7. Sede de Chá

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— Meu Deus, Simone. Eu acho que... Acho que estou sem palavras. — A loira levantou as sobrancelhas, numa expressão genuína de surpresa. — Obrigada por me defender, eu nem cheguei a ver essa tal matéria sensacionalista... Graças a você. Eu só sinto muito que isso tenha causado problemas no seu casamento.

A loira usou o polegar para acariciar o rosto de Simone, que fechou os olhos enquanto um sorriso fraco surgia em seus lábios. A mais velha deu um beijo rápido na mão que a acariciava, e passou a encarar Soraya.

— Depois disso nós não tocamos mais no assunto... Até o debate da Band acontecer, e eu deixar escapar que havia sido sua professora. — Ela não deixou escapar, cada palavra tinha sido calculada. Naquele dia, Tebet quis, por um momento, imaginar como seriam as coisas se não existisse um casamento ao qual ela devia fidelidade. Foi uma forma não tão explícita de expressar o que sentia. — Ele não ficou nada feliz com isso, como era de se esperar, principalmente por conta dos elogios que também não pude evitar de fazer...

Soraya não conseguiu deixar de esboçar um sorrisinho ao se lembrar daquele momento, de como ficou desconcertada com os elogios que recebeu de sua antiga professora em plena rede nacional. Apesar de, no geral, a loira saber o quanto aquilo era errado, ela estava tentada a se deixar levar pelo erro.

— Mas, vocês tiveram outra briga? — O semblante da mais jovem não revelava grande preocupação, apesar de ela estar mesmo preocupada.

— Ele quis dar início a uma discussão, e o dia tinha sido tão exaustivo, eu estava tão cansada e sem paciência, que apenas falei que daria o divórcio se ele quisesse.

Soraya ficou boquiaberta ao ouvir as palavras da mulher, ela não estava esperando por isso.

— Simone, não acredito! E o que ele disse?

Quando deu a sugestão ao marido, Tebet tinha quase certeza de que ele não iria aceitar, e por isso teve coragem de arriscar. Ela estava blefando, e não contava com o que realmente aconteceu.

— Nós discutimos mais um pouco, até entrarmos em acordo de que seria melhor que déssemos um tempo. Não é uma separação, é só... Um tempo. — A mulher mais velha concluiu, e fechou a expressão, se dispersando em pensamentos.

— Não imagino como isso deve estar sendo difícil pra você... — Soraya não sabia exatamente o que dizer.

Simone voltou a prestar atenção na loira de um metro e meio ao seu lado, e a encarou com uma expressão tranquila.

— Sabe que não está sendo difícil, muito pelo contrário. — Agora foi a morena que usou a mão livre para tocar a bochecha corada da outra. — Soraya, você não tem ideia do quanto eu esperei por isso... Do quanto eu esperei por um momento que nunca achei que fosse realmente acontecer.

A mais nova sentiu seu coração cambalear dentro do peito, e sorriu de orelha a orelha. Sorriso esse, que seria capaz de iluminar absolutamente qualquer escuridão, Tebet tem plena certeza disso. Os olhos da mais velha brilhavam enquanto ela observava cada traço presente no rosto de sua ex-aluna, querendo gravar cada detalhe em sua memória.

Soraya decidiu que, pelo menos por algumas horas, ou talvez alguns dias, ela esqueceria de tudo que não tivesse a ver com a mulher com quem estava dividindo o espaço. Não havia outro lugar melhor agora, ao menos não em que ela quisesse estar.

Thronicke quebrou a distância entre as duas, usando suas mãos para segurar o rosto de Simone. Antes que os beijos começassem, a loira envolveu a cintura da mulher com suas pernas, sentando em seu colo, e precisou segurar um gemido ao sentir os apertos em uma de suas coxas. Soraya ainda estava completamente vestida, e sentiu a mão direita da mais velha seguir um caminho devagar por cima do tecido, passando por seu abdômen, tocando seu seio, até chegar ao seu pescoço. As duas se encararam profundamente, até que Tebet segurou as madeixas loiras, finalmente fazendo com que seus lábios se tocassem delicadamente, como se estivessem se beijando pela primeira vez.

Musas de Direita - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora