41. Um pouco de paz

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Tomei um gole do meu vinho, mas não pude saborear-lo propriamente, pousei a taça de volta na mesa e resolvi dar atenção para quem estava me incomodando.
Uma risada nasalada e uma breve análise do casal.
O terno dele era escuro e os primeiros botões da blusa social por dentro estavam abertos exibindo um pouco do seu peitoral muscular e suas tatuagens, logo meus olhos subiram. Ele tinha um corte de cabelo estilo militar, sobrancelhas grandes porém ralas assim como sua barba. Olhos claros e madeixas aloiradas. Era um homem muito bonito, eu admito, e para meu desprazer um conhecido. Ao seu lado ele tinha uma mulher loira de olhos azuis, ela usava um vestido justo valorizando suas curvas e me lançava um olhar de desprezo.

Abri um sorriso provocador em sua direção, se ela continuasse me olhando daquele jeito eu enterraria a cara dela no meu prato.

— Pois não?! — respondi, eu sabia exatamente de quem se tratava, mas queria vê-lo se humilhar um pouco.
— Não se lembra de mim? — ele questionou e eu fingi fazer um esforço para me lembrar.
— Kylian? Kian? — questionei me fazendo de insolente.
— Kyle — corrigiu em um tom decepcionado.
— Claro — respondi friamente sem muito interesse.
— Kyle Thorne — ele continuou querendo assunto, enquanto eu só queria tomar a porra do meu vinho em paz.
— No que posso ajudá-lo? — me vi na obrigação de questionar porque eu queria me livrar dele logo.
— É um grande prazer conhecê-la! — ele elogiou com um tom malicioso e seus olhos passearam pelo meu decote, meu estômago revirou, percebi a loira a seu lado revirar os olhos.
— E esta é? — questionei mirando pra a mulher.
— Sophie Parga... — antes que ele chegasse a completar ela o interrompeu — Apenas Sophie!
— Claro! — respondi me contendo, a voz dela me irritava e aquele nome não me era estranho.
— Não acha que esta muito longe de Nova York? — o homem questionou com um tom sugestivo, a mulher revirou os olhos novamente e eu me controlei.
— Kyle, eu vou indo para a mesa — informou se retirando e ele sequer pareceu ligar.
— Talvez eu esteja! — respondi a pergunta dele em um tom sínico, ele me devolveu uma risada forçada. — Não me leve a mal Victória, é que Los Angeles anda muito perigosa nesses últimos tempos. — Ele avisou e eu senti um tom de ameaça implícito, ele sequer se deu conta de que a mulher não estava mais ao seu lado e puxou uma cadeira para sentar-se a minha mesa sem convite.

Eu soltei uma risada nasalada e ajustei minha postura.
— Geralmente leva mais de uma dia para eu receber ameaça quando estou em território alheio! — conclui sendo direta e ele gargalhou novamente.
— Não se preocupe querida, você é mais do que bem vinda. Desde que não ande com más companhias! — novamente ele vinha com essa droga de ameaça implícita e aquilo ja estava me irritando para caralho.
— E com más companhias você se refere a Tristan? — questionei após um sorriso.
— E você que esta falando, não sou eu.
—  Então eu acho que sou mais do que bem-vinda já que Los Angeles pertence a ele! — conclui provocativa, em resposta ele soltou uma risada nasalada — Não por completo! — fez questão de alegar e eu soltei uma gargalhada ao perceber que havia entrado em sua mente tão fácil.

Notei sua expressão cinica ficar um pouco mais séria.
— Bom, em todo caso é melhor ter cuidado. A cidade anda violenta e uma mulher tão bonita quanto você andando por ai sozinha chama muita atenção.

Eu gargalhei.
— E quem disse que eu estou sozinha?!
— Calma mafiosa, estou apenas dizendo para ter um pouco mais de cautela  por onde anda e com quem fala.
— Obrigado pelo conselho — respondi sarcástica

Eu forço uma gargalhada e então me volto novamente para o rosto de Kyle.
— Você sabe qual a diferença entre mim e você? — questionei e ele manteve a expressão soberba.
— Me diga — pediu com um sorriso idiota.
— Eu não tenho medo de sujar as minhas mãos Kyle — informei, logo em seguida, discretamente, retirei a pequena semiautomática do coldre de perna e encostei o cano na perna dele.

Ele manteve o estupido sorriso em desafio.
— Pra que esse exagero? — abri um sorriso de uma ponta a outra.
— Ah pelo amor de Deus Victória, eu achava que você fosse um pouco mais divertida. — resmungou.
— Você vai me deixar em paz porquê sinceramente eu estou sem nenhum pingo de paciência — avisei irritada.
— Se não o que? — me desafiou.

— Quer mesmo que eu estrague esse lindo restaurante? — questionei irônica.
— Você não teria coragem!
— Nós dois sabemos que entre nós, eu sou a única com colhões suficiente pra isso. Eu não estou no meu território, eu não devo satisfações a ninguém nessa droga de cidade. Eu tenho o FBI e a CIA na minha mão Kyle. Você acha que eu realmente me importo em ser discreta?
— Eu tenho homens la fora.
— E antes que eles entrem aqui os seus preciosos miolos estarão espalhados — Avisei — Como eu falei, essa é a nossa diferença — repeti com um sorriso provocativo — Tristan e eu estamos em um outro patamar querido, vai demorar muito ate que um dia  você sequer seja uma partícula do que nós somos e representamos. Isso se Tristan não te matar antes. — humilhei.

Logo em seguida, devolvi minha pistola ao coldre e abri minha bolsa. Tirei algumas dezenas de dólares e deixei em cima da mesa. Me levantei e ele me lançava um olhar presunçoso.
Fiz um sinal com a mão e logo meus seguranças estavam na minha cola.

— Perdi a droga do meu apetite, aproveite enquanto ainda pode! — ameacei irritada e sai dali acompanhada pelos seguranças.

Enquanto estávamos indo em direção aos carros reparei nos capangas dele nos lançando olhares suspeitos, logo entrei no carro.
— Esta tudo bem patroa? — Um dos meus me questionou.
— Esta tudo ótimo! — respondi com sarcasmos — Eu ia intervir mas acabei reparando que a senhorita tinha tudo sobre controle.
— Você fez o certo — respondi — Dobrem a atenção para caso estivermos sendo seguidos! — Ordenei em tom mais alto para que todos dentro do carros ouvissem, logo eles se comunicariam com os outros.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora