As breves, mas significativas palavras que saíram pela boca de Soraya, atingiram Simone em cheio. A mulher mais velha demorou um pouco até conseguir processar, de fato, o que havia acabado de ouvir. Seu coração, obviamente, se encheu de alegria, mas ela não conseguiu ignorar o receio que também se adentrou em seu peito. Algumas dúvidas pairavam por sua cabeça, e ela precisava esclarecer todas elas, antes de permitir ter seu coração tomado novamente, pela mulher que o havia partido há algumas horas.
— Soraya, não deve ter pouco mais de vinte e quatro horas desde que você me acusou de querer destruir seu casamento. — Tebet lembrou, com o semblante carregado de incerteza. — O que mudou em tão pouco tempo? O que aconteceu quando seu marido chegou ao seu quarto?
Essa não era, exatamente, a reação que Thronicke estava esperando ao se declarar, mas, ela entendia o lado da mulher, é claro. Além de que ela tinha consciência da sorte que teve em não ter sido apagada da vida de Simone, após toda a instabilidade que demonstrou. Ela quebrou o contato de suas mãos e acomodou as costas no encosto do banco, enquanto sua mente trabalhava em busca de como poderia lidar com a situação. Sem sombra de dúvidas, ela não se sentia nada à vontade para falar sobre as revelações que ouviu da boca do marido. A humilhação era incômoda demais para ela, "São vinte anos de infidelidade.", era tudo o que se passava por sua cabeça, e a mesma não sabia como responder a pergunta da outra mulher.
— Bom, eu... Caí na real?
Tebet continuou com o semblante confuso, esperando que a loira continuasse a falar, coisa que não aconteceu.
— Uma simples visita do seu marido fez com que você "caísse na real"? — A mais velha soltou o cinto de segurança e ajeitou a postura, cruzando as pernas.
— Sim, foi exatamente isso o que aconteceu. — Soraya reforçou.
Impaciente, Simone perguntou:
— Soraya, aconteceu algo, e você não quer falar sobre isso, não é? — A loira assentiu com a cabeça. — Pois bem, eu preciso que você fale.
Thronicke voltou a se aproximar da mulher, fazendo com que os joelhos se tocassem, mas nada além disso.
— E eu preciso que você me beije. — A loira permaneceu encarando a mulher como uma onça à espreita.
Tebet soltou uma risada incrédula e revirou os olhos, tendo ali a certeza de que Soraya estava doida para testar sua paciência.
— Certo, um beijo, e em troca, você me conta o que aconteceu entre vocês dois.
Claramente a mais velha estava sendo irônica, mas Soraya levou suas palavras a sério, impulsionando seu corpo sobre o dela. Quando os rostos estavam próximos, com uma sendo capaz de sentir a respiração da outra, Simone segurou o pulso de sua ex-aluna com uma de suas mãos, enquanto colocou a outra sobre seu seio direito, para impedir que a distância entre elas fosse quebrada — e para provocar, é lógico. Ela até deixou que a loira roçasse os lábios nos dela, mas logo a empurrou, com cuidado, de volta ao assento de couro branco.
— Simone, por que fez isso? — Soraya questionou, sem conseguir disfarçar a frustração em sua voz e o bico em seus lábios.
— Porque eu quero que seja honesta comigo, Soraya. O que aconteceu de tão grave que não possa me contar?
De repente, a loira se deu conta de que sua atitude estava muito semelhante a de seu marido, que ficou a enrolando, desnecessariamente. No fim, a verdade, sempre será a verdade, mesmo que demore segundos, minutos, dias, meses ou até anos, para que seja revelada.
— Carlos César é gay. — A mulher contou, num fôlego só. — Por isso ele apareceu lá ontem.
A expressão que surgiu no rosto de Tebet, era impagável. Por um momento, ela não soube se sentia vontade de rir de verdade, ou de nervoso, e acabou rindo de qualquer forma.
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Musas de Direita - Simone e Soraya
Romance+18. Simone e Soraya, as apaixonantes e apaixonadas musas da direita brasileira, se envolvem numa paixão e num mistério. Pode ser que tudo acabe em família. Tudo fanfic, nada de compromisso com a realidade.