Bônus Lorenzo

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Me sentei na mesa, abrindo o jornal italiano em busca das melhores notícias.
Os conflitos com Victória não haviam tomado nenhuma repercussão por dias e naquela manhã também não parecia ter sido diferente, a imprensa sabia que quando tratava-se da nossa família... sempre era melhor que tudo ficasse por debaixo dos panos.
À distância, eu tentava renegociar com Caim os termos para o cancelamento do contrato, se eu colocasse um pé para fora da Italia, ainda haveria o risco de algum maldito assassino enfiar uma bala na minha cabeça.
Era estranho que o contrato ainda valesse, quer dizer, Victória estava presa e Nova York me pertencia... Caim poderia facilitar um pouco a minha vida dada as atuais circunstâncias, mas como uma maldito assassino antiquado, ele preferia seguir as regras cegamente.

Larguei o jornal no canto sem qualquer interesse nas manchetes, peguei minha xícara de cafe e caminhei ate a varanda despachando a empregada, observei os fracos raios solares.
Em quase dois meses eu já havia conquistado tudo que queria, eu era a cabeça da família ainda que tivessem restado poucos e eu havia me tornado também na cabeça de Nova York, nem precisei pisar em solo americano para clama-la, como um bom observador eu sabia que Dominic não interessava-se em chefiar nada, sua preocupação com a integridade física da minha "irmã" era muito mais importante do que manter qualquer território.

E ele me entregou Nova York em uma bandeja.

Assim como não precisei estar presente para me apossar da cidade, sequer tive que me estressar em conseguir influência. Uma transmissão ao vivo de Victória algemada as tubulações daquele porão imundo, sendo vigiada 24 horas por dia, foi suficiente para fazer com que seus aliados repensassem em suas alianças e lealdade. Deixei claro que havia matado sangue do meu sangue e quem se atrevesse a se transformar em um obstaculo para meus objetivos, teria um futuro idêntico ao de meu tio e da minha prima.
Não satisfeito, decidi que era a vez de Los Angeles se clamada, desfiz a aliança que eu havia feito com os espanhóis e o tal do Kyle, Los Angeles seria apenas minha e Blake também me entregaria em uma bandeja de prata assim como Dominic.

(...)

Estava tudo indo muito bem, a criança que a mafiosa esperava era minha bala de prata contra ela e Blake, não havia qualquer preocupação mas eu estava entediado, eu precisava dar uma agitada.
Quando a ideia me passou pela cabeça foi mais que providencial, promover um evento e infringir sofrimento em Victória seria de fato bastante gratificante.
Eu precisava me mostrar um pouco mais ativo na cidade e um evento beneficente seria a oportunidade ideal, Victória como minha acompanhante forçada era apenas um brinde.
Abri um sorriso e chamei um de meus capangas, pedi para que ele contratasse alguém qualificado para organizar o evento.

Seria inesquecível.

(...)

Depois de esclarecer a ela que ela me pertencia, Victória abriu um sorriso digno de um Oscar como um cachorrinho obediente mas eu tinha a perfeita noção de que ela estava morrendo por dentro, eu percebia no seu olhar e aquilo era extremamente gratificante.
Entrelacei meu braço no dela e juntos descemos as escadas, fomos alvejados por flash's de fotógrafos.
Ao chegarmos nos últimos degraus resolvi soltá-la e dar um pouco de atenção aos meus convidados. Eu precisava conhecer as pessoas importantes, era uma nova era e já estava mais do que na hora de eu consolidar meu poder de barganha naquela cidade.

Ela me acompanhou, abrindo alguns sorrisos e limitando-se apenas a cumprimentar aqueles que nos rodeavam, um homem em particular a devorava com os olhos sem sequer importasse com a esposa que estava ao seu lado.

Interessante.

Depois de algumas conversas entediantes e raras capazes de capturar minha atenção, os violinistas se posicionaram dando início a uma música dramática e sofrida. Eu nunca fui muito fã de música clássica mas confesso que era bastante tocante.
Victória estava no canto com o olhar fixo no pequeno "concerto" quando o homem que eu havia reparado mais cedo aproximou-se tentando inserir algum assunto, logo me aproximei.

— Interrompo? — Questionei.
— Claro que não! — Ele me respondeu educadamente com o sotaque italiano.
— Eu o conheço? — Questionei tentando me recordar da maldita lista que a organizadora havia me dado.
— Meu nome é Aníbal, muito prazer! — Disse me cumprimentando.
— Creio que não preciso me apresentar — Conclui, observei a mafiosa sair de fininho em direção a varanda, Aníbal voltou a encara-lá mas ela já havia se afastado.

— Sua namorada é muito bonita! — Declarou com o olhar fixo em Victoria.
— Namorada? — Soltei uma risada forçada — Está mais para uma companhia! — Declarei.
Ele me olhou surpreso — Quanto quer por ela Lorenzo? — Questionou, o fitei.
— Eu não faço esse tipo de negócio.
— Ah por favor, a maioria das pessoas que estão aqui sabem que você assassinou mais da metade da sua família — Informou — Alguns fingem demência enquanto outros estão buscando algum tipo de fraqueza, nem todos gostaram do que você fez garoto! — Concluiu.

Abri um sorriso falso sem acreditar na audácia daquele homem.

— Se eu fiz isso aqueles que eram meus familiares, imagine o que posso fazer a quem virar um obstáculo! — Comuniquei com um leve tom de ameaça. — Quanto a Victória, ela não está à venda... por hora, mas me deixe seu número, se chegar ao ponto dela ser inútil para mim, nós conversaremos! — Informei interessado.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora