III Livro Mafiosa - Imprescindível (Sem Revisão)

39. O fim?

Faziam duas horas, duas malditas horas e eu só conseguia encarar aquele celular. Eu não me concentrava, não conseguia desatolar minha cabeça daquilo e a cada hora que se passava mais minha irritação só ia crescendo e eu me sentia uma puta de uma covarde.
Respirei fundo e resolvi ligar, foda-se o meu maldito orgulho.

Eu ia ligar ate que ele me atendesse, e se não me atendesse, eu pegaria meu jato para Los Angeles e resolveríamos toda essa situação cara a cara. Eu sabia que não tinha esse direito, não depois de tudo que eu fiz ele passar.

Me levantei pegando o telefone e discando seu número, logo em seguida fui ate Dominic.

— Contate o maldito piloto! — Exigi enquanto a ligação chamava.

(...)

No avião meu estômago embrulhava a cada chamada não atendida, a cada toque insistente eu me convencia de continuar tentado. Eu tentaria ate me cansar e quando eu finalmente me cansasse o jato levantaria voo e eu iria para Los Angeles.
Eu estava disposta a tudo por ele, eu tinha tanta vergonha da forma como eu havia tratado-o. Por não procura-lo antes. Aquele homem era o amor da minha vida e eu simplesmente havia o descartado.

Flashback ON

— Provavelmente deve estar morto! — Tristan limitou-se apenas a me revelar isso.

— Morto? — eu repliquei querendo mais informações.
— Kaleb o levou no meu avião para Nova York a dois dias atrás.

— O que diabos aconteceu lá Tristan? — perguntei me referindo ao dia que eu quase morri mais uma vez.

— Pra que você quer saber Vic?
— Eu preciso! — pedi com a voz embargada e ele soltou um longo suspiro passando a mão no rosto.
— Agora não é o momento, você precisa se recuperar!
— Tristan por favor — supliquei com a  voz ainda embargada.

Ele suspirou novamente revelando uma expressão de sofrimento.
— Eu não cheguei a tempo — revelou em um tom de partir o coração — Foi isso que aconteceu!
— Blake isso não é sua culpa! — falei tentando tirar o peso dele.
— Claro que é Victoria... se eu tivesse chagado alguns minutos antes talvez o nosso... — ele não se atreveu a concluir — Eu não deveria ter deixado você ir sozinha para a Italia pra início de conversa! — declarou se auto interrompendo.

— Não é sua culpa — eu repeti convicta.
— Você sabe que não importa o que você diga...
— Eu sei! — interrompi ele — Nós simplesmente somos assim, nos afogamos em nossas próprias dores e culpa.

Resolvi me levantar e caminhar ate ele, sentei-me no braço do sofá pois Blake estava sentado no canto mais próximo a este. Peguei a mão dele, as iris de cor verde claro olharam para o fundo da minha alma.
Beijei sua mão delicadamente.

— Nós simplesmente somos assim, odiamos demonstrar fraqueza.

Ele então puxou minha mão levando-a de encontro a sua bochecha.

— Eu estou exausta Tristan... — Desabafei — Estou tão exausta disso, eu me dei ate a ultima gota e tudo o que me restou foi dor e sofrimento. — Blake suspirou — Nosso meio é cruel Victória — ele concordou — Christopher conseguiu me deixar tão corrupto, tão cruel quanto ele. Desde que entrei nisso eu só me atolei mais e mais em violência. Talvez seja o nosso maldito karma.

— Sabe o que é pior?! — falei depois de também soltar um árduo suspiro — Gonçalo nunca me quis nisso... mas eu simplesmente não me via encaixando em qualquer outra coisa que não fosse esse. — admiti abrindo um sorriso sem humor.
— E aqui estamos nós! — me levantei me distanciando dele e ficando de costas, par disfarçar uma única lágrima que insistiu em cair.
— Tudo que aconteceu comigo foi por culpa única e exclusivamente minha. — já estava mais do que na hora de eu assumir as minhas responsabilidades, eu sabia que atacar a Italia teria consequências e tinha consciência de que poderia ser mais cruel do que eu pudesse aguentar — Nádia não tinha nada haver com essa palhaçada e pagou por isso, ele a matou, ele matou a minha melhor amiga e eu nem sei se ela teve um enterro descente. Ela merecia mais, eu falhei com ela.

Blake levantou me acolhendo em um abraço terno, eu me sentia protegida e segura em seus braços. Eu podia sentir a fragrância inebriante de conhaque com madeira que aquele homem exalava.

Flashback OFF

A ligação chamou mais uma vez e então ELE atendeu. Senti meu coração parar uma batida.

— Tristan? — chamei por seu nome com a voz trêmula e tudo que tive em retorno foi um silêncio agonizante.
— Tristan? — eu repeti juntando o resto de coragem que me sobrava e ignorando o aperto no meu peito.
— Tristan por favor! — insisti em busca de uma resposta, minha voz ja havia quebrado e eu me segurava por um fio para não me desmanchar em lagrimas.
— O que você quer? — Ouvi sua voz, o que era para me deixar um pouco aliviada acabou sendo mais doloroso, ele soou frio e firme.
— Conversar sobre o que aconteceu! — respondi mantendo minha esperança que automaticamente diminuiu quando o ouvi soltar uma risada nasalada — Agora você quer conversar? — questionou num tom magoado — Eu te liguei inúmeras vezes, fui atrás de você diversas vezes — o escutei e aquilo me atravessou como uma flecha — Você não tem esse direito!

Ele estava mais do que certo, eu simplesmente havia afastado ele ignorando tudo o que aquele homem significou, significa e já fez por mim.
— Eu sei — concordei me segurando — Você não merecia isso Blake, eu não mereço você! — concordei sentindo tudo dentro de mim "sangrar" de dor.

— Eu sinto muito, de verdade! — foi tudo o que me restou a ser dito.

Ouvi uma pausa por parte dele e então ele pareceu retornar a linha.

— Ele também era meu! — Murmurou com a voz quebradiça e frágil.

Reuni minha coragem, nos precisávamos conversar pessoalmente.

— Essa conversa precisa ser pessoalmente — eu insisti.
— Eu não vou para NY! — declarou convicto.
— Não precisa, estou dentro de um jato indo para Los Angeles, mas ainda não levantei voo! — Declarei tentando convence-lo e o que obtive em resposta foi uma risada fria e sem humor.

— Não! — Ele negou em um tom apertado.
— Blake, não faça isso por favor... — eu implorei deixando finalmente minhas barreiras caírem.
— Eu não vou pra NY e você não vira para L.A — declarou irredutível.
— Blake... — pronunciei seu nome em uma falha tentativa de convencê-lo a mudar de ideia, eu sabia o que estava perdendo.

— Eu deveria ter te escutado — Ele fez uma breve pausa se auto interrompendo — Você disse que isso não nos traria nada além de sofrimento e tinha razão!

Ele desligou a ligação e nada mais me restou do que se não, finalmente quebrar. Ele havia citado exatamente o que eu havia lhe dito quando nos encontramos em Los Angeles.
Minhas lágrimas rolaram sem permissão e eu me via sem ter ideia do que fazer.

Eu iria para L.A ou ficaria em N.Y?