38. Amargo

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Beberiquei o amargo líquido enquanto me mantinha informada sobre às principais notícias daquele dia. Estampado com grandes letras, o destaque daquela manhã me fez abrir um grande sorriso irônico.

— Parabéns! — Felicitei com sarcasmo ao perceber que Dominic havia chegado a cozinha. Eu não havia tirado minha atenção do jornal, mas o barulho de seus sapatos e a sua típica fragrância de brisa oceânica acusaram que ele estava ali.

— Você virou notícia de primeira página! — Expliquei, logo em seguida voltei minha xícara para seu pires.

O observei puxar a cadeira para juntar-se a mim na mesa, logo uma das meninas que trabalhavam na cozinha veio lhe servir o suco.
Eu abri um sorriso para ela.

— Pode ir Katherine, Dominic pode se virar! — Lhe dei a deixa, ela e os seguranças entenderam o recado e logo retiraram-se para que nós ficássemos a sós.

"Juiz Montgmory é brutalmente assassinado a marteladas em sua bela casa no Hamptons!" — Li em voz alta — Um pouco sensacionalista, mas cumpre com seu objetivo! — Critiquei a matéria com ironia e logo em seguida dobrei o jornal cautelosamente deixando-o de lado.

— Bom dia pra você também! — Ele respondeu com ironia — Você me deve um par de prada novinho! — Exigiu.

— Justo — Respondi levando minha xícara novamente até a boca — Sério Dominic? Um martelo? — Questionei antes de beber novamente um gole do meu café puro.
Yep! — Respondeu sem muita importância.

Dominic abriu um sorriso maldoso enquanto pegava um croissant.

— Um juiz com tantos inimigos só poderia ter um fim violento, não acha? — Sugeriu.
— Testemunhas?
— Nenhuma, o juiz era viúvo e nesse exato momento os sanguessugas dos filhos devem estar se digladiando pelo testamento.
Ah à alta sociedade! — Murmurei com deboche.
— Além disso Vic, um crânio afundado por marteladas só corrobora mais ainda com a hipótese de que isso seja vingança de algum criminoso julgado por ele.
— Esse homem não tinha nenhum segurança?!
— Isso me surpreendeu também — Dominic admitu após morder seu croissant — Eu achava que ia ser mais complicado! — Concluiu. — Provavelmente deve te-los dispensando durante o fim de semana.

Soltei um longo suspiro.
— Bom, o universo parece estar do nosso lado — Comentei com escárnio e logo depois reparei naquela vasta e farta mesa.

Quando Gonçalo era vivo, pelo menos uma vez por semana, nos forcávamos a ser civilizados. Kaleb, Dominic e eu junto com o velho tomando café da manhã. Não era como se aquela mesa fosse cheia quando ele era vivo, mas ela havia ficado muito mais vazia depois de sua morte. Me dar conta disto era cruel, era triste e só me mostrava o quanto eu sentia falta dele. Será que ele teria aguentado tudo isso? Lorenzo nos traindo, eu perdendo meu filho, Kaleb matando o próprio irmão e agora depois de preso e foragido virou um dos homens mais procurados...
Eu tinha Dominic, ele sempre estava ao meu lado, mas mesmo assim o sentimento de solidão não podia ser mais concreto.

— O universo vive cagando nas nossas cabeças Vic! — Dominic declarou me contrariando, dei de ombros Ignorando Dominic, peguei meu telefone, ele era novo mas continha todos os meus contatos importantes, pousei o telefone em cima da mesa e notei o olhar de Dominic.

— Apenas ligue Vic, não é tão difícil assim — Sugeriu

— Ele não vai me atender! — Rebati.

— Bom, se você não ligar... ai é que não vai mesmo!
— Isso é patético! — Resmunguei.
— Deseja que eu fale o que é realmente patético? — Dominic questionou — Garanto que você não vai gostar!
— Chega! — Falei num tom mais alto irritada, peguei meu telefone e o deixei sozinho.

Ele tinha razão, mas para mim era mais fácil fazer aquilo do que admitir. Fui para meu escritório, eu precisava de um pouco de paz para pensar nos meus próximos passos.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora