Bônus Kaleb

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Autora POV

Ao entornar o que restava da garrafa de uísque barato na boca, o mais velho dos Santori arremessou o frasco vazio do outro lado ignorando o barulho dos cacos sendo quebrados, olhou para o céu de Monte Carlo que o cobria, repleto de estrelas tornando aquela rua menos esquisita, a madrugada era silenciosa e graças ao efeito do álcool Kaleb tentava encontrar um mísero equilíbrio para conseguir subir aquela ladeira e chegar em seu hotel.
Habilmente pensou em encostar-se nos muros e orientar sua subida através do mesmo, a rua estava vazia, as luzes das casas apagadas e não havia sequer uma alma viva na rua.
Manteve seus passos devagar e ponderou se deveria virar à esquerda pois o álcool estava afetando gravemente seu discernimento, resolveu seguir reto até ter uma leve impressão de ser seguido, olhou para trás e não viu ninguém... culpou a desconfiança na bebida e seguiu seu caminho até chegar em uma calçada onde haviam degraus, amaldiçoou com todas as forças possíveis o engenheiro daquela cidade, aquelas escadas ali eram completamente inúteis e provavelmente deveriam prejudicar a vida de cadeirantes.

Agarrando-se a parede subiu os degraus e novamente aquela sensação de estar sendo observado o tomou, olhou para trás e lá no final da rua enxergou algo que parecia ser uma pessoa vestida dos pés a cabeça de preto, o capuz do moletom que usava impedia que Kaleb pudesse distinguir entre homem ou mulher. Se arrependeu de ter bebido tanto, queria acreditar fortemente que aquilo não tratava-se de uma coincidência mas graças aos últimos acontecimentos não poderia se permitir ser ingênuo, mesmo alcoolizado acelerou os passos entrando em ruas aleatórias afim de despistar quem quer que estivesse o seguindo, havia despistado a pessoa a umas duas ruas atrás e mesmo assim entrou em uma terceira aleatória acabando em um pequeno beco lotado de comércios, encontrou uma pizzaria, único estabelecimento aberto aquela hora e resolveu sentar-se em uma das mesinhas que ficavam ali fora, suspirou perguntando-se intimamente o que estava fazendo, ponderando se já não era hora de dar notícias.

Antes mesmo que viessem o atender, Kaleb abriu a carteira, havia gostado tudo com bebidas como sempre. Levantou-se frustado e entrou no comércio afim de pedir informações, ele precisava ficar sóbrio para tornar ao hotel.

(...)

Novamente se pegava no dilema, entre dar noticias ou deixar as coisas seguirem seu fluxo. Não sabia muito bem o que podia fazer no seu atual estado, quebrado emocionalmente e com o desejo de vingança lhe correndo vivo. Não sabia se Victória estava viva mas sabia que o demônio que tinha como irmão havia assassinado Nádia e seu tio.
Tratou de catar à mixaria que restava no quarto do hotel e comprar um celular pré-pago, resolveu ligar para Blake, já estava na hora de parar de sentir-se impotente e começar a fazer algum tipo de diferença.

Discou o número que por incrível que pareça havia conseguido memorizar antes de destruir seu antigo celular, ate porque, falar com Tristan parecia uma imensa tarefa... ele nem sabia se Dominic estava vivo, tinha uma leve noção de como estava Nova York.

— Blake? — Falou ao perceber que foi atendido.
— Quem é? — Blake retrucou e Kaleb percebeu a leve irritação no tom do "aliado".
Ele respirou fundo criando coragem — Kaleb! — Informou com receio da resposta de Blake.

— O que você quer? — Sentiu a dureza de Tristan atravessar seu corpo como se esclarecesse que ele não tinha mais nenhum direito.

Bufou de frustração novamente — Fui uma ideia estupida ligar! — Constatou prestes a desligar a ligação.
— Dominic tem procurado você — Tristan o informou — Eu vou mandar o número, não me incomode mais... para mim, você não passa de um filho da puta covarde! — Blake disse desligando a ligação.

Kaleb pousou o celular na mesa e segundos depois a mensagem de Tristan com o número havia chegado, antes de voltar a telar o celular, perguntou se valia a pena tentar se aproximar, no que exatamente ele seria útil? Afinal, ele estava no fundo do poço, não tinha mais nenhuma influência e seus dias se dividiam entre encher a cara e passar horas nos cassinos de Monte Carlo gastando os último centavos que lhe restavam mas resolveu insistir pois o mínimo que poderia escutar seria um não, ligou para o número informado por Blake.

— Finalmente você resolveu aparecer! — Dominic constatou ao atender sua ligação.
— O que eu perdi?
— Sua irmã esta gravida... e para completar, nas mãos de Lorenzo!

O mais velho dos Santori levantou-se sentindo ódio lhe subir, não... pela segunda vez ele não ia permitir que Lorenzo estragasse a vida de outra pessoa como estragou a sua.

— Estou indo para NY! — Afirmou destemido.
— Eu estou em Los Angeles! — Dominic lhe avisou.
— Estou indo.
— Eu acho que o Blake não vai gostar muito de tê-lo por aqui...
— Foda-se o Blake! — Kaleb constatou — É o meu sobrinho!

Desligou a ligação de Dominic traçando algum estratégia que lhe rendesse um lucro rápido, ele sabia que não tinha aquele direito mas ia lutar com garras e dentes se fosse preciso.

III Livro Mafiosa - Imprescindível  (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora