21. Confidencial

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Sentei-me na cadeira confortavelmente mas Audra não parecia nada feliz em me ver, ela encostou-se em seu próprio birô cruzando os braços e me encarando. Ela usava um terninho preto refinado onde havia um crachá do FBI do lado direito exibindo sua identificação.
Ela comprimiu os lábios e então voltou seu olhar para as vidraças que rodeavam seu escritório, que diminuíam consideravelmente a privacidade. Era gigantesco e num dos andares mais altos daquele prédio. O que basicamente era sinônimo de hierarquia.
Ela era vice-presidente da divisão do FBI de Nova York.

— Que droga esta fazendo aqui Victória? — Me questionou com o tom visivelmente irritado.
— Já que você ignora minhas malditas ligações eu vim saber pessoalmente porque eu literalmente estou jogando fora a fortuna que pago a você! — Falei num tom sínico e ela bufou mas manteve um sorriso falso provavelmente para que os funcionários que passassem pelos corredores não suspeitassem caso olhassem diretamente para seu escritório.
Não havia sido a melhor escolha entrar naquele antro e ser vista com ela, poderia gerar suspeitas mas a esse ponto eu sequer me importava mais.

— Eu já falei que estou de mãos atadas em relação a Kaleb — Informou e dessa vez foi minha vez de bufar, mas logo em seguida eu soltei uma risada sem humor.
— Por que será que eu não acredito em uma palavra que sai da sua boca?

Ela descruzou os braços e então puxou a cadeira que estava ao meu lado para sentar-se.

— Eu não posso fazer nada — Insistiu e eu ri com desgosto — Seu irmão escolheu o pior momento pra fazer isso. A procuradoria e o FBI não estão se dando bem, nosso relacionamento esta abalado.

Respirei e balancei minha cabeça em negação.
— Eu não ligo — Falei — Você trabalha pra mim!
— Victória tente entender, eu estou debaixo de um maldito teto de vidro aqui — Ela argumentou e eu me levantei irritada.
— Você sequer estaria debaixo desse teto se não fosse por mim. Você deveria me agradecer Audra e fazer o que eu fucking mando.

Ela levou a mão no rosto em negação e como se estivesse controlando-se para não se estressar assim como eu.

— E eu sou fucking grata a você, mas nesse momento eu não posso fazer nada por Kaleb. — Insistiu — Eu estou sobre muita pressão e se eu pensar em fazer algum movimento que o beneficie, eles cairão em cima de mim e isso prejudicará a situação do seu irmão.

— Do que esta falando?
— Estamos sendo investigados pela procuradoria e o conselho de ética! — Informou.
— INCRÍVEL! — Resmunguei alto pegando minha bolsa que estava na poltrona — Você é inútil pra mim, espero que tenha aproveitado bem a fortuna que eu te pago, porque isso esta prestes a mudar. — Avisei irritada prestes a sair dali.

— Talvez eu não seja tão inútil — Ela falou o que me fez parar automaticamente e acabar me lembrando de Cronos, na verdade, era o outro assunto que eu também pretendia tratar com ela, só que eu havia me esquecido naqueles poucos minutos de conversa. Livrar Kaleb era meu principal objetivo e eu começava a correr contra o tempo. À desgraçada da mulher que se intitulava como minha progenitora havia me dado um prazo. Primeiramente nunca havia passado pela minha cabeça atender suas exigências, não agora, mas em breve ela iria pagar caro por tudo isso.

— Você tem minha atenção! — Falei largando a bolsa no mesmo lugar. Ela abriu um sorriso mais tranquila e contornou o birô abrindo sua gaveta e retirando uma pasta, ela jogou a pasta aberta em cima da mesa.

Havia um grande carimbo indicando que era informação confidencial. Olhei para a foto e o reconheci na hora, peguei a pasta.

— Johnathan Hernandez? — Questionei.
— Você pode tirar algumas fotos, preciso devolver esse arquivo antes que percebam.

E era verdade, eu havia mandando vasculharem tudo daquele homem mas as informações mais importantes sempre eram barradas. Seu arquivo era selado a sete chaves. Me sentei novamente lendo brevemente alguns parágrafos das páginas daquele arquivo.

— Não vejo nada demais — Relatei.
— Pule para as ultimas páginas — Ela aconselhou e assim eu o fiz, comecei a ler as primeiras linhas sem nenhum interesse mas logo elas capturaram minha mais completa atenção, o detetive irritante tinha alguns segredos bem cabeludos.

— O FBI e seu incrível poder de barganha — Comentei com sarcasmo — Espero que isso não volte pra mim! — Ela comentou e eu gargalhei, tirei algumas fotos das páginas e então devolvi a pasta a mesa.
— Por favor, é o mínimo que você pode fazer! — Rebati seu comentário receoso com ironia, novamente peguei minha bolsa prestes a deixar aquele escritório.

— Ah, só mais uma coisa... preciso que me ponha em contato com Cronos! — Avisei de costas para ela.
— Cronos? — Audra repetiu, fazendo-se de desentendida. Apesar de eu não estar olhando para sua cara, seu tom de voz me indicava e mesmo que eu estivesse errada, ela ia ter que desenrolar aquilo, já estava em débito comigo.
— Não se faça de sonsa Audra, você tem dois dias, se não conseguir... garanto que não irá gostar das consequências — Ameacei alcançando o trinco da porta e deixando seu escritório.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora