44. Lagrimas

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Acordei cedo, qualquer vontade que eu tinha de encontrar Blake no dia anterior foi completamente esmagada devido a ansiedade e o medo em ser rejeitada. Então eu fiz o que julguei melhor, passei o dia enfiada no quarto condenando minha própria falta de coragem e dormi na primeira oportunidade.
A atitude de Tristan não me passou batida. Sim, eu era grata pela "hospitalidade", mas me colocar na casa de visitas com minha equipe quando na casa principal, provavelmente haviam vários quartos desocupados, era uma mensagem em tom alto e claro de que ele não queria nem olhar para a minha cara.

Eu nunca havia me sentido tão desprezada em toda a minha vida.
Muitas pessoas me desprezavam, mas nenhuma delas eram relevantes o suficiente a ponto de fazer eu me importar. Mas, ele era, ele era mais do que importante e isso estava partindo o meu maldito coração. Eu tinha completa consciência sobre as consequências em vir para Los Angeles, eu havia me preparado para todas as possibilidades e mesmo assim, agora que estava aqui, não poderia ser menos doloroso.

Vestindo meu robe, eu fui em direção a cozinha e me servi do café na cafeteira. A auxiliar não estava lá e todos os que haviam vindo comigo para LA, estavam fora da casa, vigiando, na espera de novas ordens minhas.
Me sentei em um dos banquinhos da bancada e levei a xícara ate minha boca, tomando um gole do café puro enquanto eu refletia sobre meus próximos passos.
Eu não podia ficar presa em Los Angeles por muito tempo, eu tinha negócios para tocar e uma porrada de problemas para resolver. Azula, Kaleb, o detetive e também o hacker. Só de imaginar, minha cabeça já doía.
Quer quisesse, quer não quisesse. Nós nos encontraríamos.

...

Sinceramente, eu vesti a primeira roupa que vi dentro da mala. Um conjunto todo preto. Calça social justa, uma blusa manga longa com destaque de couro nas mangas e por cima um blaser com amarras. Prendi o cabelo em um coque, coloquei uma gargantilha, um brinco pequeno e por fim um par de salto agulha. Ele era fechado e sua tonalidade era um azul incandescente.

Reuni minha coragem, suspirei fundo e comecei a marchar ate a casa principal. Observei os seguranças de Tristan espalhados, eu havia mandando meus subordinados permanecerem na casa de visitas. Eu queria ter privacidade.

Cabeça erguida e peito estufado, não seria nada fácil e as chances do Blake me perdoar eram quase nulas. Mas merecia uma tentativa, nós não estaríamos acabados ate que eu visse no olhar dele.
Eu estava me dirigindo para o hall principal que me daria acesso a escadaria e ao escritório, quando um Julian com uma expressão irritada surgiu descendo as escadas.

— Victória? — falou surpreso comigo, estranhei pois eu estava naquela casa e Julian sabia o que eu pretendia então... qual o motivo para surpresa?
— Castle! — pronunciei o nome determinada a seguir em frente.
— Victória, não! — ele disse me parando.
— Não o que? — questionei confusa.
— Vamos tomar café da manhã na rua — Julian sugeriu nervosamente.
— Por que? — Insisti
— Apenas vamos, garanto que não vai gostar do que encontrar pela frente! — ele alertou.
— Eu já tomei café Julian, vim para L.A com um único objetivo e pretendo cumpri-lo. — ignorei o aviso, convicta.

Foi quando eu ouvi uma risada forçada advir de cima da escadaria. Lá estava Tristan em todo o seu esplendor, com um terno fino que acentuava todos seus músculos e o tornava sexy.
Ele estava com um dos braços descansado no parapeito da escada.

— Então você perdeu seu maldito tempo! — ele anunciou frio, por de trás dele vi uma mulher com longas e onduladas madeixas loiras passar.
Ela usava um vestido tubo preto, acentuando suas curvas.
Ela era linda e para me torturar, Tristan a parou e aproximou-se do ouvido da mulher, sussurrando algo que fez ela soltar uma risada.

Nesse momento senti meu corpo inteiro estremecer, meu coração estava apertado e lágrimas ameaçavam cair, mas as contive. Meus joelhos tornaram-se fracos e por pouco eu não quebrei ali.

Tristan a liberou, ela desceu as escadas de forma graciosa e passou por mim com um estupido sorriso no rosto e erguendo uma das alças de seu vestido descaradamente, provocando-me. Fazendo questão de explicitar o que havia acontecido ali.
Que bom que eu não estava armada, provavelmente mataria ela e o Blake por aquela provocação barata.
Contive meus impulsos e me limitei a permanecer calada.

— Vamos Vic — Julian tentou me segurar, prevendo que eu provavelmente desmancharia, mas nem nessas horas eu consigo demonstrar. Soltei um longo suspiro e me esquivei dele.
— Agradeço Castle, mas preciso de um tempo sozinha — declarei me retirando, antes que minha maldita crise de ansiedade se concretiza-se

Em passos rápidos fui para o apartamento, subi como uma bala, ignorando a tentativa de comunicação por parte de um dos meus subordinados e me tranquei no quarto.
Me sentei na cama, olhando pro nada e finalmente permiti que as lagrimas descessem.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora