17. Endereço

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Depois que Cruz me deixou sozinha com meus pensamentos acabei concordando com seus conselhos. Mesmo que eu fizesse um suposto suborno acontecer de maneira que menos deixasse rastros eu sabia que era arriscado. Assassinar uma testemunha não era recomendando também, eu realmente não me importava com essa mulher ou seu filhos e se ela fosse literalmente a única coisa entre meu irmão e sua liberdade, eu a mataria sem piscar mesmo tendo ideia que Kaleb reprovaria minha atitude.
Eu não queria ser conhecida como alguém compreensível ou boa de negociação. Depois que tudo aconteceu eu sabia que ser temida era a resposta. Eles jamais me respeitariam se eu continuasse tratando tudo como se fosse uma maldita política. Eu tentei, tentei tolerar as pequenas facções e ate permiti que interferissem no meu território durante um período. Mas eu havia mudado desde tudo que havia acontecido na Itália.
Tive mais de uma experiência de quase morte, consegui superar todas e agora eu podia afirmar que eu não tinha mais medo de morrer. Ja haviam me tirado muitas pessoas e eu não ia permitir que Kaleb ou Dominic ficassem em risco, de maneira alguma, se eu tivesse que me tornar num monstro para isso, eu me tornaria com todo prazer.

Desabei na cadeira por alguns segundos procurando paz e sentindo as leves pontadas na minha cabeça, abri a gaveta, peguei o frasco e engoli dois comprimidos novamente. Esse processo que era repetido toda vez que eu sentia essa maldita enxaqueca temendo que a dor intensificasse estava me irritando. Eu odiava ter que depender daqueles malditos remédios e me questionava ate quando eu continuaria assim.
Era claro que as vezes a medicação era inútil pois eu a misturava com bebida mas minha sede pelo álcool havia tornando-se impossível de ignorar. Os últimos meses... anos, não foram nada fáceis. Bebidas e cigarros eram as únicas coisas que me mantinham longe das drogas mais pesadas.

Eu não queria fraquejar, não queria ser dependente dessas coisas mas era quase impossível. Eu sequer conseguia me abrir com a merda da psicóloga. Mesmo ela sabendo com o que eu trabalhava, fizemos vários exercícios ridículos de confiança e todos eles foram inúteis. Eu queria ir tanto para Los Angeles, queria tanto ver Tristan. Toda vez que eu ignorava suas ligações meu coração parecia sangrar.
Eu não queria ser essa vadia orgulhosa e fria, mas era preciso.

...

— Você tem alguma informação relevante? — Questionei Dominic, ele abriu um sorriso em confirmação com a cabeça, descruzou um dos braços e fez um sinal para os seguranças que guardavam a porta do escritório. Observei um homem ruivo entrar na sala, ele olhou a sua volta um tanto deslumbrado e desorientado.

— Este é Mac — Dominic me informou — Vamos, pode contar à Victória o que descobriu! — Dominic mandou e o homem deu passos cuidados aproximando-se de nós, o olhei dos pés a cabeça e ficou bastante claro que ele tratava-se de um novato.

5º Avenida, 820. Upper East Side. — O homem nos informou e eu abri um sorriso em contemplação.

— Ótimo! — Respondi e fitei Dominic.

— Pode sair Mac, daqui a pouco eu falo com você! — Dominic informou ao homem que assentiu com a cabeça em resposta e saiu do escritório nos dando privacidade.

— O que essa mulher está tentando?
— Já é a terceira vez que ela muda de endereço — Dominic completou — Ou ela esta tentando te despistar ou está fugindo de alguém! — Ele concluiu, suspirei pesadamente.

— Ela é inteligente e ardilosa, precisamos diminuir a vigilância e tentar ludibria-la de alguma forma.

Foi a vez de Dominic soltar um leve bufar em frustração.

— Não sei se essa é uma boa opção. — Admitiu.
— Por que não?
— Como você mesma disse, Azula não parece ser uma mulher que cometa erros. Tudo que ela faz parece muito bem planejado e pensando, como se ela estivesse dez passos a frente.

Um embrulho na barriga me acertou em cheio e eu me recordei de Patrício, calafrios percorreram pelo meu corpo, senti a raiva subir minha cabeça mas me controlei instantaneamente, a ultima coisa que eu precisava era que meus subordinados soubessem de algum surto desnecessário da minha parte.

— Temos que ter cautela — Deduzi tentando afastar algumas ideias conspiratórias da minha cabeça — Eu deveria ter pelo menos ouvido o que ela queria, talvez isso facilitasse nossa vida! — Resmunguei levemente incomodada com minha pequena falha, mas também eu não era obrigada a escutar aquela megera principalmente depois dela ter aberto a boca pra acusar Kaleb e meu pai descaradamente.

Dissimulada desgraçada.

— Não tente nada Dominic — Avisei conhecendo aquela expressão em seu rosto.
— Nossa prioridade além dos negócios, é livrar Kaleb e dar um fim na maldita investigação desse detetive. Quando tudo isso passar eu quero a cabeça de quem permitiu e autorizou que esse absurdo desenrolasse. — Informei contendo minha fúria e estresse com toda aquela situação. Como se os últimos messes não tivessem sido suficientes.

— Eu trabalho pra você Victória — Dominic rebateu — Não posso simplesmente ignorar se eu descobrir alguma coisa relevante.
— Eu sei seu idiota! — Respondi com raiva — Só estou pedindo que não haja no impulso e que o que, quer que faça... tenha ajuda. Eu não gasto uma fortuna com capangas pra nada.
— Esta certo! — Ele respondeu ignorando meu insulto. Dominic era uma das pessoas mais compreensíveis que eu conhecia, ele provavelmente havia percebido meu estresse e a pressão que aquele detetive de merda me causava não estava ajudando em nada. Sempre me sondando, criando teorias que particularmente se encaixavam muito bem. Eu também tinha pessoas de olho no trabalho dele e ele só não havia perdido o fucking emprego porque levantaria mais suspeitas desnecessárias pra cima da nossa família. A propina que eu pagava aos escrotos dos políticos desse Estado parecia ser inútil.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora