O ano de dois mil e vinte e três já se encontrava em sua segunda semana de janeiro. Era segunda-feira e Simone Tebet e Soraya Thronicke estavam de volta a Brasília. Aos suspiros irritados, a mais velha estava separando as folhas para passar o chá que ela tanto gostava de beber pela manhã, tendo a certeza de que dessa vez ela precisaria de um tipo de folha que pudesse acalmar seus nervos.
— Querida, por que não pega folhas novas? Você já está reutilizando essas pela quarta vez. — Soraya questionou a noiva, voltando a assoprar seu café preto.
Tebet, com cara de poucos amigos, tirou a chaleira do fogo e retrucou:
— Diferente de você, eu me preocupo com o meio ambiente.
— E desde quando eu não me importo com o meio ambiente, senhora dona de gados?
Simone pensou em rebater novamente, mas apenas a encarou, sem muitas expressões.
— Que horas você vai pro Senado? — Ela desconversou, e voltou o olhar para sua xícara.
— Agora mesmo. — Soraya não entendeu muito bem o por que Simone parecia estar irritadiça, e apesar de querer descobrir, optou por não perguntar. — Se quiser conversar depois, é só me chamar, meu amor.
Soraya se levanta, dá um beijo na bochecha de Simone, e parte para o lavabo, se perguntando se ela teria uma escova de dentes por lá. Tebet não estava esperando que a loira seria tão gentil diante da grosseria, e o peso da culpa pesa em sua consciência, mas ela decide apenas ficar quieta e beber seu chá.
Não demorou muito até a porta da sala ser aberta, e assim que Soraya saiu, Carlos César entrou.
— Bom dia, Tebet! Só vim buscar aquele meu temporizador. — O homem apareceu com seu avental estampado com o abdômen trincado de um antigo ícone da revista G Magazine. — Ih, que cara é essa?
— Estou irritada, César. Estou irritada, acabei sendo grosseira com a Soraya de graça, e ela, em compensação, foi doce comigo. Agora estou irritada e envergonhada.
— Credo, Tebet. Sem motivo? — Ela acena com a cabeça enquanto dá um gole na bebida quente. — Será que não são as folhas velhas desse seu chá que estão te deixando meio biruta?
— O temporizador tá dentro do armário em cima do micro-ondas. — Ela informou, ignorando a fala do amigo.
Ele abriu as portas do armário e suspirou frustrado ao encontrar apenas o temporizador cinza e sem graça.
— Não é esse! É aquele de vaquinha.
— Ah, não sei onde está, César. — Ela responde, batendo os dedos contra o queixo. — Cada vez mais eu tenho certeza de que a Soraya só é brega porque conviveu com você por muitos anos.
— Vou fingir que não ouvi o que você disse, Tebet. — Carlos César levou a mão ao peito, fingindo estar ofendido, e voltou a procurar, abrindo e fechando a porta de todos os armários. — Achei!
— Não vai cozinhar aqui hoje? — Simone puxou assunto antes que César saísse.
O homem sempre ia até o apartamento que agora pertencia às duas mulheres, para cozinhar, e por isso Simone ficou curiosa sobre o que o amigo poderia estar aprontando.
— Hoje a Sylvia está lá ajudando a Isabela a fazer aqueles alongamentos, aquele tipo de coisa pra grávida, você deve saber... A Maria Fernanda vem para o almoço e o Dudu também, não quer se juntar a nós?
Quando ouviu o apelido sair da boca de Carlos César, Simone levantou uma sobrancelha.
— Dudu? Que intimidade é essa, César?
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Musas de Direita - Simone e Soraya
Romance+18. Simone e Soraya, as apaixonantes e apaixonadas musas da direita brasileira, se envolvem numa paixão e num mistério. Pode ser que tudo acabe em família. Tudo fanfic, nada de compromisso com a realidade.