11. Nada mais importa

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Três meses depois•

— Você está bem? — Ouvi a
interrogação de Dominic irromper meus pensamentos, ele pousou a mão no meu ombro esquerdo e eu continuei com um braço cruzado, o outro servia de apoio para se desfazer das cinzas do meu cigarro acesso.

— Nunca estive melhor! — Menti descaradamente mas eu sabia que ele não cairia nisso.
— Estamos sozinhos, não precisa manter a fachada comigo. — Eu abri um sorriso triste.
— Preciso Dominic, caso o contrário, ficarei insana. — Lhe respondi.

— Como foi a consulta? — Dominic questionou provavelmente tentando abordar o assunto de outro modo.
— A mesma coisa de sempre. — Respondi com desprezo e traguei o cigarro.
Ele tirou a mão do meu ombro e se impôs na minha frente atrapalhando a minha bela visão.

— Você não conversa comigo, Kaleb, Blake e tão pouco a psicóloga. O que acha que vai acontecer? Você vai explodir em algum momento e não será nada bonito. Precisa desabafar com alguém.

— Eu não posso! — Respondi firme — Falar em voz alta vai tornar tudo real.

Dominic me encarou e logo em seguida me abraçou, ele permaneceu agarrado ao meu corpo por alguns segundos e eu sequer tive coragem para envolvê-lo, nesse momento eu me esforçava para não desmanchar em lágrimas. Percebi que eu precisava falar sobre isso nem que fosse o mínimo.

— Eu te entendo! — Ele disse após um longo tempo e então me soltou.
— Eu nunca quis ter filhos, quando começo a colocar outra pessoa no topo das minhas prioridades, ela acaba sendo tomada de mim.

— Você ainda pode adotar Vic — Dominic sugeriu e eu soltei outra risada sem humor e sarcástica.

— Você ainda não percebeu Dominic? — Questionei — O maldito universo esta nos dando sinais claros de que nunca teremos descendentes. Primeiro você, depois Kaleb e agora eu. Isso não é nenhuma coincidência.

— Mas nós ainda podemos adotar Vic! — Seguiu insistindo.

— Pra que? Pra daqui a um dia ou alguns anos um lunático que eu tenha irritado ontem ou hoje e provavelmente amanhã venha e mate meu filho por vingança?
— Gonçalo teve filhos e ainda te adotou.
— E olha onde estamos, Lorenzo se tornou um psicopata que sequer importava-se com a própria família, Kaleb virou uma pessoa emocionalmente indisponível depois que tudo lhe foi tirado e quanto a mim? Eu luto todos os dias pra não enxergar tudo em vermelho. Estou a um ponto de enlouquecer Dominic!

Terminei meu cigarro e abri novamente um sorriso infeliz, fitei Dominic e repeti seu ato de pousar a mão no ombro.

— Não vamos mais falar sobre isso. — Informei o deixando e indo em direção ao carro, depois de alguns segundos parado e provavelmente refletindo no mesmo lugar em que eu estava, Dominic tornou ao carro me acompanhando.

...

Fiquei em silêncio observando meu celular que estava pousado em cima da minha mesa tocando, era Blake, ele insistia todo os dias e todos os dias eu apenas ignorava. Certamente ele já teria vindo aqui se não tivesse tantos problema para lidar em Los Angeles. Era cruel e por mais que ele também tivesse perdido o filho, para mim era mais fácil evitar aquilo, como fiz com Gonçalo e Andrea.

Flashback On:

Abri meus olhos sentindo meus lábios ressecados, acostumei-me com a claridade e logo desci meus olhar pelo meu corpo, eu estava presa a uma cama de hospital.
Mantive o olhar mais a frente e me deparei num Tristan sentado numa poltrona cochilando, ele não estava vestido tão formalmente como sempre. Ao invés de um terno, sua roupa era mais descontraída e de único tom preto.
Senti uma intensa dor nos músculos e minhas cordas vocais pareciam mais querer arranhar a garganta cada vez que eu tentava inutilmente falar algo.
Levei a mão até o lado esquerdo da minha cabeça, constatei que haviam algum tipo de bandagens e meu cabelo tinha sido raspado.
Minha atenção novamente se voltou para Tristan quando eu percebi que ele acordou aos poucos, ele levantou-se e veio prontamente e rapidamente até mim. Reparei na sua expressão corporal e ele parecia tão nervoso ao mesmo tempo excitado.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora