1. Refém

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Senti o perfume amadeirado dissipasse no ar, olhei para o lado e lá estava ele ao meu lado, me confortando como sempre.
Ele me envolvia com o seu braço esquerdo e com a mão do mesmo braço, brincava com algumas mechas assanhados do meu cabelo.
Meu rosto estava repousado em seu peito nu, ele tinha um sorriso tranquilo e um olhar sereno, tão lindo, tão sexy.
Tudo o que eu queria era que aquele momento durasse para sempre, mas eu sabia que não era possível.
Inclinei minha cabeça para cima e ele me encarou com seus olhos verdes.

— Por que não ficamos aqui para sempre? — Sugeri e o loiro soltou uma breve gargalhada sexy.
— Você sabe que não podemos! — Respondeu com um olhar tristonho.
— Por que não?
— Ainda não é a hora!
— Então quando será? — Questionei dando uma leve ajeitada no lençol branco que cobria algumas partes de nossos corpos que estavam despidos.
Seu sorriso se desfez e então ele me puxou pelo queixo para me olhar melhor.
— Eu preciso que você se mantenha forte, não importa o que aconteça! — Suplicou e eu quis chorar.
— Eu não aguento mais Tristan — Desabafei — Eu não sou tão forte assim.
— Você é a mulher mais forte que eu conheço Victória e não ouse pensar o contrário! — Me encorajou e logo em seguida pressionou seus lábios contra os meus de forma branda.
— Não me faça voltar lá! — Pedi quase implorando.
— Você sabe que se dependesse apenas de mim isso sequer estaria acontecendo.
— Estou esgotada Tristan.
— Aguente só mais um pouco por favor.
— Eu vou tentar! — Sorri sentindo uma lágrima escapar.
— Eu te amo mafiosa...

Abri os olhos me acostumando com a pouca luz do lugar, tentei mover minhas mãos e ouvi o costumeiro tilintar das algemas presas a velha tubulação daquele lugar.
Era escuro e repugnante como todo bom e velho clichê de cativeiro. Levantei meu olhar ate a altura das escadas, reparei nos dois vigias e a forma como um deles me olhava era completamente desconfortável. Como um cão selvagem esperando ser solto da coleira, ele analisava meu corpo.
Soltei um longo suspiro e tentei não pensar naquilo, provavelmente nem estaria mais aqui dentro de algumas horas, como um bom paranóico, Lorenzo trocava os capangas que eram responsáveis por me vigiar constantemente.

Escutei o típico ranger da porta, eu já havia me acostumado... tinha perdido a completa noção de tempo e o ranger daquela porta era a única coisa que conseguia me situar diante dessa situação.

Ele desceu as escadas com um olhar perverso, com as chaves em mãos, ele libertou meus pulsos mas eu sequer tive coragem de levantar. Estava fraca demais.

— Esta pronta para falar? — Questionou com um sorriso diabólico de uma ponta a outra.
— Quantas vezes preciso mandar você ir se foder mesmo? — Retruquei com o restinho de força que eu tinha, minha garganta estava seca assim como meus lábios, eu estava suada e surrada, ele não encostava a mão em mim porque pagava os capangas para fazer, não queria sujar suas mãos.

Ele puxou uma cadeira para sentar-se.
— Não esta cansada disso? — Questionou, não era irônico que eu estivesse nessa posição? Afinal, era eu quem costumava a me sentar, fazer perguntas e torturar quando preciso. Agora Lorenzo ocupava minha posição e talvez eu não tivesse o direito de julga-lo.

— Você sabe que eu não sei de nada, porque continua insistindo? — Retruquei furiosa e cansada — E sabe que mesmo que eu soubesse, eu preferiria morrer do que te dar alguma informação.

Ele soltou uma gargalhada perversa.
— E se você soubesse que Dominic está morto e Tristan prestes a cair?

Dessa vez quem fez esforço para rir foi eu.

— Você sempre foi péssimo em blefes.
— Eu não tenho obrigação de te provar nada Victória, estou apenas te informando fatos e é você quem decidi acreditar ou não.

Bufei.

— Você não vai conseguir, você não vai entrar na minha cabeça.

Ele levantou-se da cadeira e aproximou-se de mim de forma evasiva, criei forças para me levantar, Lorenzo me encarou dos pés à cabeça, olhando detalhadamente para cada pedaço do meu corpo, me causando arrepios sinistros na espinha.

— Você ainda não é completamente inútil! — Sussurrou com o sorriso perverso, ele me deu as costas prestes a dar a ordem para os capangas me prenderem novamente como de costume, tentei me controlar diante de suas provocações mas como eu já estava livre, pensei ate em articular um movimento mas eu perdi meu equilíbrio e cai, minha visão se tornou turva até ficar totalmente preta.

(...)

Acordei e raparei no tilintar das correntes mas dessa vez, meus braços estavam separados presos no encosto de uma cama, eu estava usando uma roupa médica e sentia o tubo de respiração preso ao meu nariz, meus tornozelos também estavam presos, eu não sabia onde estava.

Me debati mas foi inútil, resolvi reparar no lugar a minha volta, parecia um quarto comum. Com janelas e piso de madeira, era um quarto rústico e luxuoso.
Soltei um longo suspiro e ouvi vozes masculinas murmurarem por de trás da porta, fechei os olhos e fingi que estava dormindo.

Ouvi a porta ser aberta e Lorenzo conversando com um homem que eu não reconhecia a voz.

— Então eu vou precisar mantê-la aqui? — Lorenzo Questionou.
— Ela não pode ficar naquelas condições Lorenzo, esta passando por muito estresse, ela precisa de alimentar e dormir bem.

Senti ele passar a mão no meu rosto e naquele momento eu queria apenas decepa-la, mas eu continuei no meu papel invicta.

— Mas que conveniente não é irmãnsinha? — Disse num tom sarcástico.
— Ou seja, eu preciso trata-la bem?! — Concluiu.
— Receio que sim.
— Quantos meses? — Lorenzo questionou.

Quantos meses o que? Quis me desesperar mas mantive minha atuação.

— Um mês e duas semanas! — O médico informou.

Do que diabos eles estavam falando?

— Será que posso fazer um teste de dna?

— Se está se referindo a coleta de líquido amniótico, receio que só a partir da décima segunda semana de gestação. — Informou — É muito prematuro e não é o tipo de exame que eu recomendo pra nenhuma paciente, principalmente uma nessas condições.
— Eu não posso esperar mais oito meses para ter certeza! — Declarou.

DO QUE DIABOS ELES ESTAVAM FALANDO?

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora