20. Pretensões

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Soltei uma gargalhada de sua suposição.

— Eu não trabalho pra você e não respondo a você — Deixei claro e ela permaneceu com a mesma expressão que estava.
— Você terá de me obedecer se não quiser que seu irmãozinho sofra as consequências. — Rebateu

Abri um sorriso mas sem humor e a encarei da forma mais sombria que eu conseguia — Eu não respondo bem a ameaças e cedo ou tarde você se dará conta disso.
— Eu tenho uma gravação minha querida, vai mesmo arriscar a vida do seu irmão em nome do orgulho? — Questionou.

Passeia mão na boca e segurei meu queixo de forma brusca contendo meu estresse.

— Foi o que pensei! — Ela presumiu em resposta ao meu silêncio.
— Preciso que acabe com Cronos — Exigiu, eu respirei fundo novamente.
— Cronos? — Questionei genuinamente sem ter a menor ideia de quem se tratava.
— Ele é um hacker, um dos mais poderosos e habilidosos.  — Revelou — Você melhor do que ninguém sabe como é fundamental ter "amigos" importantes no nosso ramo.
Cronos simplesmente tem a CIA e o FBI comendo na palma da mão dele. Ele rastreia e entrega grupos terroristas e criminosos de alto escalão, enquanto as agências fecham os olhos para as suas atividades ilegais.

A lancei um olhar mandando que prosseguisse.

— Apesar de cometer tudo que há de crime, seu foco maior é no tráfico — Azula revelou — Ele vem crescendo, se tornando um concorrente digno e ameaçando meus negócios. Esses malditos acordos o favorecem, as agências de segurança o temem.

— Então vocês estão no mesmo ramo? — Questionei e ela concordou coma cabeça — Você foi traficada e hoje em dia trafica gente? — Supus.
Azula abriu um grande sorriso — O tráfico sempre vai existir Victória, mas a diferença é que sou eu quem estou faturando com isso e não um imbecil qualquer — Revelou.

— Você é hipocrita para caralho.
— E também indiferente ao julgamento alheio — Ela me completou.

— Então você quer que eu rastrei a porra de um hacker que as maiores agências de segurança do mundo tem medo?

Ela soltou uma risada — Ouvi dizer que você era territorial!
— E o que isso tem haver?
— Ele pode até se manter no escuro não fazendo seus negócios aqui mas ele mora aqui.
Nova York?

Ela confirmou com a cabeça.

— E por que você mesma não resolve isso? Já que é tão poderosa? Já que sabe ate o endereço dele — Questionei com ironia.
— Minha influência se limita a europa Victória, além disso, eu só sei que ele passa muito mais tempo em New York do que em outras localizações, o merdinha sabe se esconder bem. E eu jamais teria vindo a esse inferno se não tivesse ouvido rumores de que ele havia se reunido com as altas cúpulas do MI5 e MI6.

— Ou seja, você nunca quis me confrontar e seu objetivo esse tempo todo era essa chantagem patética — Conclui e Azula riu — Não custava tentar — Admitiu — Mas eu sabia que dificilmente você cairia nisso, sua fama a precede minha querida.
— Nada de novo no sol — Comentei — Mais uma mãe desnaturada querendo se aproveitar da filha — Soltei uma risada nasalada.

— Ele não pode conseguir esses acordos Victória — Ela fez questão de lembrar tornando ao foco da conversa.

— Londres é a sua maior fonte de renda não é?
— Sou a maior fornecedora, sem nenhum apoio de qualquer agência de segurança.

Tudo naquela mulher me causava asco. Claramente eu não era melhor do que ela, também era uma criminosa e também uma hipocríta mas mesmo assim, tráfico humano é algo que excede o meu limite. Eu não queria ajudar Azula e tão pouco deixar o tal Cronos impune.

Azula pediu a conta, não demorou muito para que o garçom a trouxesse e ela pagasse, em seguida já estávamos na calçada do lado de fora do estabelecimento.

Ela aproximou-se de mim de forma evasiva e então falou — Não quero que simplesmente o rastreei, quero que o destrua. Ouvi falar que você é boa nisso — Exigiu de forma sarcástica e novamente eu continha meus impulsos, estávamos próximas e ideias de agressão não paravam de invadir meu cérebro.

— Eu não sou sua empregada! — Rebati irritada.
— Essa gravação me diz o contrário — Ela respondei balançando o celular de forma irônica, não demorou muito para que ela saísse dali. Soltei um longo suspiro e fui cruzar o Central Park afim de achar meu carro.

...

Em casa encontrei Dominic no escritório com uma expressão gigantesca de arrependimento estampada ma cara, mais culpado do que isso, só faltava um pedido de "desculpa" desenhado em sua testa. Ele provavelmente ia querer desculpar-se mas eu fiz um sinal com a mão para que ele permanecesse em silêncio, estava cansada de suas lamurias e à essa altura, já nem era mais tão relevante, precisávamos focar em como sair daquela situação de merda.

Peguei meu celular, estava prestes a insistir novamente nas ligações para Audra, o chefe de policia e ela estavam se mostrando bastante inúteis para mim. Antes que eu o fizesse, recebi uma mensagem anônima.

"Você tem uma semana ou seu irmão vai virar o brinquedinho favorito dos motoqueiros".

Bufei irritada e soltei um longo suspiro, eu realmente ia adorar acabar com Azula. Verifiquei o horário no meu celular e depois voltei meu olhar para Dominic.

— Já esta mais do que na hora de eu prestar uma visitinha ao FBI — Falei decidida, Dominic levantou-se e eu fiz a mesma coisa em seguida.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora