31. Carta na Manga

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— Será que eu posso opinar sobre esse plano? — Don me questionou do banco da frente me encarando.
— Se você tiver um plano melhor, pode! — Respondi irônica e ele continuou me olhando frustrado.
— Meu Deus Vic, de todas as ideias ruins que ja tivemos, essa supera todas!

Seguimos o percurso em silêncio, o motorista abriu a porta do carro para que eu descesse enquanto outros dois capangas carregavam um Cronos adormecido para o porão. Eu os segui, retirei meu telefone descartável do bolso e disquei um número.

— Audra? — Questionei quando a chamada foi atendida.
— Do que você precisa? — Ela questionou.
— Do contato de um dos diretores da CIA — Informei.
— Por que?
Eu soltei uma gargalhada — Você é paga pra fazer o que eu mando, não para fazer perguntas! — Respondi curta e grossa.

— Me de 5 minutos. — Ela pediu.
— Estarei contando! — Falei desligando a ligação.

Me encostei na mesa que ficava no porão e observei enquanto amarravam Cronos sentado em uma cadeira, a fita adesiva cinza tapava a boca do homem. Era um boa oportunidade para acabar com ele de uma vez por todas, mas como nada nessa vida era fácil, obviamente mata-lo me traria grandes consequências.

Escutei o barulho da notificação e desbloqueei o telefone, a mulher havia me mandado o contato por mensagem. Disquei o número e na terceira chamada fui atendida.

— Quem fala? — Ouvi a voz grave do outro lado da linha questionar.
Abri um sorriso — Victória Santori — Pronunciei — Mas a pergunta certa, não deveria ser "Onde diabos esta o meu maldito hacker?" — Sugeri com sarcasmo.
O homem ficou em silêncio por alguns segundos, provavelmente checando se de fato Cronos estava sumido.
— Bem, ele nos deu noticiais meia hora atrás — O homem argumentou e eu gargalhei, peguei o celular e tirei uma foto de Cronos preso a uma cadeira.
— Uma imagem vale mais que mil palavras — Ironizei.
Ouço a risada do homem pelo outro lado da linha.
— Deixa eu ver se entendi, você esta chantageando a maldita CIA? — Ele questionou incrédulo.
— Eu imagino o quão inconveniente seria para as suas investigações caso Cronos simplesmente sumisse — Sugeri e ele se manteve em silêncio, eu sabia o que ele estava fazendo.
— Não precisa se esforçar para me localizar, eu estou em casa — Falei segura.
— O que você pretende aqui Victoria? Primeiro me fornece material para prende-la e agora a sua localização? Cansou da sua vidinha medíocre de mafiosa por acaso? — Disse em tom de petulância tentando me atingir.
— Nós dois sabemos que eu enfiaria uma bala na cabeça do seu hacker antes mesmo que você sonhasse em invadir a minha propriedade.
— Porquê não faz? Ele é descartável! — O homem quis argumentar, mas logo eu percebi o blefe.
— Claro que é, vocês não seriam a CIA se Cronos não fosse descartável. Mas sabe o que eu acho? Eu acho que vocês levariam meses para achar outro hacker tão capaz e maleável como ele. Meses de operação perdidos. Seria inconveniente perde-lo agora, nesse momento. — Conclui.

O homem com seu imenso ego resolveu não dar o braço a perder.
— Vamos falar sobre probabilidades Victória. Você sabe que no melhor do cenários, seria você saindo da sua casa algemada direto pra uma prisão federal. No pior...
Eu soltei uma risada forçada e alta interrompendo-o — Você ainda não me entendeu agente Stack — Soltei uma risada nasalada — Eu já perdi muita gente, muita. Se eu não tiver o que eu quero, eu vou matar Cronos e estou disposta a arcar com as consequências. Eu não vou mais perder ninguém. — Afirmo num tom de ameaça.

Sim eu estava arriscando tudo, era um tiro no escuro.

— Você não teria...
— O que? Coragem? — O interrompi —  Teste, teste a minha maldita coragem.

Em silêncio percebendo que o blefe dele não funcionou, ele continuo.

— O que você quer? — Questionou e eu ri.
— Meu irmão! — Declarei — Quero ele fora da maldita prisão pra hoje, se não, eu coloco uma bala na cabeça do seu maldito hacker.
— Você percebe que esta prestes a ser nosso próximo alvo.
— Bem, eu tenho garantias... eu não teria tido essa ideia idiota se eu não tivesse uma carta na manga.
— Por que não pediu isso para seus amigos do FBI?
— Eu preferi ir no topo da cadeia alimentar.
— Pois muito bem, ate o final do dia seu irmão estará livre e você deixará Cronos sair pela sua porta. Vivo.
— Ótimo — Concordei — Mais uma coisa, eu sei sobre a Alpha Safety, a perguntar que não quer calar é: Como Cronos não sabe sobre isso? Seria tão fácil para ele acabar com qualquer que seja esse acordo entre ele e vocês — Falei desligando a ligação.

Dominic chegou bem na hora em que Cronos começava a abrir os olhos.

— Você chegou bem na hora.

Abatido, o homem abriu os olhos lentamente e logo sua expressão facial foi de quem acaba de acordar de um sono profundo para a mais pura e simples surpresa.
Olhos bem abertos e sobrancelhas arqueadas. Em seguida, ele debateu-se ao perceber que estava preso e com a boca selada.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora