.
_ Já é bastante mal saber que não acendo sua paixão. Mas esse ar de compaixão em seu rosto me tira do sério.
_ Sinto muito. _ Sorriu-lhe.
_ Posso fazer uma pergunta?
_ Adiante.
_ O que passa com os homens? Vo... você gosta? Quer dizer. Você gosta deles?
Ela riu pensando no que tinha feito a noite anterior com o estranho. A pergunta sobre sua opinião sexual tinha já uma resposta clara e contundente.
_ Sim, eu gosto dos homens.
_ Alguém machucou você? Já sebe, feriu-a? Beth negou com a cabeça.
_ É algo que prefiro manter em segredo.
Ele baixou a vista para o volante, percorrendo a circunferência com uma mão.
_ É uma maldita pena. Porque é maravilhosa. Digo-o a sério. Clareou a garganta como se tivesse incômodo. Um sentimental. Por Deus, no fundo, El Duro não era mais que um sentimental.
Seguindo um impulso, inclinou-se e o beijou a bochecha.
_ Você também é fantástico.
_ Sim. Sei _ lançou-lhe sua característica careta de brincadeira.
_ Agora coloca o traseiro nesse edifício. É tarde.
Butch observou Beth cruzar frente aos faróis de seu carro, com seu cabelo ondulado sobre os os ombros.
Era uma pessoa maravilhosa, pensou. Uma mulher genuinamente boa.
E Deus, ela também sabia exatamente a sorte que ele teria, esse olhar triste em seus olhos fazia um momento que significava que tinha vislumbrado a morte lenta que o esperava.
Assim era bom que não houvesse química entre eles. De outro modo, talvez tivesse tratado de convencê-la a paixonar-se por ele só para não ir ao inferno com sua solidão.
Moveu a alavanca de marcha, mais manteve o pé no freio quando ela subia a escada até o vestíbulo. Quando alcançou a maçaneta da porta lhe dizia adeus com a mão, algo se moveu entre as sombras junto ao edifício.
Desligou o veículo rapidamente.
Havia um homem vistido de negro dirigindo-se à parte traseira.
Butch saiu do carro e deslizou silenciosamente para o pátio traseiro.
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Amante sombrio
RandomNas sobras da noite, em Caldwell ( Nova York) se desenrola uma sórdida e cruel guerra entre os vampiros e seus carrascos. A irmandade seus caçadores e os assassinos. E existe uma Irmandade Secreta de seis vampiros guerreiros, os defensores de todo s...