27. Bad News

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De manhã a ressaca e o que havia ocorrido com aquele detetive miserável eram o menor de meus problemas. Fazia uma hora que eu estava sentada no meu escritório insistindo em ligar para Blake. Ele já havia retornado para Los Angeles e como uma forma de punição, era sua vez de ignorar minhas ligações.

— Eu sei que pedir desculpas não vai adiantar nada e eu sei que deveria estar fazendo isso pessoalmente mas... — Parei por um instante e voltei a pegar o celular na mão, apaguei o que seria a minha quadragésima primeira tentativa de mensagem de voz. Eu simplesmente não sabia como me justificar, eu deveria estar indo para Los Angeles, eu queria mas infelizmente por agora Blake não era minha prioridade.

Quando acordei, Dominic me explicou como Blake havia descoberto onde eu estava, eu não culpava Nick... nos últimos meses ele tinha acompanhado a grandíssima escrota que eu virei, ele sempre quis a minha felicidade então eu não o culpava por ter ficado farto das desculpas que eu o obrigava a dar para Tristan. Não o culpava por querer reunir nós dois. Teria sido uma ótima ideia se eu não estivesse tão fodida emocionalmente, de fato, eu era a única culpada pelo que havia acontecido.

Larguei o celular e desisti de mandar a mensagem de voz, apaguei todas e levantei deixando meu escritório. Dominic conversava com algum empregado quando eu surgi do seu lado.

— Não vou perguntar se você esta bem porquê sei que vai mentir na minha cara — Comentou analisando um documento preso a uma caderneta, ele assinou o papel e deu para o funcionário, o homem logo nos deixou e então Dominic virou-se para me encarar.
— Ambos sabemos que eu só estaria respondendo o que você e todo o resto gostaria de ouvir sair da minha boca. — Falei num tom ríspido.
— Eu sou família, não me confunda com os outros. — Me advertiu com uma expressão ofendida.
Eu abri um sorriso sem humor tentando disfarçar — Desculpe é o mau humor!

Dominic suspirou e deu de ombros.
— Você não me disse nada sobre o seu plano com o tal hacker...
— Quando chegar a hora certa, você ficará a par de tudo. Não se preocupe. — Avisei tentando tranquiliza-lo.
— Agora, preciso realizar uma visita inadiável. — Murmurei o deixando sem sequer me despedi, minhas quatro pessoas da mais alta confiança foram comigo, atravessamos a ponte do rio este com o único objetivo de chegar ate a Rickers.

O mesmo processo de sempre, a mesma sala sem privacidade.

Chequei meu relógio de pulso e o guarda finalmente trouxe Kaleb, ele sentou-se no banco de metal e pousou as mãos em cima da mesa.Tinha uma expressão de tranquilidade e paz no rosto. Ele parecia estar bem apesar da privação de luz, liberdade e comida decente.

Eu tinha um plano e só teria a confiança de realizar ele, quando Kaleb estivesse fora daquele inferno.

— Aconteceu alguma coisa? — Ele perguntou e muito provavelmente minha expressão havia lhe entregado a preocupação.
— Preciso que me deixe pagar a fiança! — Falei e ele me olhou com reprovação e levantando-se.
— Eu já falei que se for pra falar desse assunto, melhor que nem venha me visitar! — Me relembrou prestes a chamar o guarda novamente para ir embora.

— Porra Kaleb! — Soquei a mesa com raiva chamando atenção do guarda que nos vigiava, ele acariciou o taser prestes a se aproximaram de nós e provavelmente me conter caso eu fizesse algo estupido mas relevou quando eu fiz um sinal de pare e abri um sorriso sem humor tentando me recompor.

— Esta tudo bem! — Blefei, meu irmão voltou e sentou-se mudando de ideia e resolvendo me dar ouvidos.

— O que foi isso? — Questionou sussurrando.
— Desespero! — Respondi inquieta e olhando para os lados.
— Aconteceu alguma coisa?
— Uma merda épica e agora minha mãe esta me chantageando! — Expliquei.
— O que isso tem haver com a minha fiança? — Ele perguntou.

Suspirei pesadamente e então me aproximei dele.

— West está morto! — Sussurei e ele me encarou surpreso — Se eu não te tirar dessa merda, você morre! — Completei e ele me parecia mais confuso ainda, com o típico olhar de cobrança de satisfação.
— Digamos que ela tenha fabricado uma sólida prova contra nós — Expliquei — Como se West tivesse morrido por mãos amigas! — Sussurrei tentando ser discreta.
— Eu sinto muito ouvir isso — Se lamentou — Mas eu pretendo continuar aqui!

Kaleb falou com convicção e eu controlei todos os meus músculos e minha vontade imensa para não dar uma surra nele ali mesmo com o objetivo de enfiar juízo na sua cabeça dura.

Cruzei meus braços e suspirei fundo.
— Você basicamente esta me dizendo que prefere correr risco de vida? — Questionei com raiva.
— Obvio que não — Ele respondeu — Mas eu não pretendo sair daqui Vic.

Passei a mão no meu rosto de maneira estressada.
— Porque caralho todo mundo resolve complicar a minha vida do nada? — Questionei com raiva.
— Não é minha intenção, desculpa — Ele falou — É só que é o que eu te disse Vic. Me sinto bem pela primeira vez em muito tempo. Ter contato com o mundo externo arruinaria isso.

Olhei ele dos pés a cabeça por alguns segundos. Meus olhos pararam em seu rosto. Kaleb me devolvia uma expressão de curiosidade e confusão.

— Esta mentindo pra mim ou pra si mesmo?
— Hein? — Replicou confuso.
— Ora, vamos... nós dois sabemos que você não esta nada bem. Não importa quantas vezes tente se convencer e ate projete isso em voz alta na falha tentativa de transparecer uma falsa segurança.

— Do que está falando?
— Eu faço isso todos os dias Kaleb, a mim você não engana.

— Faz o que?

— Me levanto todas as manhãs e finjo que estou bem. Que todas as coisas horríveis que aconteceram comigo não me abalam. Eu reverbero na minha mente, mil vezes, na patética tentativa de que se eu pensar ô suficiente talvez isso vire verdade, talvez eu fique bem. — Me perdi por alguns segundos com o desabafo mas logo tornei a mim, reergui minhas muralhas inviáveis rapidamente.

— O que caralhos eu preciso fazer pra você concordar com isso? Eu só quero te manter vivo, estou tentando salvar nós dois aqui — Revelei a ultima parte tão baixo, talvez ele nem tenha escutado, melhor assim.
— Você quer que eu me ajoelhe? Quer me ver implorar? — Questionei me levantando e disposta a fazer. Antes que eu pensasse em dobrar o joelhos, Kaleb chamou o segurança responsável por nos vigiar e pediu para sair dali sem me dar tempo ou vontade de reagir, apenas observei a cena em silêncio.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora