26. Provando Pontos

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— De quem você esta falando? — Questionei curiosa e o maldito detetive apenas transpareceu um sorriso pelo retrovisor de dentro do carro.

— Não deveria ter lido aquela ficha! — Alertou ignorando minha pergunta.

— Por que não? — Gargalhei — Por acaso teme que eu saiba dos seus segredinhos sujos? — Questionei num tom de deboche.
— Pelo contrário — Ele respondeu transparecendo uma falsa tranquilidade — Talvez seja melhor ficar calada, não queremos adicionar crime de extorsão a sua lista de acusações, sim?!

Por mais que eu estivesse um tanto bêbada e meu demônio interior estivesse se coçando para provocar aquele verme, resolvi escutar a parte controlada do meu cérebro. Se Cruz, meu advogado, estivesse aqui... ele provavelmente mandaria eu ficar em  silêncio para não piorar minha situação.
O caminho ate à delegacia foi num absoluto silêncio, sem qualquer troca de farpas entre mim e o maldito detetive.

Ao ser retirada do carro, em frente a delegacia, observei Hanna encostada no carro com os braços cruzados e a pistola a vista, os outros dois também estava escorados. Haviam chegado primeiro que o detetive para meu alívio.

— Cruz esta vindo! — Ela avisou mantendo-se na posição que estava, acenei com a cabeça e Hernandez olhou para ela por cima do ombro.

— Não tente nenhuma gracinha e pro seu bem espero que tenha a documentação dessa arma.

— Ela é legalizada... — Foi tudo que pude ouvir em resposta enquanto o homem me conduzia para dentro da estação de polícia, ele tentou tocar em mim e eu me desvencilhei em movimentos bruscos.

— Eu sei andar, não precisa encostar em mim! — Falei irritada.

Ao entrarmos, alguns policiais observaram a cena em silêncio, seus olhos me acompanharam ate a cela.
Hernandez me enfiou dentro daquele cubículo minúsculo. Sem sequer dar atenção aos  devidos procedimentos legais, um prato cheio para Cruz.
Acariciei meus pulsos livres e observei o velho e fino colchão em cima daquela cama de metal, o maldito mictório imundo quase que do lado da cama e a pequena pia onde eu podia ouvir o gotejar.
Minha chegada não havia sido nada discreta, além da curiosidade dos outros policiais, os outros presos também haviam começado uma algazarra mas logo foram silenciados quando ouviram a ameaça do detetive aos berros.

Me encostei nas barras de metal e cruzei os braços enquanto um policial responsável por vigiar as celas me encarava.

— O que uma delícia como você fez para acabar aqui? — O homem que estava na minha cela vizinha questionou, claramente bêbado.
— Por que não chega um pouco mais perto para descobrir? — Questionei em tom de ameaça e os outros presos berraram aos risos.

— CHEGA! — O policial ordenou silêncio, observei seu nome no uniforme.
— Langmore? — Questionei e ele se manteve aonde estava.
— Sabe quem eu sou? — Perguntei e o homem virou o rosto tentando me  ignorar.
— Por que ele ali sabe — Apontei para um homem de barba com cabelos castanhos na cela mais distante, ele era o único que não havia feito qualquer comentário sexista embora tivesse me olhado com receio.
— Ele tem medo de mim! — Falei — Ele é inteligente! — Aleguei enquanto eu olhava o maldito bêbado que estava na cela ao meu lado, eu queria arrancar os olhos dele mas dada a situação, era melhor que eu ficasse quieta.
— Não fale comigo! — O policial mandou num tom nervoso, ele me parecia jovem, recém saído da academia de polícia talvez.

— Eu falo com quem eu quiser, eu sustento essa merda da polícia basicamente. — Ameacei soltando um longo suspiro, segurei as barras e não demorou muito para que o maldito detetive tornasse com o responsável por aquela pocilga.

— Abra a cela recruta, vamos! — O homem ordenou me encarando enquanto o Langmore pegava o molho de chaves, Hernandez estava no encalço do superior reclamando com homem que estava prestes a me liberar.

Não demorou muito e minha cela estava aberta.
— Perdão pelo inconveniente senhorita Santori! — O homem falou me pedindo desculpas e ignorando Hernandez.

— Se disser mais uma palavra será suspenso — Ele respondeu Hernandez  que deixou o lugar faiscando de odio, abri um sorriso e observei o bêbado  que tinha me irritado, sua expressão estava seria, ele havia escutado meu nome.
Pisquei para aquele homem medíocre antes de deixar aquele antro, meus pertences que o maldito detive havia pegado consigo antes de me enfiar no carro me foram devolvidos e eu sai da delegacia, Hanna permanecera la fora e me encarava confusa, Hernandez também estava encostado no seu carro com uma cara de escárnio finalizando um cigarro.

Me dirigi ao detetive, Hanna quis se aproximar provavelmente temendo que eu fizesse mais alguma coisa que justificasse uma nova prisão, fiz um sinal com a mão para que ela permanecesse aonde estava.
— O que foi aquilo? — Questionei deixando minha curiosidade imperar em cima da raiva.
— Um aviso... — Ele respondeu, a minutos atras ele parecia furioso com a minha soltura, agora o cigarro era sustentado por um sorriso na sua boca.
— Que aviso? — Questionei.
— De que vocês não é tão intocável quanto pensa! — O homem ressaltou com um sorrisinho provocador, ele baforou a fumaça do cigarro na minha cara, lhe devolvi um sorriso.
— O mesmo vale pra você! — Devolvi num tom hostil, ele entendeu o recado, o deixei antes que eu cometesse um crime em frente à estação de polícia.

Hanna me conduziu pra casa e avisou a Cruz que minha situação já havia se resolvido.

Em casa, subi as escadas exaustas e ignorei com sucesso todas as perguntas de Dominic. Fui para meu quarto, tomei um belo banho com a finalidade de me livrar da inhaca daquela maldita cela, vesti minha roupa e me joguei na cama. O dia estava praticamente amanhecendo, enquanto meu sono seria a desculpa perfeita para ignorar toda aquela audácia daquele pedaço de merda e o fato de eu ter magoado Blake.
Problemas para serem resolvidos e questionamentos para serem feitos mais tarde.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora